Suicídio no Brasil
A mídia brasileira divulga incansavelmente notícias que envolvem corrupção, desmandos, crimes, banalidades da vida alheia, doenças como febre amarela, dengue...
Há, porém, uma situação que vem sendo esquecida não só pela mídia, como pela sociedade brasileira como um todo: o suicídio no Brasil.
Notável artigo escrito pelo jornalista André Trigueiro e publicado no jornal Folha Espírita – mês de Janeiro/2008, mostra essa triste realidade. Compartilho com o leitor alguns dados pesquisados por Trigueiro:
O Brasil está entre os dez países do mundo no ranking do suicídio, cerca de 8.000 casos por ano. Acrescente-se a isso que muitas mortes não são registradas como suicídio, sem contar as tentativas infrutíferas de auto extermínio, que, segundo Trigueiro, acontecem em uma esfera dez vezes superior aos casos consumados.
O suicídio está vinculado a falta de informação. As pessoas que tentam ou consumam o auto extermínio não têm conhecimento da imortalidade da alma, tampouco das conseqüências desastrosas dessa atitude. Consideram que a vida se extingue com o findar do corpo físico, e por isso vêem no suicídio a saída para seus problemas. O cansaço da vida promovido pelo vazio existencial coloca muitas pessoas na rota direta do suicídio. Há muita gente vivendo por viver, sem objetivos, sem brilho nos olhos, sem sonhos...
Criaturas que frustram-se por pouco e encaram as provas da existência como castigo divino, com isso sentem-se desprezadas, angustiadas, acabrunhadas. Despreparadas para enfrentar os pedagógicos caminhos da jornada humana não têm paciência de encarar desafios. Querem colocar fim no que julgam ser um sofrimento interminável. Alguns casos na região de Bauru mostram que, muitos jovens colocaram fim na vida por motivos banais, cicatrizes que o tempo, esse senhor soberano, trata de curar, como término de namoro, por exemplo. E dado entristecedor: o suicídio já é uma das três principais causas de morte envolvendo jovens que estão entre os 15 e 34 anos.
E para complicar mídia e sociedade não abraçam a causa dos desajustes humanos como deveriam abraçar. Depressão, angustia, receios, melhor qualidade de vida são assuntos que obrigatoriamente deveriam estar na pauta de debates por parte da mídia, governo e sociedade de uma forma geral.
Mas, infelizmente não é isso o que acontece. Abre-se espaço em horário nobre para bisbilhotar a vida alheia, futilidades que levam do nada ao lugar nenhum, mas esquece-se de que naquele mesmo horário há muita gente vivenciando sofrimentos de todos os matizes. Poderíamos utilizar melhor o tempo. Sim, caro leitor, quando uma sociedade emprega bem seu tempo, há menos tristezas, menos sofrimentos, menos injustiças. Poderíamos, por exemplo, evitar que seres humanos cometam a loucura de exterminar a própria vida porque ignoram a imortalidade da alma. Por isso o Espiritismo cumpre função social das mais importantes. Aliás, o espírita tem essa função social: a de divulgar o Espiritismo para a educação da alma humana. Não quero aqui mostrar que o Espiritismo é dono exclusivo da verdade, nada disso. Quero apenas salientar que, ao ensinar que a vida continua, que o espírito prosseguirá com suas conquistas, mas também com suas dificuldades além dessa vida material, o ensino espírita colabora de forma decisiva para que a criatura humana saiba que o suicídio não resolve problema algum, ao contrário, apenas agrava.
Quando todos souberem que as dificuldades são passageiras e que podem significar passaporte para uma vida melhor, o número de suicídios terá drástica redução. Dificilmente teremos jovens que atentam contra a própria existência porque a namorada colocou fim ao namoro. Não teremos mais pessoas tentando se auto exterminar por causa de problemas financeiros, nem criaturas à beira da loucura porque a vida não lhes dá de mão beijada o que pretendem.
O assunto referente ao suicídio deve ser debatido, a sociedade tem de se mobilizar, informações devem ser transmitidas, o espaço precisa ser concedido. São vidas humanas em jogo. Ou nos mobilizamos agora, ou o número de suicídios aumentará. Ou psiquiatras, religiosos, psicólogos, jornalistas e nós da sociedade nos mobilizamos para tratar o assunto com a gravidade que ele merece, ou nosso Brasil terá a triste alcunha de: O país do suicídio.
Pensemos nisso