Uma pequena Canção: Confesso que.... EC
Nunca fiz um soneto. É o meu maior fracasso na lida com as letras. Mas confesso: sou fascinada por eles. Ler um bom soneto é um prazer literário inigualável. Por outro lado, sonetos ruins fazem mal a sensibilidade. E, embora os sites de literatura, que é onde mais leio sonetos ultimamente, tenham ótimos sonetistas, ainda encontro muitos poemas classificados como sonetos, o que nunca foram. O soneto é uma pequena canção que não admite liberdades. Quem quer liberdade no escrever, escreva qualquer coisa que quiser, mas não um soneto. E se escrever basta não chamá-lo de soneto. Chame de outra coisa qualquer. Muitos até são bons, são ótimos: mas não são sonetos. Então não queira criar sobre o que já foi tão bem criado, inventar o que já foi inventado, acrescentar naquilo que não precisa de acréscimos. A não ser que você seja um Mestre e se reconheça como tal. Ou seja reconhecido.Pois o soneto é uma forma perfeita que admite apenas três variações, estabelecidas ao longo do tempo. Para modificá-lo só mesmo os grandes mestres da escrita. Eu não ouso.
O soneto tem 14 versos, isso é indiscutível.
O soneto mais comum é o que distribui esses 14 versos em quatro estrofes: as duas primeiras com quatro versos e as duas últimas com três. É o soneto italiano ou petrarqueano( de Petrarca). No meu entendimento esse é o verdadeiro soneto, aspiração máxima de um bom poeta. Não gosto do soneto inglês (ou shakespeariano) apesar da modificação feita ter sido pequena – três estrofes de quatro versos mais um dístico ( estrofe de dois versos). E tem ainda o monostrófico, esse. Um palavrão com uma única estrofe. Mas com 14 versos.
A origem do soneto está bem distante de nós, lá no século XIII – pequenas canções cujas letras se distribuíam em oito versos e mais dois tercetos. A melodia para a primeira estrofe era diferente da melodia para os dois tercetos seguintes.
Foi o poeta florentino Francesco Petrarca quem aperfeiçoou a estrutura do soneto e o divulgou por toda a Europa. Suas melhores criações foram canções para celebrar o amor que sentia por Laura. Um amor platônico.
Os sonetos são geralmente poemas líricos, dedicados ao amor. Mas o amor não basta para fazer um bom soneto. Em sua confecção há toda uma estrutura lógica a ser respeitada: é necessário que seja composto de começo, meio e fim – este, a “ chave de ouro”, a última estrofe, terceto que tem o propósito de dizer a que veio o poema.
E olha que estou escrevendo principalmente sobre a quantidade de versos. Não falo da métrica e da rima necessárias para que um soneto fique perfeito. Nem da quantidade de sílabas que cada verso exige – sendo porém óbvio que todos os versos precisam ter a mesma quantidades de sílabas. A maior parte dos sonetos são ou decassílabos (10 sílabas) ou dodecassílabos (12 sílabas). Estes últimos são chamados de alexandrinos. E a contagem das sílabas não segue a regra da escrita gramatical e sim a regra do “ouvir”, ou seja, como eu ouço a sílaba. Assim é que sílabas que terminam em vogais se juntam a sílabas que começam com vogais e produzem uma única sílaba (ou único som).
Os versos para rimar também precisam de ordem, não basta rimá-los. Mas aqui além de regras mais fáceis de serem seguidas, há um segredinho, basta seguir o critério das letrinhas ajuntadas: ABBA/ABAB/AABB, cada letra representando um verso.
Quando tento fazer um soneto não é nem a rima nem a métrica que me tolhem. Além da “chave de ouro”, é a tal da sonoridade que é outro elemento muito importante – o lugar onde cai a sílaba tônica em um verso. É aí que, como diria o filósofo Lybnitz Kaeh, a vaca vai pro brejo e eu desisto mais uma vez de fazer um bom filé.
E antes que alguém fique bravo comigo pensando: o que ela pensa que é para dizer que o meu soneto é ou não um soneto? Eu não estou dizendo. Você mesmo é que vai reconhecer isso se não segue as regras. Eu estou só dizendo como se faz. Porque sou uma boa leitora. Só isso, mas como isso, eu me reconheço. O que realmente tem importância é a sensibilidade do poeta, Logo não precisa chamar de soneto a um poema, porque se o soneto está contido no poema o poema não está contido no soneto. E além do mais, se ficou incomodado tire esse incômodo e aceite o conselho de alguém que também confessa que viveu e muito leu e a partir de agora pelo menos leia bons sonetistas para ampliar o conhecimento. Aqui no Recanto têm muitos, mas este assunto eu só toco no particular. Aqui, não vou dizer quem são.
Confesso que tentei fazer um soneto para publicar aqui e até comecei, escrevendo três versos:
‘’Confesso que vivi sem muita culpa
Confesso que vivi bem atrevida
E bem aproveitei a minha vida
mas, sério, não passei daqui e antes que as emendas que eu precisaria fazer ficassem piores que o soneto, desisti... Onde eu iria arrumar uma rima para culpa, no quarto verso?
Nunca fiz um soneto. É o meu maior fracasso na lida com as letras. Mas confesso: sou fascinada por eles. Ler um bom soneto é um prazer literário inigualável. Por outro lado, sonetos ruins fazem mal a sensibilidade. E, embora os sites de literatura, que é onde mais leio sonetos ultimamente, tenham ótimos sonetistas, ainda encontro muitos poemas classificados como sonetos, o que nunca foram. O soneto é uma pequena canção que não admite liberdades. Quem quer liberdade no escrever, escreva qualquer coisa que quiser, mas não um soneto. E se escrever basta não chamá-lo de soneto. Chame de outra coisa qualquer. Muitos até são bons, são ótimos: mas não são sonetos. Então não queira criar sobre o que já foi tão bem criado, inventar o que já foi inventado, acrescentar naquilo que não precisa de acréscimos. A não ser que você seja um Mestre e se reconheça como tal. Ou seja reconhecido.Pois o soneto é uma forma perfeita que admite apenas três variações, estabelecidas ao longo do tempo. Para modificá-lo só mesmo os grandes mestres da escrita. Eu não ouso.
O soneto tem 14 versos, isso é indiscutível.
O soneto mais comum é o que distribui esses 14 versos em quatro estrofes: as duas primeiras com quatro versos e as duas últimas com três. É o soneto italiano ou petrarqueano( de Petrarca). No meu entendimento esse é o verdadeiro soneto, aspiração máxima de um bom poeta. Não gosto do soneto inglês (ou shakespeariano) apesar da modificação feita ter sido pequena – três estrofes de quatro versos mais um dístico ( estrofe de dois versos). E tem ainda o monostrófico, esse. Um palavrão com uma única estrofe. Mas com 14 versos.
A origem do soneto está bem distante de nós, lá no século XIII – pequenas canções cujas letras se distribuíam em oito versos e mais dois tercetos. A melodia para a primeira estrofe era diferente da melodia para os dois tercetos seguintes.
Foi o poeta florentino Francesco Petrarca quem aperfeiçoou a estrutura do soneto e o divulgou por toda a Europa. Suas melhores criações foram canções para celebrar o amor que sentia por Laura. Um amor platônico.
Os sonetos são geralmente poemas líricos, dedicados ao amor. Mas o amor não basta para fazer um bom soneto. Em sua confecção há toda uma estrutura lógica a ser respeitada: é necessário que seja composto de começo, meio e fim – este, a “ chave de ouro”, a última estrofe, terceto que tem o propósito de dizer a que veio o poema.
E olha que estou escrevendo principalmente sobre a quantidade de versos. Não falo da métrica e da rima necessárias para que um soneto fique perfeito. Nem da quantidade de sílabas que cada verso exige – sendo porém óbvio que todos os versos precisam ter a mesma quantidades de sílabas. A maior parte dos sonetos são ou decassílabos (10 sílabas) ou dodecassílabos (12 sílabas). Estes últimos são chamados de alexandrinos. E a contagem das sílabas não segue a regra da escrita gramatical e sim a regra do “ouvir”, ou seja, como eu ouço a sílaba. Assim é que sílabas que terminam em vogais se juntam a sílabas que começam com vogais e produzem uma única sílaba (ou único som).
Os versos para rimar também precisam de ordem, não basta rimá-los. Mas aqui além de regras mais fáceis de serem seguidas, há um segredinho, basta seguir o critério das letrinhas ajuntadas: ABBA/ABAB/AABB, cada letra representando um verso.
Quando tento fazer um soneto não é nem a rima nem a métrica que me tolhem. Além da “chave de ouro”, é a tal da sonoridade que é outro elemento muito importante – o lugar onde cai a sílaba tônica em um verso. É aí que, como diria o filósofo Lybnitz Kaeh, a vaca vai pro brejo e eu desisto mais uma vez de fazer um bom filé.
E antes que alguém fique bravo comigo pensando: o que ela pensa que é para dizer que o meu soneto é ou não um soneto? Eu não estou dizendo. Você mesmo é que vai reconhecer isso se não segue as regras. Eu estou só dizendo como se faz. Porque sou uma boa leitora. Só isso, mas como isso, eu me reconheço. O que realmente tem importância é a sensibilidade do poeta, Logo não precisa chamar de soneto a um poema, porque se o soneto está contido no poema o poema não está contido no soneto. E além do mais, se ficou incomodado tire esse incômodo e aceite o conselho de alguém que também confessa que viveu e muito leu e a partir de agora pelo menos leia bons sonetistas para ampliar o conhecimento. Aqui no Recanto têm muitos, mas este assunto eu só toco no particular. Aqui, não vou dizer quem são.
Confesso que tentei fazer um soneto para publicar aqui e até comecei, escrevendo três versos:
‘’Confesso que vivi sem muita culpa
Confesso que vivi bem atrevida
E bem aproveitei a minha vida
mas, sério, não passei daqui e antes que as emendas que eu precisaria fazer ficassem piores que o soneto, desisti... Onde eu iria arrumar uma rima para culpa, no quarto verso?