Como se forja a grandeza dos povos

Como se forja a grandeza dos povos

Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)

Sempre que se fala da pujança ou do engrandecimento de um país, isso se faz do ponto de vista de seu progresso material, do incremento de sua produção agrícola, pecuária ou industrial, das condições satisfatórias em que ali o trabalho é desenvolvido e, em resumo, de sua riqueza em geral. Contribuem também para formar esse juízo os fatores étnicos e geográficos. A tradição, a evolução histórica, a cultura e o desenvolvimento social e intelectual, ainda que corram em paralelo com o progresso material, são comumente valorizados em menor grau, talvez pelo próprio fato de que, em cada nação, as pessoas cultas e ilustradas sempre constituam uma minoria, enquanto o grosso da massa humana permanece estancado e absorvido pelo torpor da ignorância.

Entretanto, em todas as épocas são os sábios, os investigadores da ciência e todos os grandes homens que se destacam no campo da política, das artes, da poesia, os que dão relevo à posição hierárquica das nações, cobrindo-as de glória e de respeito. Não é possível pensar na história de um povo – grande ou pequeno – sem associar de imediato o nome dos que encarnaram o espírito desse povo nas altas funções de condutores do pensamento nativo. Mas quando os povos, com a modernização dos tempos, mergulham no mercantilismo, chegam a avaliar-se mais pelo que têm do que pelo que valem espiritual e intelectualmente. É como se a este último aspecto só a posteridade desse atenção.

É um dever de todos os habitantes da Terra a gratidão e o respeito por aqueles que consagraram suas vidas ao bem da humanidade

A verdadeira grandeza de um povo se forja na vontade criadora do espírito nativo, nesse grande laboratório do pensamento, no qual os homens de estudo e de consciência trabalham sem descanso para oferecer, no serviço da pátria, e ainda no da humanidade, o resultado de suas investigações ou de suas inspirações, as quais, amadurecidas em profundas combinações, resolvem seus problemas, mesmo aqueles que, de tempos em tempos, costumam deter o avanço dos povos nas distintas fases de seu processo evolutivo.

Essa elite humana, essa minoria estudiosa e capaz, é a que em todos os tempos beneficiou a humanidade, pois todos os grandes descobrimentos da ciência, todas as grandes diretrizes do pensamento, partiram sempre dessas mentes esclarecidas. Citar apenas algumas delas faria sentir de imediato a censura íntima ao serem omitidas as demais. Por isso, pensamos em quão digno seria infundir, nessa grande massa que forma a maioria, o máximo de respeito e amor por aqueles que consagraram suas vidas ao bem da humanidade ou, em menor grau, ao bem dos respectivos povos.

É este um dever de gratidão que concerne a todos os habitantes da Terra que, direta ou indiretamente, se beneficiaram e continuam se beneficiando com a luz das grandes inteligências. Este reconhecimento traria como consequência uma maior compreensão de todos os que fazem parte da grande comunidade de famílias humanas.

Trechos extraídos de artigo da Coletânea da Revista Logosofia, tomo 1, p. 131

Carlos Bernardo González Pecotche
Enviado por Sinval em 14/10/2013
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