Natal - como é festejada a grande festa do ano em Portugal

Em Portugal, país de grande tradição católica, o Natal é a festa familiar mais aguardada.

Semanas antes decoram-se as casas com pinheiros cheios de luzes, grinaldas e um sem número de enfeites.

Encontram-se no mercado vários tipos de pinheiros, desde os naturais (o tradicional pinheiro português) - o que causa transtornos ao equilíbrio ecológico, dado à destruição alarmante dessas árvores em pleno processo de crescimento - aos artificiais feitos de materiais sintéticos que se desmontam e se guardam até à próxima época natalícia.

O presépio é indispensável, com musgo, madeira, grutas, montanhas, pedras, rios, cachoeiras e as figuras centrais tradicionais.

As origens de muitas das tradições que caracterizam as celebrações modernas do Natal perdem-se nos tempos. A festa que é das crianças e encanta os adultos é, de fato, a época do ano mais esperada.

O ato de trocar presentes entre aqueles que estão próximos é o mais antigo de todos os costumes do solstício do Inverno.

Quem não gosta de oferecer um presente aos seus familiares, especialmente às crianças? O importante é não nos esquecermos de oferecer algo àqueles de quem gostamos, caro ou barato,

importa é se é dado com amor.

Todas as pessoas que têm a sorte de ter uma lareira em suas casas podem ter motivos muito diversos e adequados à sua decoração, na quadra do Natal. Em Portugal, devido ao frio que se faz sentir no final do mês de dezembro, é muito agradável passar esta quadra festiva junto a uma boa lareira. É fácil pensarmos no ambiente alegre e também cheio de calor humano vivido entre família.

Associa-se o Natal à brancura da neve. Em Portugal e em toda a Europa, são muitas as regiões onde neva na época de Natal.

Festa tendo como centro a família, celebra-se ainda de acordo com costumes ancestrais próprios de cada região, uma alma própria que o tempo não conseguiu fazer desaparecer.

Assim, de norte a sul, no meio rural ou na cidade, o país revive no Natal um ritual ancestral. E é nas grandes metrópoles, como Lisboa, Porto e Coimbra, que o clima festivo desta quadra começa a ser vivido mais cedo, ainda muito antes daqueles dias que o calendário lhe reserva, com as iluminações públicas que já ganharam tradições. O comércio conhece o frenesim que a todos contagia, tudo se compra e tudo se vende como em mais nenhuma outra época do ano, especialmente brinquedos, pois o Natal destina-se especialmente aos mais novos.

Em algumas aldeias do nordeste de Portugal as pessoas ainda guardam tradições como o acender do "madeiro", um momento revestido de grande beleza.

Juntam-se vários rapazes da aldeia e lá vão campo fora em tratores (antigamente iam com carros de bois) a fim de arrancarem o "madeiro", grossos e volumosos troncos de árvores velhas que são levados para o meio da principal praça ou largo da aldeia.

Quando os rapazes chegam à aldeia com o “madeiro”, a praça depressa fica repleta de gente, que cheia de curiosidade, vem ver que tal é o "madeiro" deste ano, e que, muito em breve há-de arder. Irrompem então manifestações de alegria, vindas de todos os lados, aos simpáticos e valentes rapazes, que para não deixarem extinguir o fogo de uma tradição muito remota, tão longe o foram buscar.

Chega finalmente a manhã do dia 24 de dezembro, dia em que se há-de deitar fogo ao "madeiro". É um dia aguardado com ansiedade..

O "madeiro" é regado com gasolina (antigamente eram colocadas muitas pinhas e palha) e este começa a arder. A multidão grita "arda o madeiro que ainda está inteiro". O entusiasmo é indescritível.

A noite vai caindo e o povo começa a recolher a suas casas.

O "madeiro" arde em altas chamas durante a longa noite de Natal e, às vezes, durante vários dias. Quase todas as pessoas da aldeia se juntam em volta daquela enorme fogueira. E ali, durante horas e dias, conversa-se, namora-se, discute-se, come-se, bebe-se, compra-se, vende-se, discute-se o preço do vinho, da azeitona e do azeite...

Não falta quem apanhe umas brasas acesas e as leve para casa, porque acredita-se que representa qualquer coisa de sagrado e isso basta para afugentar os raios e as trovoadas. É assim a tradição do "madeiro" que já pouco se cumpre, entre outras que estão a entrar em desuso, como é o caso da tradicional missa do galo que a fá cristã celebra à meia noite do dia 24 de dezembro.

A outra face do Natal

Natal é, por norma, uma época para passar mais tempo com a família e amigos. Significa confraternização. Família. Reunião. Ceia. Alegria. Troca de presentes. Festa. Beijos e abraços. Mas o Natal é também uma época que reforça o sentimento de solidão. Para muitas pessoas, pode ser uma época muito triste e fazer-se acompanhar por sentimentos de desamparo e desânimo. Aquela que para muitos é a época mais feliz do ano, para outros é precisamente o contrário.

No mundo inteiro, e Portugal não é exceção, há muitas pessoas que passam o Natal sozinhas. Outras, porque foram trabalhar para o estrangeiros, para poderem sustentar suas famílias e estão longe delas.

No mundo inteiro, muitas pessoas e a maior parte crianças, passam o Natal sem presentes, sem comida, na rua, ao frio e sem família.

Outras pessoas, devido a brigas familiares, a padrões religiosos ou de comportamento também passam, por vontade própria, essa época sozinhas.

Há ainda outras pessoas que, simplesmente, não festejam o Natal. Para elas o segredo reside na capacidade de sair da ritualidade muito “litúrgica” das festas e procurar inventar novas maneiras de celebrar o Natal assim como o Ano Novo e outras mais festas.

Seria bom que todo o espírito de alegria e confraternização da época natalícia não fosse apenas temporário, mas sim todos os dias do ano.

Desejo a todas as pessoas e principalmente a todas as crianças que atrás referi, um possível e bom reencontro com seus familiares, num lar decorado com felicidade e amor, onde todas as carências sejam supridas.

(leia a próxima publicação, relacionada: O Natal que se vive na mesa Portuguesa)

Ana Flor do Lácio (15/12/2010)

Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 16/12/2010
Reeditado em 25/12/2019
Código do texto: T2674317
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