P R E Ç O C R A C I A

Não é o reino da fantasia livresca e sim o sacrifício de treze milhões de desempregados, embora tenham o compromisso formal direto e indireto de pagar a dívida pública brasileira constituída pelos gestores federais, estaduais e municipais, independentemente do consórcio ser colonial, imperial e republicano. Isso é o Brasil que temos.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

Felizmente a nossa gente é constituída etnicamente falando com três raças: branco, negro e índio. Foi assim que os nossos pais e professores sempre nos orientou, culturalmente falando. O Brasil foi “achado”, “encontrado” e ou “descoberto”, por Pedro Álvares Cabral em 22 de abril de 1500, segundo os nossos primitivos historiadores. A teoria da intencionalidade nunca foi totalmente aceita e muito menos totalmente descartada, como se fosse uma dentre muitas linhas de investigações de um inquérito policial dos dias atuais. O que nos parece que logo em 1500, os nossos “descobridores”, “achadores” e ou “encontradores” de nosso território, tinha em mente um projeto de poder e não de governo para nossa gente. Não foi também diferente somente durante a colônia aqui instalada, porque os índios e negros ficaram sujeitos ao quero, posso e mando do branco português, dentre outras etnias. O preço pago por nossa gente sofrida foi e continua sendo muito grande.

Não temos conhecimento e muito menos ciência própria de que os nossos índios tenham lutado contra o invasor descobridor, achador e ou encontrador de nossas terras e suas riquezas naturais (vegetais, minerais, animais, etc). As revoltas indígenas foram poucas e em todas foram dominados e humilhados pelos representantes da Coroa Portuguesa e ou Espanhola, dependendo o ciclo de poder de cada temporalidade envolvendo tais nacionalidades.

Quanto custou a liberdade de nossos escravos? Quanto custou a liberdade de nossos índios? Quem lutou até morrer para que o Brasil se separasse de Portugal? Quais as províncias do Brasil que lutaram para terem a base da independência territorial estadual sem ficarem independente do Brasil? Diríamos que apenas às províncias do Rio Grande do Sul e de Santa Cataria, se envolveram em guerras, lutas armadas e com derramamento de sangue para terem a base territorial que ainda hoje tais estados tem. Os demais estados membros do Brasil não se envolveram em disputa territorial, os mapas de suas existências foram os mesmos determinados pelo poder central da gestão pública portuguesa antes da independência do Brasil. E independência de que? Quanto custou para o povo brasileiro a referida “independência”? No universo do homem comum, indígena, negro, branco, etc., pobre e analfabeto, ideologicamente falando, isso não custou nada, porém, o Brasil para obter sua independência política de Portugal em 7 de setembro de 1822, assumiu integralmente a dívida da Coroa Portuguesa, algo em torno de 15,5 (quinze virgula cinco) bilhões de dólares se convertida e atualizada até os dias atuais. Então, isso é ter conquista a independência apenas com o grito do Ipiranga de Dom Pedro I, de arma em punho: “Independência ou morte!”. Isso é uma maneira grotesca de relatar o referido acontecimento. O Brasil pagou todas às dividas de Portugal aos seus credores através de acordos as caladas da noite e a nossa gente teve que trabalhar e com suor e sangue pagar de fato de direito a referida dívida assumida por Dom Pedro para que Portugal aceitasse a “independência e ou morte” ditada por ele. Então a nossa independência política foi comprada e não conquistada pela luta e pela bravura de nossa gente negra, branca e indígena.

Durante o primeiro e o segundo reinado, o Brasil constituiu uma divida aproximada de trezentos bilhões e setecentos e sessenta e nove milhões de dólares. Fruto da gestão desastrosa de D. Pedro I, do Período Regencial e de D. Pedro II. A gestão pública de 7 de setembro de 1822 a 15 de novembro de 1889. É essa a herança deixada para o período republicano. Então quem lutou para derramar sangue e ter o regime de governo republicano no Brasil durante esse tempo? Claro que ninguém, então para que o Brasil proclamasse sua República dos Estados Unidos do Brasil em 15 de novembro de 1889, teve que assumir e pagar o débito de 350 bilhões e 769 milhões de dólares, desde que se faça a conversão e atualizado da dívida assumida e paga pelo regime republicano brasileiro proveniente da gestão da Monarquia Constitucional que tivemos. A “res” e ou república que aqui foi proclamada não foi achada, conquistada na marra e sim comprada, como se compra batata pobre no final da feira no mercado.

E o balão mágico da dívida externa brasileira herdada de 350 bilhões e 769 milhões de dólares assumidos com a proclamação da república em 15 de novembro de 1889, cresceu e apareceu até a Revolução de 1930, em valores aproximados de 2 trilhões, 738 bilhões e 750 milhões de dólares, valendo salientar de que 1 trilhão, 752 bilhões e 368 milhões, da referida dívida do povo brasileiro, foi gerado justamente através empréstimos, acrescidos de juros e correção monetária a Inglaterra e 876 bilhões e 184 milhões de dólares de empréstimos aos Estados Unidos da América. Então, quanto custou o nosso regime republicano para o povo brasileiro? Em 1930, o Brasil tinha como credores a Inglaterra, os Estados Unidos da América e o Japão. E a bola de neve continuava a inflacionar cada vez mais. Então o nosso regime republicano não foi conquistado e sim comprado as superpotências de plantão no mundo.

A gestão pública brasileira sempre procurou viver refinanciando a nossa dívida externa e se esquecendo da dívida interna de nossa gente em termos de saúde, educação, segurança, trabalho e emprego, cultura, esporte, lazer, industrialização, etc. Viveu sempre de tomar dinheiro emprestado, envolvendo pagamentos diretos e indiretos de comissões aos mediadores, envolvendo juros e taxas altíssimas de risco. E isso não foi diferente quando aconteceu em 1929 a chamada grande depressão americana, que culminou com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Os fatores externos que ajudaram a afundar a economia mundial e dentre a qual a brasileira, podemos destacar o fim da primeira Guerra Mundial; a retomada do período do pós-guerra e da produção da Europa, o que sem sombra de dúvida teve repercussão negativa nas exportações americanas envolvendo a indústria e a agricultura, o que veio fechar indústrias, bancos, desemprego em massa, a perda de safras, além do aumento desenfreado da inflação e da desvalorização do dólar americano. Foi esse o clima que fez os Estados Unidos da América reduzir significativamente as importações e dentre as quais a importação do café brasileiro. Foi aí onde o governo brasileiro teve que comprar o seu próprio café e mandar queimar e ou jogar no fundo mar, para somente assim diminuir a oferta e manter os preços de seu principal e ou maior produto de exportação. A partir de então, os nossos produtores de café resolveram iniciar a industrialização nacional em 1930, diante da quebra e desvalorização do café que já não mais representava moeda enquanto produto de exportação com a importância da década anterior.

E até porque a união dos estados da Paraíba, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, promovem a revolução e ou o golpe de 1930, que derruba o Presidente Washington Luiz, em 24 de outubro de 1930. É o período histórico chamado de República Velha, e que a união dos três estados membros, faz a revolução vitoriosa e impede que Júlio Prestes, eleito pelo voto popular a moda da casa, tomasse posse como presidente do Brasil. Assume o poder Getúlio Vargas, como chefe da revolução de 1930, sendo iniciado investimento para desenvolver a indústria nacional e a modernização da legislação de integração social trabalhista.

Isso é fato e contra fato não tem argumento, a República Velha do Brasil é encerrada em novembro de 1937, quando Getúlio Vargas, cria o Estado Novo, regime de exceção, quando adaptou a nossa Carta Magna a Constituição da Polônia. O chefe da revolução de 1930, quer se perpetuar no poder e o faz agora como ditador. A partir de então o ditador não aceita pagar a divida externa brasileira em 1937, o que sem sombra de dúvida forçou novas negociações junto aos nossos credores, envolvendo a política de juros, o que veio reduzir significativamente a dívida brasileira de 2 trilhões, 825 bilhões e e 770 milhões em 1939 para aproximadamente 2 trilhões, 015 bilhões e 500 milhões de dólares em 1945, quando termina a Segunda Guerra Mundial e ele é deposto do cargo de Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil. Esse foi o único momento de rara exceção onde na prática tivemos um governo que lutou para reduzir a divida externa nacional. Veio daí o seu populismo com a implantação da CLT em sua política envolvendo o social em favor da classe operária, apesar dele ser considerado a mãe da pobreza e o pai da riqueza. Então qual o preço da Ditadura Vargas de 1937 a 1945 no Brasil?

O Brasil voltou ao regime democrático, elegeu o Marechal Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), Getúlio Vargas, voltou ao poder democraticamente pelo voto popular e cometeu suicídio em 24 de agosto de 1954. O Brasil elegeu Juscelino Kubitschek que tomou posse em 31 de janeiro de 1956 e terminou seu governo em 31 de janeiro de 1961. Teve como sucesso Jânio da Silva Quadros, que renunciou e foi substituído por João Goulart, que foi acusado de aliado as potências comunistas mundiais da época, embora sem comprovação de risco a integridade nacional. O Brasil sofreu o golpe de Estado de 31 de março de 1964, sendo implantado o regime militar, que herdou a divida externa de 2,5 bilhões de dólares, que como um paço de mágica chegou ao patamar de 100 bilhões de dólares em 1985, época em que terminou o regime militar no país. Esse sem sombra de dúvida foi o preço pago pelo povo brasileiro para se ter como tivemos a ditadura implanta pelo Golpe Militar de 1964. Esse sim foi o milagre brasileiro da época do “ame-o ou deixo-o”.

Em síntese, e o preço da democracia que o Brasil implantou em 1987 com a eleição do colégio eleitoral que elegeu Tancredo Neves, presidente e José Sarney, vice presidente, qual foi? O novo governo tomou posse, adoeceu e dias depois morreu. O vice presidente no poder, resolveu suspender o pagamento da dívida externa herdada do regime militar brasileiro de 1964, tendo posteriormente reabertas negociações e acordos foram assinados para o pagamento da referida dívida corrigida monetariamente. O eleitorado vai as urnas elegeu Fernando Collor de Mello, cuja gestão desastrosa culminou com a cassação do mesmo pelo Congresso Nacional. Assim sendo, diante de sua cassação, o país foi governado pelo vice Itamar Franco, que foi sucedido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, que teve que ao assumir recebeu a dívida externa brasileira de 61 bilhões de dólares que em pouco tempo subiu para 264 bilhões de dólares, algo parecido com 450% (quatrocentos e cinqüenta por cento). Então qual o preço e ou preçocracia que os brasileiros vem pagando para se ter a independência política de Portugal? A proclamação da república em 15 de novembro de 1889? O regime militar de 1964? E a democracia que temos na atualidade de Dilma e Temmer? O povo brasileiro precisa parar e pensar antes de votar... porque o ato de fazer política em nossa Pátria envolve corrupção e lucratividade para os donos do poder de plantão, enquanto o bem comum ficará sempre para depois... haja vista que a meritocracia defendida pelos governantes do passado e do presente não combina em gênero, grau e número com a preçocracia existencial nacional, tendo em vista os escândalos federais, estaduais e municipais, divulgados todos os dias com as operações da “lavajato” e Cia., segundo as manchetes reais e ou sensacionalistas dos grandes e pequenos jornais, portais, redes sociais, das chamadas de capas de revistas, sem deixar de lado o jogo do “poder” e para se manter no “poder”, onde a artilharia da situação e ou da oposição envolve tudo, vida alheia, difamação, calúnia, injúria e evasão de sentenças judiciais de primeira, segunda e terceira entrância. E finalmente, temos que aprender a conviver com a incerteza de que treze milhões de desempregados valem menos do que os interesses daqueles que querem enricar sem motivo, via o exercício da atividade que conceitualmente afirma que é responsável pelo bem comum, como é o caso da atividade política, enquanto ciência. E além do mais, o povo brasileiro não está representado nos governos: federal, estadual e municipal, e bem assim no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas Estaduais e nas Câmaras Municipais deste gingante e colossal país, através de eleições éticas e ideológicas, pois, o que impera mesmo é o sistema da lei da vantagem patrocinada via a preçocracia, que além da dívida pública externa e da dívida cidadã interna, veio agora o desemprego, a falta de água, além do aumento da sesta básica, se bem que o país já tem treze milhões, aproximadamente de desempregados. Falta o feijão com arroz na mesa de nossa gente brava. O feijão e o arroz, dois principais produtos da sesta básica, já estão faltando e o preço de um quilo já está pelo olho da cara, assim como fala o nordestino brasileiro. Não é o fim porque somos fortes, porém, a inflação voltou e voltou com muita força por falta de compromisso de nossa classe política que pensa apenas em ficar mais rica e o homem simples que vá plantar batata.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 09/07/2016
Reeditado em 09/07/2016
Código do texto: T5692493
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