O vendaval a rosa graceja. Ela tímida verga, rubra, linda... E num ímpeto de pura paixão ele a beija...
O amor e a rosa. Encantam-me: suas cores, seus olores, suas formas. ¿Mas por que machuca? ¿Por que os espinhos?
O espinho me fere a mão. O sangue pinga, pinga, pinga... e se mistura ao sal que mana de meu olhar. ¿É o espinho que me fere ou é a rosa que me lacera o coração? ¿É a rosa que tem espinhos ou os espinhos que têm uma rosa?
Quando o anjo triste senta ao meu lado, vejo a rosa ter espinhos. Quando ele sorri vejo o contrário.
Mais um outono a arribar, mais um verão se vai, e eu roto, em cinzas, extenuado, náufrago neste gélido mar. Venha então vento outonal, espalha estes restos de mim. Já pensei em não mais procurar, já pensei em desistir... Mas há uma voz, uma voz poderosa, que em meus ouvidos vem murmulhar: “Eis o enigma: o amor oscila entre a luz e a sombra, mas nunca é treva. O amor deixa em dúvidas, mas nunca o congela, ele é a força motriz do seu caminhar. O amor é crível, pode fechar os olhos e se entregar. O amor vive no sonho, viva a sonhar. O amor é a rosa, a vida o espinho. Sem espinho não é autêntica rosa, e não é verdadeiro amor se não sangrar”.
Imagens: 1) Rosa branca do acervo pessoal da escritora DTL Gonçalves;
2) Demais imagens obtidas da internet, todos os créditos e agradecimentos aos seus criadores e proprietários.