Existencialismo

Temos afirmado que todas as ciências têm suas origens na filosofia, e o Existencialismo é o melhor exemplo desse mutualismo e até da simbiose formada ao longo do tempo visto que ele ainda está com um pé na filosofia e outro na psicologia.

A rigor, o Existencialismo, enquanto filosofia, foi mais um pensamento do que uma corrente filosófica. Esse pensamento com forte influência socrática surgiu dentro da Escola Cínica fundada por Antístenes 444/365. a.C.

Os cínicos se consideravam cidadãos do mundo, não admitiam a separação das pessoas por classes sociais, por limites territoriais, nacionalidade e muito menos a escravidão.

O Cinismo teve sua expressão máxima na figura do controvertido Diógenes de Sinope 413/323 a.C. Esse folclórico filósofo morava dentro de um barril e foi o que deu exemplo e vida ao pensamento existencialista

Diógenes pregava a igualdade entre a mulher e o homem e dizia que o homem é um ser universal que não pode ser separado por fronteiras nem por cidadania. Negava o sagrado e seus seguidores foram denominados filósofos de barril.

A partir de Diógenes, o existencialismo como pensamento filosófico permeou as dialéticas pós socráticas, neo platônicas e seguiu clandestinamente pelas trilhas da história e da filosofia para ressurgir bem mais tarde.

A Escolástica trouxe a Inquisição, o Renascimento trouxe o Iluminismo, e o Humanismo trouxe de volta o Existencialismo.

Jean Jacques Rousseau 1712/1778 foi um dos filósofos precursores do Humanismo e um dos primeiros existencialistas. Ele comungava com as idéias dos filósofos de barril e dizia que todos os homens nascem livres.

Para Rousseau o homem pode encontrar Deus por si mesmo e, como Diógenes, também dizia que a terra não pertence a ninguém. Sua principal obra é Discurso sobre a origem e os fundamentos das desigualdades entre os homens. Influenciou o Iluminismo Francês e as revoluções liberais como Marxismo e Anarquismo.

Na corrente do existencialismo nascente surge Soren Aabye Kierkegaard 1813/1855, filósofo, teólogo, humanista e existencialista dinamarquês que ensinava que cada pessoa deve viver conforme suas próprias escolhas.

Considerado o fundador da ontologia o filósofo alemão Martin Heidegger 1889/1976, é um dos pensadores fundamentais da filosofia existencialista do século XX.

A fenomenologia heidegeriana se consolida com a publicação de “O Ser e o tempo” que para muitos é uma obra quase impossível de ler e igualmente de se compreender.

Na mesma época 1889/1973 surge o também filósofo existencialista Gabriel Honoré Marcel, conferencista, fenomenologista, músico, dramaturgo e espiritualista.

Marcel defende a paternidade criativa e a adoção. O contato com a morte na guerra o transformou num metafísico e espiritualista convicto. Sua principal obra, O Diário Metafísico.

Jean Paul Sartre 1905/1980 egresso da escola humanista é, em nossa opinião, o ultimo filósofo existencialista e o primeiro psicólogo existencialista. Como filósofo proclamou a total liberdade do ser humano e como ateu disse que Deus não existe e que o homem está abandonado.

Como podemos observar o existencialismo filosófico, o humanismo e o existencialismo psicológico por vezes se confundem visto que todas essas correntes ou pensamentos pregam a liberdade, a isenção de preconceitos e de normas morais exageradas.

Assim para que possamos compreender melhor o que é o existencialismo, sua origem e variantes é necessário separar cada corrente, explicar o que uma tem a ver com a outra e o objetivo de cada uma.

O existencialismo filosófico é um pensamento criado por Diógenes de Sinope que prega a liberdade total do homem tanto de movimentação como do modo de vida. Esse pensamento foi seguido pelos seus discípulos e por muitos outros filósofos.

O Humanismo tem suas bases do existencialismo filosófico e foi um movimento de valorização do homem, que se seguiu ao iluminismo. Entre os precursores do Humanismo estão Marsílio Ficino e Giordano Bruno seguidos mais tarde por Carl Rogers, Abraham Maslow e outros. Esse período foi marcado pela retomada da cultura clássica que coloca o ser humano no centro das atenções.

O existencialismo psicológico é uma corrente do humanismo que procura colocar o homem como senhor da sua existência e se preocupa com as suas necessidades, emoções e comportamento.

A maior expressão dessa corrente foi, sem duvida, Jean Paul Sartre que juntamente com Simone de Beauvoir difundiu e viveu o existencialismo na sua plenitude.

Sartre como psicólogo é considerado o maior intelectual do existencialismo. A sua Psicanálise Existencial rejeita o determinismo freudiano que retira a responsabilidade do individuo.

Ele nega as influências de vidas pregressas no nosso comportamento e diz que somos responsáveis por todas as nossas ações.

A sua obra Melancolia/Náusea foi inicialmente recusada pelos editores, mas depois de editada teve grande repercussão. Suas principais obras são O Ser e o nada, O imaginário, O filho do trovão, Crítica da razão dialética e A idade da razão.

São dele as seguintes frases “Aja como se toda a humanidade se espelhasse nos seus atos”, “Quando cada palavra pode custar uma vida é preciso economizar palavras”.

Embora a maioria dos grandes psicólogos fosse também grandes filósofos, Sartre, no entanto, foi mais escritor, literato e psicólogo que propriamente um filósofo.

Podemos dizer que a psicologia existencialista surgiu nos escombros deixados pelas guerras. Depois dos grandes conflitos o mundo estava praticamente reduzido a cinzas, as pessoas, emocionalmente transtornadas, quase não tinham ânimo para recomeçar suas vidas.

Mas a reconstrução de países e cidades requeria, com urgência, pessoas bem dispostas e que fossem capazes de ajudar na árdua tarefa de refazer tudo.

Diante desse caos material e principalmente emocional a psicologia começa a acompanhar as discussões sociais, existenciais e éticas e vai buscar no existencialismo os recursos para levantar o moral e reconstituir o equilíbrio emocional das pessoas.

É aqui que o pensamento existencialista fornece subsídios para uma psicoterapia que busca recolocar o homem de volta na família, no trabalho e re enquadrá-lo nas suas relações sociais.

Assim, a psicologia existencialista é um método terapêutico desenvolvido por Jean Paul Sartre com base no existencialismo e que se propõe a questionar e descobrir como de fato se constitui o ser humano, como ele é e como funcionam os seus sentidos e as suas emoções.

Depois disso, a psicologia existencial aparece como a terceira tendência integradora que propõe olhar o homem total e com uma nova relação com mundo, mas longe da psicologia tradicional, da psiquiatria e da psicanálise.

Num primeiro momento, visa demarcar o fenômeno, definir a sintomatologia, o quadro psicopatológico e elaborar o psicodiagnóstico para determinar os rumos da intervenção.

No final investigar, através da psicanálise existencial, proposta por Sartre, as variáveis da dinâmica psicológica do paciente e proceder a terapia existencialista.

Jhon Macker
Enviado por Jhon Macker em 19/08/2017
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