SOCIEDADE, EDUCAÇÃO, RESPONSABILIDADE A PARTIR DA FILOSOFIA CRITICA DE HEGEL

EDUCAÇÃO

Quanto a educação, sabe-se que ao longo de diversas épocas a filosofia, referiu-se à educação tomando-a como uma questão pertinente na sociedade humana. Como exemplos podem-se ater na República de Platão , na Ética a Nicômaco de Aristóteles , no De Magistro de Santo Agostinho , no Emílio de Rousseau , dentre outros.

Sabe-se, também, que Hegel não escreveu nada explicitamente sobre educação. Contudo, ele se preocupou com a formação do homem, pois ele acreditava na “necessidade de libertar o homem retirando-o de sua minoridade” (NOVELLI, 2011), em outras palavras, é tornar o homem num estágio superior que ele se encontra “todos os sucessos do homem, todas as ciências e todas as artes, se estiverem devidamente fundamentadas, não terão senão outra finalidade que nos

humanizar, isto é, converter em humano o não humano ou o semihumano”. (NOVELLI apud. Herder, 1970, p.27).

Não se trata, portanto aqui, de pôr uma aura de pedagógico no sistema hegeliano, mas apenas de buscar explicitar como a filosofia desse pensador pode fazer-se relevante para as discussões envolvendo a pedagogia.

Hegel apresentou na Filosofia do direito, que a educação e a disciplina, primeiramente, perpassam pelo âmbito familiar através do direito da liberdade dos pais, cabendo, portanto, a eles esta função “[...] o direito dos pais sobre o livre-arbítrio dos filhos é determinado pelo fim de os manter na disciplina e de os educar”. (HEGEL, 1997, p. 159, § 174).

A partir disso, a educação, para o filósofo alemão, tem dupla visão positiva, pois “a sua educação oferece, do ponto de vista da família, um duplo destino positivo: primeiro, a moralidade objetiva é introduzida neles com a forma de uma impressão imediata e sem oposição [...]”. (HEGEL, 1997, p. 160, § 175)

Em outras palavras, a educação partindo da família, deve introduzir o indivíduo no mundo (consciência de si), no jogo social (leis e moralidade) e no processo humano de desenvolvimento em estágios maiores que se encontra.

Na Fenomenologia do Espírito, escrita por Hegel em 1806, “apresenta muito mais o desenvolvimento da consciência do que seu surgimento” (NOVELLI, 2001, p. 67). Isso significa que não há homem, “lugar por excelência da consciência, que não possua consciência ou que não partilhe da realidade do ser, ou seja, do que é” (NOVELLI, 2001, p. 67). No entanto, essa existência, para Hegel, não é suficiente, pois o que se é não se resume ao presente. Por que e como superar tal estado inicial de consciência são questões que Hegel procura resolver em sua obra.

Nesse sentido, é o que Hegel escreveu também em sua outra obra a Filosofia do Direito em que disse da exigência da educação do indivíduo, ou seja, da criança que “a exigência de ser educada existe na criança na forma daquele sentimento, que lhe é próprio, de não estar satisfeita em ser aquilo que é”. (HEGEL, 1997, p. 160, § 175, nota).

Então, portanto, entende-se da filosofia hegeliana, mais especificamente sobre a educação, que ela é necessária para atingir níveis superiores, e que esta educação para a criança, possui um fim que “é a tendência para pertencer ao mundo das pessoas adultas, que ela adivinha superior, o desejo de ser grande”. (HEGEL, 1997, p. 160, § 175, nota)