O RADICAL DA CORRUPÇÃO BRASILEIRA

A corrupção em nosso país não é um “privilégio” da modernidade, pois tem raízes históricas. Todavia, suas sementes, que tiveram origem nos primórdios da nossa colonização, têm forte relação com as crises que temos vivido ultimamente. O português, com toda a sua imponência, ao ver-se diante de um ser desconhecido - um nativo desprovido de roupas -, mas com braços e pernas fortes e torneadas, viu nele uma boa fonte de mão-de-obra barata, pra não dizer escrava. Logo, os colonizadores - degredados de Portugal – (bandidos, presos políticos, prostitutas), encontraram um jeito de persuadir o índio a satisfazer as necessidades dos visitantes, a princípio, pela troca de mercadorias. Em outras palavras, o português oferecia ao índio um espelho ou certa quantidade de pólvora e exigia ouro, bem como o próprio trabalho indígena como pagamento. Mais que uma simples forma de permuta, havia aí, implícita, a idéia de corromper a integridade física e moral, e os valores culturais dos povos locais. E isso não parou por aí. Bem mais adiante, já no Brasil República, surge a política do “café com leite” (1889 - 1930), com a sustentação da economia pela produção do café. O cenário político era então determinado pelos governantes e pelas classes mais favorecidas como os Coronéis – donos dos currais eleitorais que usavam seus votos em troca de favores. Esses senhores eram beneficiados com nomeações, verbas, e, em contra-partida, contribuíam, efetivamente, para a permanência dos mesmos políticos no poder. Tais governadores se relacionavam com os coronéis, tanto quanto com o presidente da República, em meio a uma série troca de favores políticos. A isto se deu o nome de clientelismo - uma modalidade de corrupção. Diante de tudo isto, percebemos que o ato de corromper-se, em nosso país, é um processo histórico-cultural que se sustenta até os dias atuais e contribui, significativamente, para o surgimento, manutenção e fortalecimento das crises políticas.

Roney Lobato
Enviado por Roney Lobato em 25/05/2007
Reeditado em 25/05/2007
Código do texto: T500148