Princesa Tecelã: do auge à decadência e como Americana ele se recuperou

Os primórdios de Americana datam das últimas décadas do século XVIII, com a vinda de seus primeiros habitantes alemães, italianos e principalmente americanos – refugiados da Guerra Civil Americana —, povo que deu origem ao nome da cidade, que só será de fato fundada em 1887, na presença de Dom Pedro II, com a construção da linha férrea. A cidade tem grande conexão com o desenvolvimento do espaço econômico brasileiro; contribuindo com sua a economia cafeeira, açucareira, e principalmente industrial, com destaque para o ramo têxtil, que já foi o principal motor econômico do município, ficando conhecido como Princesa Tecelã. No mesmo ano de sua fundação, foi instalada a primeira fábrica de tecidos de algodão, posteriormente ampliada em 1902, sob administração da família Müller, tornando-se núcleo do Parque Industrial de Americana que foi se desenvolvendo como povoado, distrito, vila e cidade, atraindo muitos imigrantes para trabalharem nas tecelagens, adquirindo destaque internacional ao tornar-se a maior produtora de fibras artificiais e sintéticas de toda a América Latina. Porém, em 1990, houve a ascensão de Fernando Henrique Collor na presidência do Brasil, com seu governo que visava levantar o país da crise que o consumia. Uma das medidas mais marcantes e polêmicas adotadas foi a abertura do mercado brasileiro aos produtos estrangeiros, que causou um grande impacto na economia de todo o país. A região metropolitana de Campinas era conhecida como polo industrial na época, com destaque ao setor têxtil, e entre os principais efeitos dessa medida para Americana foi a falência de várias fabricas de tecelagem e extinção de 20 mil postos de trabalhos na cidade, pois o preço dos produtos e tecidos de fora eram mais baixos, causando uma crise sem precedentes, pois além de perder o mercado têxtil, os empresários tinha dívidas de máquinas a serem pagas. Com apoio das autoridades e trabalhadores locais, resolveram fazer uma grande manifestação na praça principal da cidade no dia 18 de maio de 1995 seguindo para a Rodovia Anhanguera, com o intuito de bloquear a pista. Em entrevista o presidente do Sindicato das Indústrias de Tecelagens de Americana, Nova Odessa e Santa Bárbara d’Oeste, Fábio Bereta Rossi, explicou: “Foi feita uma manifestação na Praça Comendador Müller, com a queima de produtos importados, e seguimos para a Rodovia Anhanguera, houve confronto com bombas, agressões, ônibus paralisados, muitos em apoio à causa, muitos foram feridos, inclusive eu”. A manifestação durou apenas um dia, mas sua repercussão foi grande o suficiente para ficar marcada na história do município. Depois dela, o Governo Federal passou a aplicar impostos em torno de 60% em cima dos tecidos importados até a indústria se modernizar. Hoje, o principal setor da economia da cidade é o terciário, principalmente na área de comercio, mas a indústria continua ocupando lugar importantíssimo, com destaque para as áreas metalúrgica, de borracha e alimentícia. O setor têxtil continua com sua fama internacional, abastecendo o mercado com produtos amplamente utilizados na moda feminina, camisaria, decoração, indústria, cama e mesa. Ao contrário do que muita gente pensa, a essência da grande importância econômica de São Paulo não é sua capital, mas sim seu riquíssimo e desenvolvido interior. E Americana, apesar de crise que enfrentou com a vinda de capital estrangeiro durante o governo Collor, hoje carrega uma identidade de tranquilidade, urbanismo, comércio e modernidade.

Suzannah Harrison
Enviado por Suzannah Harrison em 16/09/2012
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