Mensagem do além.

Via fantasmas, tinha pesadelos, quantos vultos parados na minha frente acenando para mim e que de repente sumiam numa nuvem de fumaça.

Sentia calafrios mesmo em noites quentes, às vezes batia o queixo de tanto frio embaixo de um sol escaldante, e nas vitrines das lojas por onde marcava os meus trôpegos passos assustava com a minha própria imagem refletida nos espelhos, arrastava comigo o que antes havia sido o orgulho de ser gente, e ai o medo, a angustia tomava a frente, deixando em mim a sensação de que desta vez havia perdido de vez, e as imagens fantasmagóricas voltavam mais fortes apontando os dedos bem diante do meu nariz como que me acusando abertamente dos meus próprios erros, como se já não bastasse eu mesmo ter que admiti-los.

Vagamente lembro que ali sentei, bem no meio daqueles que tanto vinham me assombrando, já não havia mais medo, apenas um cansaço assustador que faziam com que meus membros ficassem quase inertes. Olhava em volta, nada via, nenhum som a minha volta, só aquele triste desejo que ainda insistia que deveria atender o meu trágico vicio, e ali, com a seringa na mão, parado, olhando sem ver, apenas esperando o efeito do que havia cheirado para depois dar o último golpe nesta minha veia já tão perfurada, e do nada veio o alivio, a principio achei que fosse das drogas que corriam dentro de mim, depois aos poucos fui percebendo que eu poderia ainda, mesmo sendo assustador aos olhos de quem passava, um exemplo a não seguir, tudo porque fui traído pelas amizades que escolhi. E ai, sem mais poder ter escolha, me juntei aos fantasmas que me aguardavam e deste mundo sai.

DIASMONTE
Enviado por DIASMONTE em 19/02/2012
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