Tentativa e tropeço (publicado originalmente em 21/1/2017)

Por mais preparados e talentosos, os musicais neste cinema moderno jamais conseguirão se igualar à produção das décadas de 1940 e 1950. Esta, aliás, é uma categoria bastante ingrata. Como 100% dos filmes deste tipo foram espetaculares – ‘Cantando na Chuva’ (1952) e ‘A Noviça Rebelde’ (1965) são só alguns exemplos, para não citar ‘Mary Poppins’ (1964) e ‘Amor, Sublime Amor’ (1961) – os demais acabam na figuração. ‘La La Land – Cantando Estações’ (2016, estreou há dez dias por aqui) é mais um da lista interminável de experimentos. Alguns são bem sucedidos, outros caem no ostracismo.

E particularmente esta obra tende a ficar no meio termo. Explico: apesar da ótima fotografia, junto de um figurino impecável, a história mergulha na piscina funda do lugar-comum no roteiro melado e de falso destemor. Dirigido e escrito pelo jovem Damien Chazelle (‘Whiplash – Em Busca da Perfeição’, 2014), de 32 anos, o musical se perde em querer ser carismático. A dupla protagonista –Emma Stone (‘Histórias Cruzadas’, 2011, e ‘Magia ao Luar’, 2014), Ryan Gosling (‘Namorados para Sempre’, 2010, e ‘A Grande Aposta’, 2015) tem magnetismo, porém esta característica é por ambos serem os rostos da moda, os atuais mocinhos de Hollywood, e não porque possuem estrela vibrante.

Na trama, Mia (Emma) é aspirante a atriz que trabalha na lanchonete nos estúdios da Warner e Sebastian (Gosling) é pianista, apaixonado por jazz, mas que só consegue trabalhos rasos. Quando se esbarram, a paixão é imediata. Por meio da passagem das quatro estações do ano, acompanhamos as suas trajetórias, os sonhos, as frustrações. Os números musicais esforçam-se para arrebatar o público. Há os bons e os ruins. Vi a fita numa sala com lotação total. Raras foram as vezes em que os presentes tiveram reação ante ao romance. Talvez tenha sido pretensioso por parte de Chazelle.

No mais, é uma homenagem à cidade de Los Angeles e a seus engarrafamentos. A cena inicial, rodada em plano-sequência, tem seu merecido destaque e é muito bem feita. As pessoas entram e saem dos carros no congestionamento, e cantam, dançam ali, no meio da rua. Apontado pelos especialistas como favorito ao principal prêmio do Oscar, tenho as minhas dúvidas. Até porque ainda não assisti aos demais concorrentes.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 23/01/2017
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