NOTAS SOBRE VANGUARDA

Augusto de Campos : a lambança perpetrada (em forma de tradução, pra variar) contra o poema de Hart Crane dá uma ótima perspectiva do teor da intelectualidade desse senhor e de outras vacas sagradas da cultura nacional...
 
O episódio rendeu um livro, OS SAPOS DE ONTEM, do Bruno Tolentino (poeta de verdade, como Gerardo de Mello Mourão, Ivan Junqueira, Ângelo Monteiro, Alexei Bueno e outros que não estão entre os mais apreciados entre os augustos acólitos...).
 
Na prática, leitores de Augusto de Campos não duram sequer ao prólogo de um livro como O MUNDO COMO IDÉIA (no qual está impecavelmente delineado o processo pelo qual um "poeta" como Augusto de Campos é uma possibilidade no mundo real...) ou aos primeiros versos de um LUCERNÁRIO, por exemplo, não faz a menor idéia do que venha a ser TRADIÇÃO e é basicamente orientado por seus pendores subjetivos e afeições narcísicas ( o espelho é irresistível para Narciso, mas é nele que se cumpre o seu trágico destino...).
 
Vanguarda : a "arte" assim perpetrada não se sustenta por si, sem discurso, sem o Conceito, sem a Idéia.Leituras recomendadas : O MUNDO COMO IDÉIA (Bruno Tolentino) e O ENIGMA VAZIO (Affonso Romano de Sant'anna); 'vanguarda' é um conceito auto-contraditório (assim como 'revolução'...,curioso, não?), nada, absolutamente nada advindo de algo rotulado com um termo que traduza um conceito auto-contraditório possui consistência real ou diz respeito a algo de que se possa intuir um mínimo de coerência.Leituras recomendadas : qualquer um que explique, para os mais lerdinhos, PORQUE um conceito auto-contraditório se implementa na REALIDADE,essa estraga-prazeres, transformando-se no seu exato contrário...Hegel, ou, para os mais moleques, Baudrillard também serve...; ninguém 'adora' o vazio impunemente, como se vê...
 
Haroldo de Campos : ‘a entrevista’ a Gerald Thomas : ...parece, em certo momento, um 69 geriátrico, cada qual babando as bolas do outro..."Hum, você é bom...", "Não, você que é..."
 
Dos três patetas concretos o único que manteve alguma dignidade (ainda que tardia) foi o Décio Pignatari ao não tomar partido de coitadinhos numa causa perdida(a já clássica polêmica sobre a 'tradução' de Augusto de Campos para um poema de Hart Crane)...Quanto ao Haroldo, só não fez maior lambança na Ilíada pois foi assessorado por quem conhecia o idioma de origem (ou 'os idiomas' se levarmos em consideração que Homero fez um mix de três ou mais tipos de grego para compor seu épico...e a molecada tenta ler Finnegans Wake e acha James Joyce tãããããão moderno...).
 
Exercício básico : leia a Ilíada nas duas traduções clássicas em português(a de Carlos Alberto Nunes e a de Odorico Mendes) e depois leia aquilo que o Haroldo chamou de tradução...Ainda bem que a editora teve o bom senso de colocar em destaque o nome do Haroldo, pois de Homero nem vaga recordação há ali...

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 06/06/2017
Código do texto: T6019589
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