OS PRINCÍPIOS DA COMUNICAÇÃO

O estudo do processo de comunicação precisa ser muito aprofundado, por ser difícil de definir. A palavra comunicação deriva do termo latino communicatione que deriva da palavra commune, que significa comum. Seguindo o conceito etimológico, podemos afirmar que comunicar é tornar algo em comum, a partir da relação entre seres viventes que criam processos simbólicos para que possam se comunicar. Mas comunicar o que? Comunicar o que quer que seja símbolo. Comunicar é gerar, receber e transmitir informações através de uma mídia que serve de canal para determinada mensagem.

Visto isso, entendemos a comunicação como o processo de troca de significados entre indivíduos por meio de um código comum – signos, sinais, símbolos, linguagem falada ou escrita. Envolve a transmissão de mensagem entre uma fonte e um destinatário. A partir dessa concepção vemos delineados os dois principais personagens do processo de comunicação, o transmissor ou emissor, que é a fonte da informação, e um receptor, ao qual se dirige a mensagem. Esse processo se dá através de um meio que denominamos canal.

Divide-se então a comunicação em duas partes a primeira parte é a comunicação como processo, em que comunicadores trocam propositadamente mensagens codificadas (gestos, palavras, imagens) através de um canal, num determinado contexto, e que gera determinados efeitos. E a comunicação como uma atividade social, onde as pessoas, imersas numa determinada cultura, criam e trocam significados, respondendo, desta forma, à realidade que cotidianamente experimentam. (SOUSA apud Jorge Pedro, 2006, p. 22)

A comunicação é indispensável para a sobrevivência dos seres humanos e para a formação e coesão de comunidades, sociedades e culturas. E o processo do nascimento da linguagem verbal expõe bem isso. A existência da expressão verbal é baseada em convenção entre o nome e a coisa nomeada. Cria-se um acordo sobre como tal coisa deve se chamar.

Podemos ver o processo da comunicação intimamente ligado à existência da percepção humana e à semiótica. Segundo a linguística de Ferdinand de Sausurre (1857 – 1913), o estudo da linguagem não deve ter por objeto o discurso propriamente dito, as regras e convenções que permitem à língua operar, ou seja, na lógica oculta rege a fala de quem se expressa. O interesse da “semiologia” é conhecer a estrutura da língua, aquilo que é comum a todos os falantes e que age no nível inconsciente.

A palavra “pai”, por exemplo, revela uma série de aspectos da estrutura de parentesco, tais como sexo, idade, atribuições, deveres, inserção numa cadeia hierárquica etc. Isso porque as palavras não são sons escolhidos aleatoriamente, mais um meio de pensar e dominar a realidade, referindo-se a situações concretas que envolvem sentimentos, obrigações, alianças, conflitos, hostilidades. A esse conjunto de implicações Lévi-Strauss dá o nome de “complexo de atitudes”. O homem, na maioria das vezes, não tem consciência de todos os fatores que intervêm em suas relações sociais, nem de maneira como se articulam na estrutura social. O desvendar dessas implicações só é possível pelo método linguístico, que identifica justamente a organização inconsciente e significativa da linguagem. (COSTA apud CRISTINA, 2005, p.162)

Ou seja, o processo de comunicação permeia por várias diretrizes como a linguística, a semiótica, os processos de evolução social, a tecnologia. Enquanto o homem vivia no estado de barbárie – cidades organizadas sem posicionamento político – bastava-lhe para sua sobrevivência sistemas rudimentares de comunicação. Porém a “evolução dos grupos primitivos, formação de clãs independentes, e a consequente necessidade de se entenderem com mais clareza e maior rapidez, determinaram a evolução da linguagem” (Enciclopédia BARSA, 2002, p.320)

A evolução das comunicações através da linguagem, no entanto, foi muito lenta durante séculos. Em cada região do globo, seu desenvolvimento funcionou distintamente. Daí se explica o surgimento de diversas línguas, com diferenças tão dissonantes, à exemplo do português para o chinês. Algumas línguas que acompanham o mesmo processo derivatório como as latinas – o português, o francês, o espanhol – encontram algumas semelhanças morfossintáticas, derivadas do processo de formação das grandes sociedades.

A evolução dos meios de comunicação, contextualmente desenvolvidos por Herbert Marshall McLuhan (1919-1980), passou por três etapas. A primeira, o tribalismo, é marcado pela comunicação oral. Em seguida, vemos o surgimento da Galáxia Gutenberg, marcada pelo surgimento do papel e consequentemente da linguagem escrita. Essa etapa marca o início das grandes estruturas sociais e incita o individualismo, pois tirou o homem do tradicionalismo oral tribal. Por fim, vemos o surgimento da Galáxia Marconi, marcada pelo surgimento da comunicação eletrônica global.

A comunicação e os seus processos evolutivos foi tão impactante quanto o processo de revolução industrial. Os modernos meios de comunicação garantem relações mais estreitas entre os diversos povos do mundo. E os meios só existem para dar suporte e garantir a viabilidade da comunicação e do fato linguístico – seja esse fato verbal ou simplesmente visual. São instrumentos a permitir que a expressão humana se perpetue através da mensagem e de sua recepção.

Marla Freire
Enviado por Marla Freire em 04/01/2016
Código do texto: T5500402
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