Reprovação nas escolas
"A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces."
ARISTÓTELES
É cada uma que vemos por aí. Vejam a "notícia" abaixo sobre uma pesquisa em relação à reprovação nas escolas:
"Reprovação nas escolas não é o melhor caminho para aumentar a produtividade do aluno. Essa é a conclusão de um estudo divulgado nesta quarta-feira pela OCDE, organização que reúne as nações mais desenvolvidas do mundo. De acordo com o levantamento, os países que adotam o sistema de reprovação registram baixo desempenho no Pisa, avaliação internacional capitaneada pela OCDE. Além disso, repetir um aluno custa caro, para o governo e para a sociedade.
Segundo o estudo, na China e Japão, primeiro e oitavo colocados no Pisa, respectivamente, o índice de reprovação é próximo do zero. Por outro lado, em nações como Argentina (58º), Colômbia (52º) e Uruguai (47º), o índice de reprovação está acima dos 30%. No Brasil, a taxa é de 40%, e o país ocupa a 53ª posição entre 65 nações que participam do Pisa.
Além de afetar o desempenho dos estudantes, o sistema de repetência demanda grandes custos para o governo, que precisa pagar os estudos das crianças e jovens reprovados por mais um ano, e para a sociedade, uma vez que os estudantes demoram mais para entrar no mercado de trabalho. Em países como Islândia, o custo monetário é pequeno, cerca de 500 dólares anuais. Mas na Bélgica e Espanha, que registram taxas de reprovação maiores, o custo pode ultrapassar os 11.000 dólares anuais por aluno.
Outra prática apontada pela OCDE como pouco produtiva é a transferência, para outras escolas, dos alunos com baixo desempenho, necessidades especiais de aprendizado ou problemas comportamentais. É uma prática comum na Colômbia e Grécia – ambos tiveram um rendimento abaixo do esperado na última edição do Pisa.
"Uma vez transferidos, os estudantes mantêm menos contato com os antigos colegas, o que afeta seu círculo social. Também, perdem a motivação para os próximos exames", diz o texto do relatório.
O estudo da OCDE acrescenta ainda que, nas escolas onde a transferência não é uma opção comum, os diretores tendem a ser mais responsáveis pelo desempenho de seus alunos. Esses educadores buscam saídas efetivas que interfiram no rendimento dos alunos com dificuldades de aprendizado ou de comportamento." (Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/reprovar-alunos-e-contraproducente-diz-ocde )
Ora, se os países onde o índice de reprovação é pequeno obtiveram melhores colocações, não é possível deduzir daí (como o texto quer fazer crer) que a causa desse resultado positivo seja a ausência de reprovação, isso é completamente falacioso. O mais provável é que os países melhor colocados tenham um menor índice de reprovação por que os estudantes se esforçam mais, os professores são mais bem preparados e a cobrança por uma postura responsável e dedicada aos estudos por parte dos alunos é (como no caso do Japão) uma constante na estrutura educacional. No Brasil já se tentou eliminar a reprovação no ensino (público, por que as boas escolas particulares nunca entraram em tamanha “imbecilidade”) e, que eu saiba, o único resultado que isso deu foi o gigantesco número de pessoas que se formaram no segundo grau e ainda são, a rigor, analfabetos. A tragédia de nossa educação tem os seus “culpados” e estes são justamente os que ficam tentando colocar a culpa em coisas como “A Reprovação”, “O Capitalismo”, “A Família”, etc.
Por falar em educação, recomendo muito a palestra do professor da USP Júlio Groppa Aquino, doutor em educação, chamada “A Família no Fogo Cruzado da Educação Contemporânea”, proferida na CPFL Cultura em Campinas. O vídeo da palestra na íntegra está no link a seguir: http://www.cpflcultura.com.br/site/2010/04/23/a-familia-no-fogo-cruzado-da-educacao-contemporanea/
Uma excelente e, sobretudo, realista abordagem acerca da educação nestes “tempos sombrios”.