O CAPITALISMO E A NATUREZA

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

"A tendência da Natureza, através de evolução criativa, é a de formar qualquer "todo" como sendo maior do que a soma de suas partes". (Jan Smuts, criador da palavra “holismo” e primeiro-ministro da África do Sul, no livro: Holism and Evolution, em 1926).

A natureza já não é mais povoada por deuses, pode ser tornada objeto e já que não tem alma, pode ser dividida, mutilada, esquartejada etc.

O capitalismo leva essa tendência às últimas conseqüências. O Iluminismo, no século XVIII, traz a crítica da metafísica (além do mundo, da natureza). Em nome da física (natureza concreta, tangível, palpável) a Revolução Industrial termina evidenciando a força dessas idéias, como explica GONÇALVEZ (1989, p.23):

o século XIX será a do triunfo desse mundo pragmático, com a ciência e a técnica adquirindo, como nunca, um significado central na vida dos homens. A natureza, cada vez mais um objeto a ser possuído e dominado, é agora subdividida em física, química, biologia. O homem em economia, sociologia, antropologia, história, psicologia, etc. Qualquer tentativa de pensar o homem e a natureza de uma forma orgânica e integrada torna-se agora mais difícil, até porque a divisão não se dá somente enquanto pensamento. [...] A idéia de uma natureza objetiva e exterior ao homem, o que pressupõe uma idéia de homem, não-natural e fora da natureza, cristaliza-se com a civilização industrial, inaugurada pelo capitalismo. As ciências da natureza se separam das ciências do homem; cria-se um abismo colossal entre uma e outra e, tudo isso, não é só uma questão de concepção do mundo.

Na filosofia medieval existia a separação entre espírito e matéria, hoje a separação entre sujeito e objeto. O homem, o sujeito, debruça-se sobre a natureza, objeto, tornada coisa. E infelizmente constata-se hoje que as universidades estão estruturadas com base nesta oposição: de um lado as ciências da natureza e, de outro, as ciências humanas. O saber, cada vez mais subdividido e individualizado torna-se coerente, no mínimo, com o processo de industrialização onde cada fábrica especializada exige também um saber especializado, ciência fragmentada, individualizada, dicotomizada num mundo de homens fragmentados, onde uns pensam e outros apenas operam.

Encontramos então outro paradigma da ciência moderna: a concepção atomística-individualista, explicado por MOSCOVICI (1975, p. 70):

tudo agora é moldado segundo esse padrão: átomo permanente, indivisível, ou mônada sem portas nem janelas, organismo lutando pela sobrevivência – o mais forte há de vencer! – animal agregado a uma horda; comprador ou vendedor no mercado: sábio isolado às voltas com os enigmas do universo. Em física, em biologia, em economia, em filosofia, em toda parte, o indivíduo é a unidade de referência.

Por exemplo, na física: o átomo, na biologia: a célula, nas ciências do homem: o indivíduo. Mas o século XX exige novos paradigmas e, porque não, novas naturezas.

Os antigos conceitos desmoronaram-se completamente diante de novas teorias do conhecimento como a teoria da relatividade de Albert Einstein e a teoria quântica de Heisenberg e outros.

A própria física muda sua visão de mundo, contradizendo os conceitos de Newton e Descartes. CAPRA (1982, p.72) sintetizou esta mudança:

as duas tortas básicas da física moderna transcenderam, pois, os principais aspectos da visão de mundo cartesiano e da física newtoniana. A teoria quântica mostrou que as partículas subatômicas não são grãos isolados de matéria, mas modelos de probabilidade, interconexões numa inseparável teia cósmica que inclui o observador humano e sua consciência. A teoria da relatividade fez com que a teia cósmica adquirisse vida, por assim dizer, ao revelar seu caráter intrinsecamente dinâmico, ao mostrar que sua atividade é a própria essência de seu ser. [...] Na física moderna, a imagem do universo como uma máquina foi transcendida por uma visão dele como um todo e só podem ser entendidas como modelos de processo cósmico. No nível subatômico, as inter-relações entre as partes do todo são mais fundamentais do que as próprias partes. Há movimento, mas não existem, em última análise, objetos moventes; há atividade; mas não existem atores; não há dançarinos, somente dança.

No século XX, ganha consistência a idéia de sistema, em todas as áreas do conhecimento humano, tais como a física, antropologia, geografia, história, etc., e então o reducionismo atomístico-individualista cede lugar ao sistema holista, ou seja, tem origem no chamado holismo (originário do grego “holos” que significa inteiro ou todo) é a ideia de que as propriedades de um sistema, quer se trate de seres humanos ou de quaisquer outros organismos, não podem ser explicadas apenas pela soma dos seus componentes em si falando propriamente dito, de modo que o sistema como um todo determina como se comportam as suas partes. É verdade que o princípio geral do holismo pode ser resumido através da Metafísica de Aristóteles, quando menciona que o todo é maior do que a simples soma das suas partes.

Claro! O mundo é visto como um todo integrado, como um organismo. Podemos também ser chamado por não-reducionismo, tendo em vista ser o posto do reducionismo e ao pensamento cartesiano. Em síntese pode ser compreendido ou visto como o oposto do que chamamos de atomismo ou mesmo de materialismo.

Sabemos de que de uma forma ou de outra, o principio do holismo foi debatido e discutido em todas as suas dimensões por pensadores de todos os níveis de conhecimentos na História da humanidade. Podemos mencionar, por exemplo, Augusto Comte (1798-1857, o primeiro filósofo de renome internacional que fez questão de instituir o holismo para a ciência, ao sobrepor a importância do espírito de conjunto e/ou de síntese, em oposição ou sobre o chamado espírito de detalhes ou de análise, advindo daí uma compreensão adequada para aquele momento da ciência em si e de seu valor para se ter uma visão de conjunto da existência humana.

Finalmente, o médico e sociólogo Nicholas A. Chistakis, em “Shorthand abstractions and the cognitive toolkit” (2011), menciona de que “"nos últimos séculos o projeto cartesiano na ciência tem sido insuficiente ou redutor ao pretender romper a matéria em pedaços cada vez menores, na busca de entendimento. E isso pode funcionar, até certo ponto ... mas também recolocar as coisas em conjunto, a fim de entendê-las melhor, devido à dificuldade ou complexidade de uma questão ou problema em particular, normalmente, vem sempre mais tarde no desenvolvimento da pesquisa, da abordagem de um cientista, ou no desenvolvimento da ciência".

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FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

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Biblioteca

Instituto Histórico e Geográfico Paraibano

FONTE: http://www.ihgp.net/biblioteca/index.php?item=10

História

Autor: AGUIAR, Francisco de Paula.

Título: Santa Rita, sua História, sua Gente: origem, história, povo, sociedade, bases econômicas e antropologia geo-social e cultural

Editor: Campina Grande/PB: Gráfica Julio Costa, 1985. 109 p. il.

Descritores: SANTA RITA, HISTÓRIA, MUNICÍPIO DA PARAÍBA.

Série: s.s.

Notas: Traz foto do autor e seus pais, da Bandeira Oficial do Município de Santa Rita (p.91), Brasão Oficial (p.93), Brasão e Armas do Colégio Francisco Aguiar (p. 95).

Localização: HIS-60 PB (5392/97)

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 28/04/2013
Código do texto: T4263728
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