Ócios da beleza

A mídia quer vender, isso todo mundo sabe. Mas já parou para pensar que nos que vendemos para ela? Cada subcultura dentro da nossa cultura define um tipo de beleza. Tem o estilo de mulheres que querem ser extremamente magras para “se encaixar” nos padrões internacionais. O estilo brasileiro de ter o corpo malhado, tanto homens como mulheres.

A obsessão já está num nível tão grande que as pessoas não sabem mais quem realmente elas são. Isso é uma coisa presente em todos os níveis sociais e em certos ambientes se tornou comum. Mulheres preocupadas quando aparecem fios brancos, homens desesperados com a calvície. Plásticas e mais plásticas junto com o medo de envelhecer e perder o falso valor perante a sociedade.

As unhas tem que ser bem feitas, usar roupas bonitas e bijuterias que são o consumo de alguns e fazem outros sonhar, mas é aquele sonho que no fundo do cenário é um pesadelo que ninguém sabe. Os homens querem ter o corpo definido com a expectativa de conquistar com mais facilidade. Na verdade tudo isso é ilusão.

O mais importante é o caráter, não o que usar. A fidelidade é mais essencial do que um rosto sem rugas. Ter os olhos como o reflexo de autoestima boa é melhor do que ser escravo do que diz que é belo. Num dia de domingo estava vendo um canal de televisão e tive a informação que a maioria da população brasileira tinha cabelo cacheado, então pensei que deve ser por isso que tem tantos comerciais de alisamento capilar, pois assim eles lucrariam mais. Percebi que o valor da moda é o dinheiro que pode proporcionar certo grupo de pessoas. Li num livro de sociologia que muitos produtos são feitos para pessoas mais ricas e quando eles atingiam uma classe, fazia um produto para um poder aquisitivo menor de outra classe e assim por diante.

Eu mesmo já me peguei no espelho questionando a minha aparência. O porquê do meu nariz ser tão feio, dos meus dentes não estarem alinhados, das linhas de expressão, do formato das orelhas e assim por diante. Mas eu sei que somos perfeitos do jeito que somos. Pois o que vale é o que provém do nosso interior, de ter um nome limpo e da autoestima boa, pois a verdadeira felicidade está em se aceitar e acertar o errado, isso depende de pessoa para pessoa.

Parece que a vaidade é amiga íntima da inveja. Porque quando o outro tem, tem a inveja de querer o mesmo ou o melhor. Assim que é movido a indústria na mente das pessoas.

Já estamos reificados de uma maneira tão intensa que nem percebemos isso. Lembro certa vez que vi um seriado e teve uma cena que me chamou a atenção. O marido pegou todas a maquiagem da mulher para jogar fora, quando ele ia fazer o ato ela chegou em casa e perguntou o que ele tinha na sacola, ele disse que ia jogar toda a maquiagem fora. Ela desesperada disse que ELA estava dentro daquela sacola, que sua boca, cílios, olhos e TUDO estava ali dentro.

Pode parecer estranho mas nós somos assim. Eu não sou eu, eu sou o perfume, a roupa, o creme de pele e tudo mais que é usado. Eu me torno aquela coisa, imagine se um dia faltar? Certas vezes falta e você fica preso naquilo e sua certeza de sucesso vai embora junto.

Quando olho para o espelho não sou mais o nariz e as orelhas feias. Sou o que sabe dar uma dica, que tem fidelidade com seus compromissos, não desiste de tentar a vitória e que é feliz mesmo não sendo o ócio da beleza.