Desista. Comece entendendo apenas esta palavra: desista.
Tem coisa que é simplesmente impossível descobrir ou desvendar. Portanto, simplesmente desista de tentar entender ou encontrar a resposta para uma questão tão simples: “Quem Sou Eu.”
Outra coisa importante: Não confunda.
Não confundir o que? Não confundir as palavras com o caráter. Não confundir a capa com o conteúdo. Não confundir a cor das águas com a verdadeira profundidade do oceano.
Não me confunda... não sou nenhuma de minhas personagens... mas sou todas elas vivendo ao mesmo tempo.
Elas são transparentes e misteriosas; espertas e fáceis de enganar; malévolas e benévolas; místicas e tradicionalmente sacras; não se importam com o mundo e caridosas; inteligentes e burras; crêem no destino e, às vezes, na simples e pura coincidência e, até mesmo, na providência; se apaixonam fácil e nunca encontram amor; são fortes e frágeis; choram quando querem rir e gargalham diante do pranto; são heróis, são vilãs; são deuses e pobres mortais; são mártires e carrascos; informatizadas que empunham espadas e escudos; entregariam seu próprio corpo em sacrifício e sacrificariam um mundo inteiro. São artistas, intelectuais, leitores que nunca leram um único livro; organizadoramente desleixados. caminhas pela chuva esperando encontrar um raio de sol ou procuram nas gotas da tempestade o perfeito disfarce para seu pranto.
Onde estou entre tantas personagens? Em nenhum lugar e, ao mesmo tempo, em todas as linhas que as descrevo. Cada traço de caráter expressado num rosto jovem ou nas marcas fortes de uma face recheada de experiência. Em cada lágrima contida, aquela que deita sobre o rosto uma única gota como um cristal. Ali estou eu. Ali sou eu. Numa lágrima e, também, num sorriso.
Quem sou eu? Desista e, por favor, não me confunda. Não sou ninguém que você conheça e mesmo que você olhe dentro dos meus olhos, ali eu não estarei. Ali, talvez, não serei eu.