Análise de A rosa da encosta

A ROSA DA ENCOSTA

I

Minha Rosa

Plantei uma rosa no pé da encosta.

Lá ela cresceu,

e aos meus cuidados se desenvolveu

como ninfa preciosa.

Plantei um sonho no pé da encosta,

nele investi minha vida.

Como amei minha rosa!

Passei a viver para ela,

assim como a Lua vive para a noite,

e como as aves vivem para o céu.

Devotei-lhe toda a minha afeição.

Rosa da encosta,

seu perfume extasiou-me!

Suas pétalas tão delicadas

suavizavam-me as passadas.

Rosa da encosta,

como velei por ti!

Nunca recusaste meus carinhos,

nunca te recusei atenção.

Vivi para fortalecer tuas raízes, e me esforcei

para satisfazer todos os teus caprichos.

Encantei-me pela tua fragilidade.

No pé da encosta plantei uma rosa,

porém, que desilusão!

Outro alguém a colheu.

II

A Rosa Triste

Ela leva uma vida infeliz e solitária,

longe do mundo que a viu florescer.

Enclausurada por quem dizia amá-la.

Quase nada resta da antiga beleza

que envolvia os homens

numa espécie de encantamento

e fazia as mulheres suspirarem,

num misto de inveja e admiração.

Aos poucos a flor vai definhando.

A morte lhe parece certa.

Rosa triste e acabada: está murchando.

Logo que chegara fora imediatamente escondida

para que não mais pudesse ser admirada por outros.

É fato, ele, com seu sentimento egoísta,

a desejava apenas para si.

Mas, um bem mal adquirido não se aproveita.

Enfim a rosa triste faleceu.

A rosa que crescera livre e bem cuidada,

morreu de tédio, aprisionada.

Fora vítima de um sedutor?

Ou quem sabe raptor?

Pobre poeta espoliado!

Com o desenlace da rosa,

adoecera de forma funesta,

por causa desse seu amor.

III

Nova Florada

A paisagem bucólica é um convite à simplicidade.

Os pastores atentos cuidam de seus rebanhos.

Sorvendo a aragem da manhã, ele parece remoçado.

De fato, é agora quase um menino.

Aquele seu amor continua puro,

e no momento, ainda mais bonito.

Numa nova oportunidade bem aproveitada,

ela despiu-se de todo aquele sentimento orgulhoso,

lapidada que fora pelo sofrimento.

O poeta pastor continua a amá-la.

A rosa caprichosa de outrora não existe mais.

A flor de agora não é guardada por espinhos.

Generosa, distribui mil carinhos.

Ambos recuperaram o que para sempre parecia perdido.

Plantei uma rosa no pé da encosta,

mas sem os meus cuidados ela adoeceu

e sem o meu amor a flor morreu.

Em tua nova floração ficaste órfã dos meus cuidados,

e cuidada que foste pela Mãe Natureza,

aprendeste finalmente a valorizar nosso amor.

Sossegue, ó minha meiga camponesa flor!

Por bondade Divina as experiências amargas

não mais necessitarão ser repetidas.

Hoje tu vives feliz entre as belas margaridas.