A Gioconda do Subúrbio
A Bela Lindonéia, a Gioconda do Subúrbio de Rubens Gercheman (1942-2008) foi “alusiva a uma leitora de fotos novelas”, que faleceu jovem, aos 18 anos, “sem encontrar um amor” (Ruy Castro). A música “Lindonéia”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil (1968) foi inspirada na obra de Gercheman.
A obra, raramente vista, por ser de coleção particular, reflete o rosto do espectador. Em seu suporte espelhado, dentro da moldura alaranjada, o rosto do espectador se mistura com a figura feminina da obra. A pintura, que traz uma significância abrasileirada da “Mona Lisa de Da Vinci”, traz marcas no rosto. As marcas no lado esquerdo do rosto e na parte de baixo do lábio inferior confunde o espectador, se é sombra ou marcas de violência, já que a “Bela Lindonéia ou a Gioconda do Subúrbio” morreu tão cedo, sem ter conhecido um verdadeiro amor.
A obra, que inspirou a música “Lindonéia”, interpretada por Nara Leão, traz a miscigenação brasileira, fala da violência doméstica, feminicídio, violência social e o silêncio, individual ou por repressão, diante do sofrimento. O reflexo de quem olha para a obra faz lembrar que o espectador é cúmplice ou responsável por impedir a dor.
Tanto a obra, pintada em 1966, quanto a música, escrita em 1968, traz um reflexo dos acontecimentos da época e o comportamento, individual e da sociedade naquele contexto. Ambos são verdadeira denúncia do comportamento perverso das autoridades policiais daquela época.
Referência:
Digestivo Cultural; O Enigma de Lindonéia; Antônio do Amaral Rocha, 2018
Famosos que partiram - Ruy Castro: www.famososquepartiram.com/2011/02/rubens-gerchman.html
Lindonéia – Canção de Caetano Veloso e Gilberto Gil (1968)