PERDIDOS NA NOITE (MIDNIGHT COWBOY)
Premiado com o Oscar de melhor filme, direção e roteiro adaptado em 1969, "Midnight Cowboy", que recebeu o nome "Perdidos na noite" por aqui, é uma obra-prima do desencanto. O diretor inglês John Schlesinger, responsável por filmes como "Domingo maldito", "O dia do gafanhoto" e "A maratona da morte", logo em sua primeira cena, deixa claro ao espectador que não vai fazer um filme típico daqueles tempos: como se saindo de uma tela de drive-in, temos a visão de uma cidade pequena americana. Logo somos apresentados a Joe Buck (Jon Voight), um cowboy fake fã de John Wayne, que trabalha em uma lanchonete. Convencido de que é um "garanhão", um homem muito "bom de cama", decide largar tudo e ser michê em Nova Iorque, escort boy de senhoras ricas e entediadas. Com seu rádio de pilha, hospeda-se em um hotel e vai para as ruas, "cercar" as suas vítimas. No entanto, nada sai como ele esperava.
Perde suas poucas economias, é expulso do hotel e, nas ruas, encontra Ratso Rizzo, um miserável tuberculoso, uma das inesquecíveis interpretações de Dustin Hoffman. A princípio, Ratso engana Joe Buck e foge. Porém, quando ambos se reencontram, surge a amizade, afinal, nas agruras da cidade, um só tem o outro para se apoiar. De sonho em sonho e de fracasso em fracasso, os dois vão conhecendo o lado mais sórdido de Nova Iorque, nos anos da Guerra do Vietnam.
Esse foi o único filme de classificação X a ser premiado com o Oscar. Foi o primeiro filme verdadeiramente adulto de Hollywood, segundo alguns críticos. É um filme que sobrevive aos nossos dias, pois: a) mostra um retrato límpido de uma época, b) conta com atuações monumentais de Jon Voight (que hoje em dia é mais conhecido como o pai da Angelina Jolie) e Dustin Hoffman, e c) não dá espaço a explicações fáceis: muito do drama de Joe Buck é apenas sugerido em flashbacks que não explicam os fatos. Apesar de sua ingenuidade, o cowboy é um amálgama de sentimentos contraditórios. A certa altura da obra, a própria masculinidade do "garanhão" é questionada. E a sua relação com a avó deixa muitas nuvens escuras no ar. Já o Ratso de Dustin Hoffman é, ao mesmo tempo, asqueroso e terno. Por trás de toda a sua repelência, há um sonhador, a única pessoa a compreender a figura do "cowboy da meia-noite".
"Midnight Cowboy" é um filme sobre uma amizade. É o retrato de uma América de dentes cariados, olhos fundos e roupas velhas. É uma fotografia em polaróide do desbunde versão Nova Iorque. É a imagem colorida do desencanto do "american way of life".
Outro ponto marcante (depois de assistir o filme, você vai entender...) é a trilha sonora do filme. A canção "Everybody's talkin'", de Harry Nilsson, permeia o filme e fica na memória. A gaita de Toots Thielemans, no tema chamado "Midnight Cowboy", pontua as visões noturnas de Nova Iorque.
Para quem gosta de correrias pseudo-intelectuais como "O código Da Vinci", talvez o filme de John Schlesinger seja entediante, lento, ruim. Mas, para quem tem um olhar aberto pela luz da poesia, o filme não é menos que uma obra-prima!
Premiado com o Oscar de melhor filme, direção e roteiro adaptado em 1969, "Midnight Cowboy", que recebeu o nome "Perdidos na noite" por aqui, é uma obra-prima do desencanto. O diretor inglês John Schlesinger, responsável por filmes como "Domingo maldito", "O dia do gafanhoto" e "A maratona da morte", logo em sua primeira cena, deixa claro ao espectador que não vai fazer um filme típico daqueles tempos: como se saindo de uma tela de drive-in, temos a visão de uma cidade pequena americana. Logo somos apresentados a Joe Buck (Jon Voight), um cowboy fake fã de John Wayne, que trabalha em uma lanchonete. Convencido de que é um "garanhão", um homem muito "bom de cama", decide largar tudo e ser michê em Nova Iorque, escort boy de senhoras ricas e entediadas. Com seu rádio de pilha, hospeda-se em um hotel e vai para as ruas, "cercar" as suas vítimas. No entanto, nada sai como ele esperava.
Perde suas poucas economias, é expulso do hotel e, nas ruas, encontra Ratso Rizzo, um miserável tuberculoso, uma das inesquecíveis interpretações de Dustin Hoffman. A princípio, Ratso engana Joe Buck e foge. Porém, quando ambos se reencontram, surge a amizade, afinal, nas agruras da cidade, um só tem o outro para se apoiar. De sonho em sonho e de fracasso em fracasso, os dois vão conhecendo o lado mais sórdido de Nova Iorque, nos anos da Guerra do Vietnam.
Esse foi o único filme de classificação X a ser premiado com o Oscar. Foi o primeiro filme verdadeiramente adulto de Hollywood, segundo alguns críticos. É um filme que sobrevive aos nossos dias, pois: a) mostra um retrato límpido de uma época, b) conta com atuações monumentais de Jon Voight (que hoje em dia é mais conhecido como o pai da Angelina Jolie) e Dustin Hoffman, e c) não dá espaço a explicações fáceis: muito do drama de Joe Buck é apenas sugerido em flashbacks que não explicam os fatos. Apesar de sua ingenuidade, o cowboy é um amálgama de sentimentos contraditórios. A certa altura da obra, a própria masculinidade do "garanhão" é questionada. E a sua relação com a avó deixa muitas nuvens escuras no ar. Já o Ratso de Dustin Hoffman é, ao mesmo tempo, asqueroso e terno. Por trás de toda a sua repelência, há um sonhador, a única pessoa a compreender a figura do "cowboy da meia-noite".
"Midnight Cowboy" é um filme sobre uma amizade. É o retrato de uma América de dentes cariados, olhos fundos e roupas velhas. É uma fotografia em polaróide do desbunde versão Nova Iorque. É a imagem colorida do desencanto do "american way of life".
Outro ponto marcante (depois de assistir o filme, você vai entender...) é a trilha sonora do filme. A canção "Everybody's talkin'", de Harry Nilsson, permeia o filme e fica na memória. A gaita de Toots Thielemans, no tema chamado "Midnight Cowboy", pontua as visões noturnas de Nova Iorque.
Para quem gosta de correrias pseudo-intelectuais como "O código Da Vinci", talvez o filme de John Schlesinger seja entediante, lento, ruim. Mas, para quem tem um olhar aberto pela luz da poesia, o filme não é menos que uma obra-prima!