A juventude no futoro dos povos

A juventude no futuro dos povos

Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)

As inquietudes do espírito manifestam-se no ser humano quando este surpreende em si mesmo os sintomas precursores de sua genialidade. E dizemos precursores porque é muito frequente ver, após se manifestarem tais sintomas, que, caso não se revele no ânimo a vontade de estimulá-los e explorar os veios denunciadores do gênio, eles permanecem estáticos.

A essas inquietudes respondeu sempre a iniciativa particular, criando instituições e centros de estudo que fomentam o desenvolvimento das faculdades intelectuais, orientadas para diferentes campos; porém, como aqueles são organizados em entidades acadêmicas com suas rígidas fórmulas estatutárias, afastam-se, por assim dizer, do coração da juventude, pois nas Academias só penetram os eleitos, aos quais pareceria corresponder a direção quase ilimitada das questões que a inteligência propõe em todos os terrenos do saber.

Fica a juventude, assim, pouco menos que órfã da atenção que sua natureza intelectual incipiente exige dos que têm o dever de se acercar a ela e lhe prodigalizar, munidos de alta dose de paciência, afeto e compreensão, todo o calor requerido por sua débil vontade e pela fragilidade de seu caráter. Acentuamos a palavra compreensão porque é ela, justamente, a que evidenciaria os altos fins de tão elevada docência, que por certo não deve circunscrever-se à sala de aula ou ao lugar de estudo, mas também estender-se a todos os momentos e circunstâncias em que a rudimentar evolução moral e intelectual dos jovens reclame de seus mestres o auxílio do conselho e da experiência.

A relação entre professor e aluno não deve morrer ao terminar a aula

Mas a essa compreensão não se chega, de maneira alguma, como já se viu, pelo império de normas rígidas, pelos frequentes ensaios de sistemas de ensino ou pela existência da cátedra, mesmo nos estudos livres, pois a relação entre professor e aluno não deve morrer ao terminar a aula. O aluno tem que experimentar, em todo momento, a influência fecunda do ensinamento que recebe, tornando-se o professor, assim, seu melhor amigo e seu conselheiro constante. E é o próprio professor quem deve cuidar para que nada perturbe a livre manifestação do pensamento do estudante e para que nenhuma imposição arbitrária violente o jogo harmônico das faculdades que este cultiva.

Ninguém poderá deixar de reconhecer a imperiosa necessidade que existe de propiciar o incremento de todas as comunidades que se inspirem em altos princípios de bem e que orientem a juventude pelos caminhos do conhecimento integral, o qual abre as portas da vida superior e prepara os alicerces de uma civilização forte e capaz de produzir as obras mais maravilhosas da História.

Trechos extraídos da Coletânea da Revista Logosofia Tomo 2 p. 153

Carlos Bernardo González Pecotche
Enviado por Sinval em 10/12/2013
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