O CAPETA DA BORDA

Resumo do que foi registrado no livro tombo da Paróquia de Borda da Mata:

Esta história se passou no município de Borda da Mata, Minas Gerais, onde hoje é chamado Tocos do Moji. "No local existe uma Cruz, denominada Cruz de Ferro".

"Em meados de fevereiro de 1953, 0 Sr. Alberto Simões de Carvalho, português, residente no bairro denominado Ponte de Pedra, pediu-me para levar a benção da Igreja à sua residência, pois, certos barulhos, ouvidos à noite, traziam a família preocupada. Benzi a casa e fiz o exorcismo breve do Ritual Romano, "Exorcismus Santanam Et Angelos Apostaticos".

Fui informado depois, que, naquela noite o barulho aumentou. E o fenômeno continuou a repetir-se quase diariamente.Na Semana Santa, surgiu também uma voz estranha na casa do Sr. Alberto, juntamente com barulhos estrondosos ouvidos à distância. A voz falava o nome de pessoas da casa e do bairro, como se estivesse comandando animado baile ao mesmo tempo que se ouvia o tropel de gente a dançar. Falava palavrões e dizia chamar-se Chiquinho.

Novamente procurado pelo Sr. Alberto pedi ao mesmo que fosse a Ouro Fino relatar o fato a Frei Belchior, sacerdote capuchinho experimentado, que já havia realizado um exorcismo na Itália. Frei Belchior me escreveu, afirmando tratar-se realmente de um caso de exorcismo. Comuniquei então a opinião de Frei Belchior ao Sr. Bispo Diocesano, Dom Chagas de Miranda, que mandou jurisdição para mim e Frei Belchior, para aplicarmos o exorcismo, caso fosse necessário e prudente.

No dia 16 de abril, acompanhado do Revmo. Padre José Oriolo, Vigário Cooperador da Paróquia e do Sacristão Manuel Cardoso, Frei Belchior pernoitou na residência do Sr. Alberto para observar os fenômenos. Às 8:30 horas, a um sinal característico dos cães, foi ouvida a voz estranha e cavernosa: "Boa Noite"- Frei Belchior respondeu: " Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo". A voz retrucou: " Vai mal, tem padre hoje aqui..." e começou a pronunciar palavrões. Frei Belchior começou o exorcismo solene. Em um momento interrogou em dialeto Italiano, de quem era aquela voz. " Eu sou o diabo, o capeta", respondeu. OCapuchinho, tomando uma relíquia de Santa Terezinha na mão, sem que ninguém soubesse, e perguntou o que era. A voz foi logo afirmando: "Isso não vale nada, é de uma menina". Tomou então a medalha de Nossa Senhora, e imediatamente a voz: "Isso não presta".

O exorcismo durou duas horas, e durante todo esse tempo a voz resmungava, dizia palavrões e fazia ameaças. A notícia se difundiu com a ida do Padre Capuchinho e Padre Oriolo ao sitio do Sr. Alberto. E agora era a multidão que lá comparecia, levada pela curiosidade. Os repórteres do Rio e São Paulo começam a chegar. Neste mesmo dia, depois de ouvir a opinião de Frei Belchior e Padre Oriolo, que me afirmaram tratar-se realmente do demônio, rumei à noite, apenas acompanhado do confrade Vicentino Benedito Martos dos Santos, para o sitio do Sr. Alberto de Carvalho.

Chegando, rezei o terço com a família e alguns curiosos de Pouso Alegre que lá encontrei. Eram quase dez horas da noite, quando, depois do latido característico dos cães, uma voz rouquenha e masculina nos saudou: "Boa noite." Era de impressionar! Perguntei imediatamente: "In nomine Sanctissimae Trinitatis, Patris, Fillii et Spiritu Sancti, praecipio tibi ut dicas, quis sis tu". A tradução é: "Em nome da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu te ordeno que digas que és tu". A resposta veio fulminante e irritada, depois do latido característico dos cães: "Eu sou o diabo. E eu não gosto desse padre, e por isso, não fico aqui. Formulei outras perguntas em latim. Não obtive respostas. A voz pronunciou ainda alguns palavrões. Repetiu que não gostava "deste padre". Fez ameaças de matar a todos e desapareceu. Fiz então o exorcismo breve do ritual romano.

No dia seguinte, 22 de abril lá estive novamente. Fui acompanhado por algumas pessoas de responsabilidade. Nada de anormal. Rezei o terço com a família e apliquei mais uma vez o exorcismo breve. Dia 23 voltei acompanhado de Dr. Luiz Apocalipse, Juiz de Direito, Dr. Paulo Guimarães e Dr. Luiz Miranda, advogados. Essas pessoas tiveram a máxima preocupação em realizar a mais rigorosa investigação quanto a um possível embuste. Apliquei o exorcismo solene do Ritual Romano, que todos acompanharam com grande respeito. A voz foi ouvida ás 21:00 hs. - Terminara o exorcismo, estávamos conversando. O Sr. Alberto acabara de dizer: "ele mudou a hora, costumava vir mais cedo". A resposta antecedida pelo latido característico dos cães foi imediata: "Boa noite, meu horário agora é das 9:00 em diante".

No dia 24 informei o Sr. Bispo, que mandou cessar os exorcismos. Mas, tornei a visitar a residência do Sr. Alberto para evitar a invasão de pessoas indesejáveis. Rezei o terço com a família, o fenômeno não se repetiu.

Dia 25, Padre José Oriolo fez a entronização do sagrado Coração de Jesus no lar do Sr. Alberto Simões de Carvalho, que se mostrava então, tranqüilo. Tudo continuou em paz."

Obs.

A Cruz de Ferro, hoje me pertence, herdei de meu pai por ocasão de seu falecimento. O local está situado nas montanhas de Minas Gerais, no Município de Tocos do Mogi. um dos lugares mais lindos que já conheci. Na altitude de 1.300 m. se avistam seis cidades, compondo uma imagem digna dos mais renomados fotógrafos. Chiquinho não era bobo não rsrsrsr.

Para os interessados em visitar o local ou saber mais sobre o episódio contactar-----bcirlene053@gmail.com

Mariana Quintanilha
Enviado por Mariana Quintanilha em 15/03/2017
Reeditado em 16/03/2017
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