As técnicas do Photoshop e o período artístico de Ilustração do séc. XVIII

A juventude de hoje tem em mãos uma nova forma de reprodução de imagens. Graças a um novo programa para o comutador, o famoso ADOBE PHOTOSHOP, que a cada dia vai ficando mais potente, ficou muito mais divertido e muito mais agradável montar nosso álbum de fotografias e mostrar para o mundo todo, on line (há também quem queira o fotolog) nossa criatividade e sensibilidade.

Com esse programinha, há diversas maneiras de transformar uma foto em que eu apareço triste, com a cara inchada, em uma foto bem alegre e totalmente sorridente; ou uma foto em que eu tirei na varanda da minha casa, de braços aberto em dia chuvoso, num nova foto com os mesmos braços esticados próximo ao Cristo Redentor.

Isso me fez refletir sobre as necessidades que o homem e a mulher possuem e possuíram de representar a realidade, refazê-la tal qual ela é ou mais que isso: modifica-la ao gosto de suas variações de espírito.

Se voltarmos lá para os confins do século XVIII, cuja modernidade se encontra a pleno vapor, poderemos pegar o início do filme e não correr o risco de ficarmos boiando na reflexão que nos aguarda.

É o século das Luzes, momento de grandes acontecimentos científico, industrial, na sociedade; transição da nobreza para a burguesia capitalista e revolucionária; na filosofia, reina os déspotas como Voltaire, Roussou; na arte uma revalorização da tradição greco-romana de estética; enfim tudo isso dentro de um princípio da Razão acima de qualquer coisa. Um retrato, naquela circunstância reinante, tinha de ser tão perfeito, talvez até além do próprio objeto retratado.

Tudo isso, como já havia dito repercutiria também nas obras de arte e não obstante na literatura.Para os Árcades, escola literária de tradição francesa e italiana, era essencial a valorização do natural, da simplicidade (mito do bom selvagem de Roussou). Segundo esses caros poetas o artista, dotado de racionalidade, deve fazer com que sua obra seja uma imitação fidedigna do objeto real, tal qual ele se nos apresenta. Teóricos não faltaram cujas teses afirmavam um modo de fazer poesia: entre engenhosidade e julgamento, ou seja o método e a crítica.

Os românticos nos mostraram mais tarde, uma nova concepção da realidade; abriram as portas para a liberdade; ruptura total com essa concepção ligada a racionalização da estética artística, tanto escrita como visual.

Com esses novos rumos que a sociedade se incluiria, a realidade não só podia ser modificada, como também seria a única maneira de o homem se mostrar avesso às transformações dessa sociedade e àquilo que essas mudanças lhe causavam.

O lema agora é outro: vale lembrar que foram os românticos os verdadeiros revolucionários dos oitocentos; predomínio do gosto, das sensações, da emotividade sobre os dogmas; valorização do EU: “minha alma é triste como a voz dos sinos”. Enfim , eles os românticos pagariam um preço alto logo depois dos anos, mas que deixaram um legado em nosso espírito isso deixaram. Não de deixa mentir o poder de manipulação da realidade que simulam essa novas técnicas de hoje em dia na era da computação.

Nos dias de hoje é impossível não sentirmos na pele o mesmo que sentiram nossos românticos. A liberdade criadora, tão bem clamada e idealizada naqueles tempos, hoje mesmo que sob outras óticas, ainda nos purifica, vulgarmente falando, nossa alma que instante a instante anseia criar um mundo novo, um mundo que talvez seja eterno nos nossos ideais. Até para aqueles que não consegue ver mudança naquilo que os outros vêem em si, a criatividade e as sensações diversas que um simples programa de computador pode proporcionar é inexplicável.

Mas será que a realidade é somente aquilo que vemos ou aquilo que nossa vã interpretatividade faz manifestar em nosso espírito crítico e ao mesmo tempo alienante?

lucheco
Enviado por lucheco em 18/04/2007
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