Era uma vez um velho príncipe que morava sozinho num velho castelo. Não era belo, mas achava que era. Não era jovem nem de cabeça, mas achava que era.
Sua ocupação, entre um "fazer nada" e outro "fazer nada" era paquerar todas as mocinhas carentes da vizinhança. Preferia as feias por julgar que eram mais fiéis.
Só que lá no fundinho do seu coração, o nosso príncipe tinha um amor secreto: amava uma linda princesa de cabelos dourados e olhos claros, que vivia numa outra aldeia. No entanto, temendo ser rejeitado, jamais teve coragem de confessar seu amor.
Tudo ia bem até que numa das suas investidas, surgiu uma demente. Uma coisa feia, estranha, bem ao gosto do dono da velha casa e que transformou a vida da bela princesa num inferno.
Numa noite de trovoada então, para poupar sua amada, ele olhou para si mesmo, abriu portas e janelas, deixou o vento arejar o castelo (cheio de bolor) e simplesmente desapareceu.
A louca, enlouqueceu de vez e passou a perambular pelos trilhos da velha ferrovia.
Reza a lenda que ainda hoje, séculos depois, ouvem-se sons de beijos pelas ruínas ditas assombradas, do velho castelo do velho príncipe.
