Relação entre Trabalho, Indivíduo e Sociedade nos Pensamentos de Marx, Weber e Durkheim
Para Marx a sociedade era fruto de um processo histórico-econômico de leis gerais bem definidas pela dialética do senhos e do escravo. Os movimentos sociais que mudavam a história se davam pela luta de classes, o conflito constante de interesses entre o senhor (representado na sociedade moderna pela figura do capitalista) e o escravo (que tem seu papel paralelo na sociedade moderna com o proletário - i.e. o operário consciente de sua classe e seu papel). Esta dialítica aos poucos tenderia a um equilíbrio, que seria alcançado quando o proletário derrubasse a classe burguesa, instituindo o socialismo - a ditadura do proletário - e coletivizando os meios de produção, até que a classe proletária se dissolveria e culminaria no último estágio pelo qual a sociedade passaria: o comunismo. Para Marx a forma como uma sociedade se estrutura deriva diretamente do quão desenvolvidos são os seus meios de produção e como ela os distribui. O trabalho seria um processo pelo qual o homem transforma a natureza para atender às suas necessidades. No contexto capitalista seria uma forma do dono do capital e dos meios de produção comprar a força de trabalho do operário, consumindo-a e explorando-a, gerando a mais-valia, que é a parcela do trabalho que não é paga ao operário, origem do lucro do patrão. O próprio trabalho em si serve de instrumento alienante consumindo o tempo de reflexão do indivíduo que seria necessária à construção do sentimento de classe. Neste contexto, o indivíduo é fruto do meio, tendo seu pensamento individual estruturado de acordo com a macroestrutura social vigente à classe a que pertence e na qual se entende. Esta visão de mundo como fruto de um contexto histórico chama-se materialismo histórico e foi bastante criticada por Weber.
Em Weber o papel do indivíduo é reforçado. Cada indivíduo significa o mundo, isto é, dá a ele um sentido, um significado, uma interpretação baseada em sua própria vivência e experiências. Esta significação é única e singular a cada indivíduo. A partir da significação dada a diferentes aspectos da vida, dá-se o processo de racionalização do mundo e sua problematização. A partir dessa racionalização e guiada por ela é que o indivíduo vai agir no mundo, como ser racional. Na visão de Weber a sociedade seria o fruto da soma das ações individuais. Para ele, no trabalho pré-capitalista o homem trabalha para ganhar o suficiente para viver, não para produzir, enquanto que com o advento do capitalismo cria-se uma ética do acúmulo e da produção, ética difundida principalmente pelo protestantismo. Nesta nova ética do trabalho o ócio e o lazer são vistos como imorais e a acumulação de capitais como moral e indicativa de salvação divina. No espírito do capitalismo há uma vocação para o trabalho (beruf).
Já para Durkheim a divisão do trabalho, primeiramente sob a forma da divisão sexual e depois sob aspectos diversos, é responsável por criar um instrumento de solidariedade entre dois ou mais indivíduos, solidariedade esta que surge de suas diferenças e não de suas semelhanças. Para ele, a divisão do trabalho, muito além de seu aspecto econômico em aumentar o rendimento das funções divididas, é capaz de criar esse sentimento de solidariedade e de união sem o qual a sociedade não existiria. Neste contexto de divisão do trabalho os indivíduo se ligam uns aos outros de uma maneira que se tornam dependentes, ao invés de se desenvolverem separadamente. É este o germe da sociedade e a força principal que a mantém coesa.
Seguidor do positivismo de Conte, Durkheim acreditava em um modelo fixo e estático que explicaria o funcionamento de toda e qualquer sociedade