FILHOS.

FILHOS.

Assim disse Khalil Gibran: “Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós. E, embora vivam convosco, não vos pertencem. Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas”.

Filhos são sempre lindos quando concebidos; pena que eles cressem... Ao criarmos os nossos filhos, erramos quando damos de menos e prejudicamos quando damos de mais. Deus não nos permitiu conhecer a medida certa, mas nos deu a razão e discernimento para dosar nossas dádivas. Infelizmente filhos não vêm com manual de instrução.

Quando os filhos projetam-se na vida, destacando-se profissionalmente e mantendo os preceitos éticos e morais, os pais saem na frente como paladino da Côrte, para cobrar os louros do sucesso familiar. Às vezes até conflitam-se sobre a origem genética que produziu a excelente casta do mancebo. Afinal todos querem ser responsável pelo júbilo da sua prole. Mas quando o sucesso não veio e o comportamento do filho não é digno de honrarias, é normal a gente ouvir dos pais o seguinte: Fiz de tudo, coloquei nas melhores Escolas, dei todo luxo e conforto, nada deixei faltar. Dei o máximo para que ele tivesse uma vida venturosa e fosse motivo de nosso orgulho; a quem ele puxou? - onde foi que eu errei?...

NÃO SEI. – Não sei, porque não sei o que é o “tudo” a que se referem os pais. Também não sei, porque esse “máximo” que se referem, pode não ser o máximo de si. - Deu de tudo, mas não se doou; deu boas escolas, mas não bons exemplos; deu grandes presentes, mas não se fez presente... Muitos se orgulham por fazer constar o seu nome no registro de nascimento do filho; entretanto, poucos sabem a verdadeira função de pai... O papel do pai não é a mesma coisa que o pai no papel...

Em qualquer família, basta que um cometa um ato ilícito, para que toda a sua linhagem seja, também, apenada. Não irão para a masmorra propriamente dita, mas irão para seus cárceres privados esconderem as suas vergonhas. Com a moral necrosada, param para uma reavaliação dos seus conceitos e a certeza de que muito têm por fazer, refazer e aprender a fazer certo. A blindagem moral será violada e o saber remetido ao limbo...

Antigamente não se falava em auto-estima, tampouco psicologia infantil. Os pais utilizavam-se apenas do bom senso intuitivo. Não quero afirmar com isso, que no passado, os filhos eram mais bem criados; mas é certo que os pais desconheciam a angústia, a ansiedade e a preocupação por conta do futuro incerto dos seus filhos. Hoje são tantas as informações em todos os lugares, e quase sempre controvertidas, que os pais na ânsia de não cometerem erros, vão à caça dessas informações e assim a confusão se torna cada vez maior...

De bom alvitre seria, pois, esquecer o conhecimento literário e usar a sabedoria Salomônica da intuição e do bom senso. Educar é diferente de criar. Qualquer boa instituição particular de ensino poderá dar uma excelente formação cultural ao seu filho; contudo, somente os pais, em tese, deveriam saber criá-los, através do bom exemplo.

Um provérbio inglês diz: A maçã não cai longe da macieira. Significa: "tal pai, tal filho". As primeiras lições das crianças consistem em hábitos e não em raciocínios. O exemplo convence mais do que as palavras. Segundo o Aurélio, EXEMPLO quer dizer: lição; modelo; tudo o que pode ou deve ser imitado; fato de que se tira proveito ou ensinamento. Meu pai era um exemplo de lealdade e caráter...

Os filhos são um reflexo real dos pais. A causa de tal semelhança é o instinto poderoso que Deus concede a natureza humana: O instinto da imitação. A idéia central, é que o comportamento e atitudes positivas dos pais serão responsáveis por nortear um futuro exemplar para seus filhos, para que os seus atos possam influenciar na sociedade.

“A sociedade não é senão o desenvolvimento de família; se o homem sai corrompido do meio dos seus parentes, entrará corrompido na sociedade”.

O filho é um ser humano, necessariamente orientado para o seu próprio desenvolvimento, e os pais têm a função de lhe assegurar esse desenvolvimento, criando as necessárias condições e conduzindo-o pelo caminho que lhe convém. A felicidade dos pais reside em serem as testemunhas da felicidade dos filhos, as testemunhas do seu êxito e em sentir orgulho desse êxito, porque os seus filhos são a sua felicidade, os seus êxitos são, de algum modo, os dos seus pais. O amor dos pais é desinteressado por natureza, no sentido de que é natural nos pais considerar a felicidade e a infelicidade dos filhos, os seus sucessos e os seus fracassos, como próprios...

Manoel Rocha Lobo
Enviado por Manoel Rocha Lobo em 12/08/2013
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