Fatos do dia a dia 09

Zéfininha

Lamento profundamente tudo o que aconteceu, foi inteiramente contra a minha vontade. Você melhor do que ninguém sabe disso. Nunca, em momento algum ti feri com palavras ou com agressões. Pergunto-me porque você alimenta tanto ódio dentro da tua alma, dentro do teu coração, principalmente por pessoas que só te deseja bem. Todo o tratamento dado por mim, a você Zéfininha, sempre foi muito especial, diferenciado. Nada justifica o que querias fazer comigo. Você falava e falava, que ira quebrar garrafas de cervejas em minha cabeça, me deixar ali, na naquela praça ensangüentado, distante de qualquer socorro médico.

Você me acuava, me coagia, me pressionava, me tinha em suas mãos. Assim como um seqüestrador tem a vítima em suas mãos, á sua mercê. A diferença era que eu estava seqüestrado de uma certa forma a céu aberto.

Naquele momento me senti tão só, tão desprotegido e pensando no que poderia acontecer de pior comigo. Imaginei-me morto dentro de um caixão com quatro velas acesas iluminando o meu corpo e meus amigos no meu velório. Resolvi levar ao conhecimento do dono da birosca, o mineiro, o que estava se passando. Você se levantou imediatamente da mesa e foi lá para conferir, para saber o que conversávamos.

Diante de tudo passei a pensar de como eu poderia me libertar de você Zéfininha. Fugir daquele pesadelo. Você continuava a beber, dizendo que bebia em minha intenção.

Eu não tive outra alternativa, senão, num ato de bravura levantar-me da mesa, pegar o maço de cigarros que estava na cela do meu cavalo e dali sair com vida.

Mesmo com tudo o que você fez Zéfininha. Não guardo ódio, e nem rancor de você. Só que estou saindo fora Zéfininha.

Seja feliz!

Adeus João Tição.

Nilópolis, 23/05/1997