A vida em seus profundos alcances

A vida em seus profundos alcances

Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)

É necessário ven¬cer a morte para sentir e saber o que é a vida. A morte se vence vencendo a inércia, que é ausência de vida; vencendo a distração, que é ausência de consciência. Então essa vida contínua, essa vida sem as interrupções da inér¬cia, do desânimo, do decaimento, do pessimismo, da folgan¬ça, encherá de felicidade, por ser uma vida que contém for¬ça e que constantemente infundirá alegria e bem-estar.

Se queremos dilatar ainda mais a vida,

devemos unir a própria alegria à alegria do semelhante

Unir nosso esforço ao de outros e sentiremos assim que a vida adquire mais volume, por-que o que os demais sentem, por reflexo sentiremos também. É assim como se todas as vidas constituíssem uma só, gigantesca. Se por própria conta, por exemplo, desfrutamos de dez episódios, nesta outra forma poderemos desfrutar de cem, de mil, de inu¬meráveis acontecimentos; porque cada alegria, cada benefício alcançado pelo semelhante será nosso e desfrutaremos dele. E, sendo assim, a existência adquirirá outro significado.

Se pusermos uma plantinha em um vaso de concreto, colocando-a depois num pátio, só servirá para distrair egoisti¬camente nossa vista, pois a planta se esterilizará, visto que sua semente cairá sobre o piso frio, que não pode recolhê-la e, portanto, não será possível que continue existindo através de outras plantas surgidas de sua própria semente. Todavia, se em vez de cair em lugar infecundo, encontrar ter¬ra fértil, que se umedece com o orvalho da noite ou com a rega que lhe oferece alguma mão caridosa, veremos surgir uma planta aqui, outra ali e muitas mais, sucessivamente.

Se cada um de nós trabalha, adiantará; em vez disso, isolando-se em si mesmo, sua semente cairá também sobre a lousa fria e não terá continuidade de vida, porque ali mor-rerá. Se, porém, como as plantas que crescem em terreno fér¬til, lança ao redor a semente do seu entendimento, e uns e ou¬tros estendam prodigamente a mão para regá-la, logo haverá muitas plantas da mesma semente.

Não é possível ir contra os desígnios eternos, porque eles são os princípios inalteráveis que constituem a vida imortal; e se a Natureza, que é obra do Supremo Criador, está dando esse sublime exemplo, não pode o ser humano, dotado de in¬teligência, pensar opostamente, contrariando esse princípio de colaboração e de irmanação na própria vida.

Podemos observar na Natureza algo também muito curioso: existem árvores que com suas raízes alimentam as de outras pequenas plantinhas, e também existem as que, debai-xo da terra, lhes absorvem a vida e as secam.

Que to¬dos sejam como a primeira e ofereçam a vida às plantas pe¬quenas, mostrando-lhes as raízes de seu conhecimento, de seu exemplo e de sua moral, para que essas plantinhas se nutram com esse exemplo, com esse conhecimento e com essa moral e cresçam robustas. Acaso não haverão de provar cada um desse fruto que irá nutrir depois sua velhice?

Uma das mais sublimes formas de abrir o entendimento à verdade mais pura, é acercar às possibilidades humanas o elemento capaz de nutri-lo, permitindo-lhe criar uma nova individualidade.

Trechos extraídos do livro Introdução ao Conhecimento Logosófico, p. 115

Carlos Bernardo González Pecotche
Enviado por Sinval em 11/11/2013
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