PROCESSOS DE COLONIZAÇÃO CIDADE DE ALTAMIRA-PA
PROCESSOS DE COLONIZAÇÃO CIDADE DE ALTAMIRA-PA
Cassiane Oliveira
Jucélia Donato
Sheila Alvarenga
Suelen Lima
Resumo
Este artigo expõe a trajetória de Altamira, uma cidade de muitas histórias, objeto de muitas análises, composta por diversas personagens que ao longo das décadas integram-se a sua natureza.
Através das pesquisas e abordagens teóricas já existentes resumimos uma leve aproximação da realidade vivida por indígenas, desbravadores, colonizadores heróis e seringueiros e muitos outros brasileiros que migraram para esta região com os processos de colonização.
Palavras chaves: Aldeamentos, colonizadores, seringueiros, Transamazônica, Migrantes.
Introdução
Este trabalho tem seu principal objetivo abordar os processos de colonização desta cidade chamada Altamira, relatar os pontos mais importantes e cruciais no qual a mesma foi personagem principal, trazendo a tona todos os fatos tanto tristes quanto felizes, levando em consideração que apesar de todo processo esmagador no qual esta região protagonizou pela forma em que a política nacional implantou o projeto de colonização na Amazônia, não respeitando a opinião do povo que já existia aqui, e muitas vezes enganando os que para cá vinha. Não queremos dizer que essa região não precisava ser colonizada, mas sim a forma que esse projeto foi realizado, pois nos convém concordar que a região amazônica precisava se integrar ao resto do país, porém o mesmo foi feito de forma desumana não respeitando a natureza e muito menos os primeiros habitantes locais.
Abordaremos deste o principio quando ainda nem existia cidade, deste o primeiro homem a subir rio Xingu, passando por todos os momentos que tiveram esta região como foco, até chegarmos ao ponto que estamos, onde Altamira está preste a passar novamente por um processo de exploração de nossos recursos naturais, com a construção da hidrelétrica de Belo monte sem novamente respeitar a opinião local.
1. Altamira e sua localização
Altamira com população segundo o senso de 2000 com 77 mil habitantes localiza-se a margem esquerda do Xingu a oeste do Pará. Limita-se ao norte com o município de vitória do Xingu, ao sul com estado do mato grosso, a nordeste, leste e sudeste com os municípios de Senador José Porfírio e São Felix do Xingu, e a oeste com os municípios de Brasil Novo, Medicilândia, e Uruará.
Juntamente com esses municípios compõe um cenário muito diferente do restante do estado, seja pelos estilos de vida e seus habitantes muitos desses provenientes de vários lugares do Brasil, como pela beleza paisagística que imprime no espaço urbano uma mistura de cores e sotaque. Dentre essas várias culturas presentes, a principal é a nordestina, a indígena e a sulista. Nesse sentido expressa Saraiva:
Cada segmento terminou expressando seu jeito de ser ao ambiente da cidade, de modo que é nesse cenário que eles convivem, mas também se confrontam em torno de seus interesses políticos, econômicos e sociais. Um confronto dessa ordem não somente se expressa na espacialidade da cidade, mas no modo como esses grupos se apropriaram da história e criam e recriam símbolos para se firmarem no interior delas. (Saraiva 2008, p. 57).
Dessa forma se deu o processo de colonização nesta região, pois aqui estiveram pessoas de vários lugares do país com culturas e costumes diferentes e tiveram que conviver juntas, ambas interagindo suas culturas e se apropriando dos costumes que aqui já existiam, formando essa cultura tão heterogenia no qual estamos inseridos.
2. História da descoberta
Para chegarmos até o processo de colonização em Altamira precisamos levar em consideração o contexto histórico mundial, pois o mesmo é essencial para entender com se deu a historia desta cidade.
Por volta de 1464 Portugal e Espanha assinavam um acordo chamado tratado de Tordesilhas, com o mesmo quando os portugueses chegassem a descobrir o Brasil toda região norte, ou seja, a Amazônia inteira pertenceria a Espanha.
Tempos depois com a ocupação do trono português por Felipe II da Espanha, deixaria de existir fronteiras entre os dois países, o que mudaria o cenário da Amazônia, visto que todo território passou a pertencer a Espanha. Assim as portas para a colonização da Amazônia estavam abertas, pois até então quem tinha mais interesse de explorá-la eram os portugueses, porém não podiam em decorrência do tratado já citado acima.
Em 1616 com a fundação da cidade de santa Maria de Belém (hoje a capital do Estado), foi o ponto de apoio que Pedro Teixeira e Bento Marciel, ambos da companhia dos jesuítas precisavam para implantar suas missões na Amazônia.
Em relação ao Rio Xingu o mesmo apareceu pela primeira vez na história em 1569 no mapa de Gerard Mercator, com o nome de Aoripana, mais tarde apareceu com nome de Paranaíba, e somente em 1661 que ele aparece pela primeira vez com nome atual de Xingu.
Como se deu todo processo de colonização no Brasil, na Amazônia não foi diferente, os primeiros a se aventurarem na região foram os padres Jesuítas, cabendo ao padre Luiz Figueira iniciar a grande obra de catequese e a ocupação territorial, o mesmo implantou no baixo Xingu por volta de 1636 a 1758 importantes centros de aldeamentos, onde eram ensinados aos índios além da religião, artes e ofícios. Nesses primeiros Aldeamentos no baixo Xingu surgiram vários municípios como: Porto de Moz e Souzel, que eram respectivamente os aldeamentos de Maturu e Acari.
O primeiro homem branco a subir o rio Xingu ultrapassando a grande, na qual jamais era ultrapassada devido as grande cachoeiras que existem lá, foi o o jesuíta Roque Hunderfund um austríaco de Brigantia, o mesmo fundou a missão Tavaquara no médio Xingu próximo ao igarapé panelas. Foi o ponta pé inicial para o processo de colonização de Altamira.
Em 1758 com a lei régia que expulsou os jesuítas do Brasil, as obras iniciadas por eles foram totalmente perdidas, logo a missão Tavaquara (Altamira) desapareceu. Porém passados 83 anos em 1841 o padre Antonio Torquato de Souza da paróquia de Souzel reabre a missão Tavaquara no Igarapé Panelas. Também em 1868 Frei Loudovico e Frei Carmelo abriram uma picada ligando o baixo ao médio Xingu, aonde antes só se chegavam pelo rio, essa mesma picada o coronel Gaioso tentou transforma em estrada, mais foi infeliz devido a lei áurea abolindo o trabalho escravo. Contudo esses trabalhos foram retomados por Agrário Cavalcante em 1880, então o ponto inicial da estrada ficou conhecido como porto Vitória (hoje o município de Vitória do Xingu) e seu fim foi denominado forte Ambé, devido sua localização ao pé morro próximo ao igarapé ambé, onde hoje é o quartel do 51º bis. Esta estrada mais tarde recebeu o nome de rodovia Ernesto Acioly. A viagem de Vitória até de Tavaquara duravam cerca de dois dias.
Em 1892 pessoas civilizadas já moravam aqui, e neste local onde ergue o município de Altamira existia apenas três grandes barracões de palha, no qual se tornou vila em 1879. É importante ressaltar que tanto Altamira, Porto de Moz e Souzel eram vilarejos, cuja sede era Porto de Moz. Dentre as pessoas que viviam aqui estavam o Coronel Raimundo de Paula Marques e o Major Pedro de Oliveira Lemos. Já em 1910 uma quantidade significativa residia aqui, existiam 366 casas e foi o suficiente para em 1911 ser nomeada uma comissão organizadora composta por representantes do vilarejo com o objetivo de preparar a nova fase administrativa e lutar para a nomeação dos vilarejos como município. Assim em 06 de Novembro de 1911 pela lei estadual e assinada por Dr. João Antonio Luiz Coelho governador do estado, criando o município de Altamira, com sede na vila do mesmo nome. Município este que não imaginava, mas ainda seria palco de muitos conflitos e processos para sua colonização.
Quando se fala de história de Altamira é comum associá-la aos feitos dos grandes já citados, nomes esses, que cortam os espaços da cidade, dando nome as ruas e avenidas importantes, os mesmo imortalizam-se na memória da população pelos seus feitos políticos, Mas não queremos nos esquecer da presença daqueles que verdadeiramente foram os primeiros habitantes dessa região e que quase sempre são esquecidos, pois os índios compõem um segmento bastante expressivo da população de Altamira, Tanto é que os habitantes mais antigos nascidos em Altamira são descendentes de índios.
Nos períodos de 1841 a 1868 foi marcado por muitos conflitos entre índios, seringueiros e colonizadores, fato pelo quais muitas tribos desapareceram em muitos se integraram a sociedade em uma mistura interetnica marcada pelo casamento por casamentos de índios e não-índios. Somente em 1990 estes primeiros habitantes começavam a se organizar novamente e reivindicar por seus direitos e o reconhecimento de sua identidade diante da sociedade local, entre eles estão os direitos a saúde e a educação.
3. Primeiro Ciclo da borracha no vale do Xingu
Como aconteceu em toda região amazônica o processo de colonização se deu a partir da exploração dos recursos naturais.
O látex extraído da arvore Hévea (seringueira), foi descoberto inicialmente pelos índios, um produto que contribuiu para o povoamento da Amazônia. Industrializada pelos Estados Unidos e Grão - Betânia durante o século XIX e inicio do século XX, por ser um dos principais produtos utilizados na indústria automobilística, graças ao trabalho manual dos seringueiros.
O primeiro ciclo da borracha gerou um aumento significativo na economia, isto por que a seringueira só existia na Amazônia. Neste período destaca-se o crescimento das cidades de Manaus e Belém com seus monumentos que expressa bem o apogeu da época (teatro da Paz Belém, teatro da ópera em Manaus, estrada de ferro Madeira Mamoré).
Pirateada pelo Inglês Henry Wickmam em 1876 as sementes da Hévea foram plantadas na Ásia, adaptou-se ao meio natural do continente. Seu cultivo em outros países ocasionou perdas para o Brasil e crise econômica e social na Amazônia.
A desvalorização da borracha e a crise financeira de 1929 refletiram no Xingu onde seringais foram abandonados, alguns seringueiros permaneceram na região habitando as margens dos rios sobrevivendo da coleta da castanha, caça, pesca e economia de subsistência, outros povoando as cidades e vilarejos as margens dos rios, é o caso de Porto de Moz, Souzel, Vitória do Xingu e Altamira. O vale do Xingu ficou esquecido por um longo tempo.
3.1. A Segunda Guerra mundial e o Acordo de Washington
No ano de 1939 a 1945 acontecia a segunda guerra mundial tendo início na Europa e se expandindo para a África e Ásia. Possuiu duas frentes de batalhas; os países do eixo Alemanha, Itália e Japão e os países aliados Estados Unidos, França, Inglaterra e União Soviética. Quando a guerra alcançou o Pacífico e o Índico foi interrompido o fornecimento da borracha aos aliados. Os Estados Unidos lembrou-se dos seringais brasileiros, após negociação com o presidente do Brasil Getulio Dornelles Vargas, o presidente Americano Franklim Delano Roosevut. Firmou o acordo de Washington, dando inicio ao segundo ciclo da borracha.
3.2. Pneus para a Vitória
Emerique Rosangela relata como Getulio Vargas definiu o paradigma da Amazônia.
Como os seringais da Amazônia encontravam-se abandonados, Getulio Vargas organizou uma operação que iria amenizar duas situações: A seca no Nordeste e a colonização da Amazônia.
Para tanto, criou-se em 1993 o serviço de mobilização de trabalhadores para a Amazônia (SEMAT) em Fortaleza. O objetivo dos SEMAT era alistar nordestinos para trabalhar na produção de borracha na Amazônia. Surge também a Superintendência para o Abastecimento do Vale da Amazônia (SAVA); o Serviço Especial de Saúde Publica (SESP); o Serviço de Navegação da Amazônia e da Administração do porto do Pará (SNAP); e o Banco de Crédito da Borracha. (Emerique Rosângela, 2009, p.22 e 23)
O governo do lançou uma campanha grandiosa convocando os nordestinos a alistarem-se como soldados da borracha. Inclusive contratou um artista suíço (Chabloz) para produzir cartazes divulgando a realidade que o soldado da borracha iria encontrar com imagem totalmente fora da realidade brasileira, a propaganda estava espalha por casas e bares do nordeste.
Os nordestinho eram quase que obrigados em ir para a guerra ou vir para Amazônia como soldado da borracha.
Eles assinavam um contrato com SEMAT que oferecia um salário ao trabalho para a viagem e o mesmo receberia 60% de todo capital da borracha produzida.
A viagem segundo Emerique Rosangela (2009) para Amazônia durava de dois a três meses.
Os “arigós” como eram chamados pelos povos que moravam aqui os migrantes nordestinos que chagavam em Altamira, eram deixados nos seringais sem nenhuma assistência adequada, muitos enfrentavam doenças como a malaria febre amarela e hepatite além dos insetos e animais selvagens e índios.
E foi assim que esses bravos homens impulsionados pela emoção patriótica trabalharam cheios de esperança nessa terra que era tão densa e selvagem e mesmo sem perceber fez parte dessa história hoje chamada Altamira, e o que lhes restou do seu patriotismo, mesmo depois de muitas lutas foi uma aposentadoria de dois salários mínimos sem décimo terceiro, o Hospital são Rafael, o atual banco da Amazônia, e muitas marcas e historias para contar.
No capitulo que abordamos a historia dos seringais por Emerique Rosangela importante as colocações da autora, no que refere aos abandonos das autoridades e o tratamento dado aos seringueiros pelos idealizadores do soldado da borracha de fato foram os heróis esquecidos e não somente pela lei, mas também por muitos, observa-se que as pessoas próximas a eles não reconhecem como tal. Está é uma abordagem relevante da autora.
4. A invenção da Transamazônica e Ideologia e política
A partir de estudos feitos por Coutinho abordaremos como a Transamazônica foi instalada. Em um território povoado por índios, seringueiros, pequenos e grandes comerciantes, porém trata no momento de sua construção como uma estrada que cortaria um vazio de homens e mulheres terra que deveria ser conquistada e colonizada. É impossível nos dias atuais, ouvem-se boatos de relatos a respeito do genocídio cometido contra os índios que povoavam o antigo município de Altamira:
“Dizem que o índio arara que defendiam seu território eram amarrados a tratores que avançavam sobre a selva.
Altamira tem uma história marcada por muito sangue: desde índios, a seringueiros e nordestinos em busca de trabalho nos seringais.
A transamazônica com seus 3746 km planejados desde Recife e João Pessoa até Boqueirão da Esperança no Acre, na fronteira com o Peru, foi agilizada através de projetos de implantação o trecho Marabá – Altamira – Itaituba foi praticamente construído em dois anos e seu povoamento foi feito as pressas pelo PIN Projeto de integração Nacional pelo governo de general Médici em 1970.
A operação Amazônica teve início em 1966, e propôs uma nova política desenvolvimentista para esta região inclusive a política a incentivos fiscais e a superintendência de Desenvolvimento a Amazônia (SUDAM) e o banco da Amazônia (BASA)
A SUDAM e coordenaria e supervisionaria programas e planos de outros órgãos federais atuando na região, criou incentivos fiscais que atraísse investidores, enquanto o BASA se encarregaria de repassar o dinheiro provendo incentivos fiscais que se reverteria em empreendimentos empresariais. A idéia da construção da transamazônica surgiu em 1969, em trabalho publicado por Eliseu Resende, onde defende a tese da criação de uma infra-estrutura de transporte, a fim de oferecer apoio ao surgimento de atividades econômicas, sugerindo a construção de uma Rodovia.
Os objetivos da construção da transamazônica eram simples e esquemáticos e obedeciam a uma nacionalidade entre seus planejadores:
Os elementos eram “integrar a Amazônia (atrasada) ao resto do país (ao centro sul desenvolvido)”.
Retirar pessoas de áreas super-povoadas e direcioná-las em massa a Amazônia vista como um grande vazio, processo esse sintetizado no bordão do governo Médici. “Terra sem gente, para gente sem terra”.
A ideologia referente ao PIN (1970)
É bem explicitada no trecho seguinte que define os objetivos da estrada.
O trecho acima retirado do PIN mostra o que Amazônia era descrita como um grande vazio terra a ser “conquistada” incorporada, no projeto e integrada, segundo a propaganda do governo.
Muito parecido com o PIN o plano de ocupação da Amazônia, que em sua fase inicial estava voltando para o oeste do Pará. Este programa foi inaugurado com a abertura de uma rodovia “Integração Nacional”, a transamazônica, ou BR 230, cuja construção foi inscrita no decreto lei n° 1106, de 16 de junho de 1970, instrumento legal que criou o projeto de integração nacional (PIN) e o Instituto Nacional de colonização e reforma agrária (INCRA) – órgão responsável pela distribuição e ocupação das terras situadas ao longo do eixo da transamazônica.
4.1. A construção da transamazônica
Analise feitas por Coutinho mostram que o conjunto de estradas cortadas a cada 10 km por estradas secundárias e transversais, é entendido como Transamazônica e se constitui pelo que é denominado localmente de fana e travessões, ao longo dos quais de distribuem os lotes que variam de 100 a 3000 hectares, destinados à colonização e para os quais eram propostas utilizações diferenciadas, o projeto previa a implantação de aglomerações, onde haveria escolas, postos de saúde, comércio e comercialização da produção.
O projeto previa inicialmente a transferência de cem mil famílias. Em setembro de 1970 as máquinas para a construção da Rodovia Transamazônica chegavam e Vitória do Xingu.
Para a construção foram atraídos milhares de trabalhadores nordestinos, tudo acontecia em ritmo acelerado
Em novembro do ano de 1970 deu-se início a construção de uma das maiores rodovias do Brasil ligando norte a todo oeste do país.
A visita do presidente General Emílio Garrastazu Médici ao município de Altamira selou o início da construção da Rodovia transamazônica tem como monumento inaugural uma placa pregada numa castanheira conhecida popularmente como “pau do presidente”, tendo nela cravado o texto a seguir:
”Nestas margens do Xingu, em plena selva amazônica, o Senhor Presidente da República dará início construção Transamazônica, numa arrancada histórica para a conquista desse gigantesco mundo verde”.
Se a propaganda oficial mostrava a heróica conquista do território, a realidade daqueles meses de construção provocou efeitos intensos na vida aos que lá viviam antes da estrada e daqueles que foram trabalhar na sua construção.
4.2. Experiências das famílias Migrantes
As formas de deslocamento que predominaram o processo migratório para transamazônica, são denominadas localmente, como colonização oficial e colonização espontânea.
A colonização oficial implantada pelo Governo Federal era coordenada pelo INCRA, este órgão era responsável pelo deslocamento e assentamento nas terras loteadas.
A colonização espontânea era motivada pela saída dos migrantes com recursos próprios de seus lugares de origem, dentre alguns fatores destacam-se o desemprego e a reduzida possibilidade de reprodução e desenvolvimento social do grupo familiar
São muitas as histórias relacionadas a estada das famílias migrantes nos acampamentos no início da colonização da transamazônica. Havia alguns acampamentos um no km 23 e no km 40 Altamira – Brasil Novo e outro no km 18 em direção a Itaituba.
A abertura da Rodovia Transamazônica como parte de um amplo programa de ocupação da Amazônia surgia com importante referencial de um tempo histórico que modifica a região nos aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos, isso foi um dos projetos que marcou significativamente as trajetórias de vida daquelas pessoas que se deslocaram para a transamazônica. A primeira impressão da chegada era que famílias vinham, porém não sabiam para onde iam, mas com todas essas dificuldades demonstravam confiança, calma e escondiam a ansiedade. Essas pessoas tinham certo apoio de assistentes e técnicos que procuravam passar tranqüilidade as elas, garantindo que eles iriam encaminhar tudo.
Logo de primeira vista o cenário dessa chagada não era nada agradável porque as pessoas chegavam e sentiam perdidas.
Cada uma daquelas pessoas reagia a sua maneira diante da nova realidade que teria de enfrentar. Esses migrantes que vinham traziam culturas diferentes, nos gestos e nas representações construídas socialmente.
O migrante é composto de representações que interagem com as histórias pessoais e cada espaço é construído pelo personagem, através disso a paisagem da chegada em Altamira ganhou significados e leituras, sobre a passagem pelos acampamentos eram um espaço provisório formados por barracos de palha ou de madeira que abrigavam as famílias que ali esperavam para serem assentados nos lotes.
Nesses alojamentos, em média continha vinte a trinta barracos e cada um deles abrigavam duas ou mais famílias, que geralmente não se conheciam e que não tinham a princípio nenhuma afinidade cultural, ou gral de parentesco. Ouve casos de famílias passarem por mais de dois acampamentos até serem assentadas em lotes ou receberem a casa na agrovila.
4.3. Construção da Transamazônica e os Impactos Gerados aos Moradores Locais
É comum encontrar, a idéia de que Altamira começa a existir com abertura da BR 230. É como se antes disso nada existisse. É inegável que o processo que o processo de urbanização foi acelerado com a abertura da transamazônica.
O grande empreendimento desta extensa rodovia transversal, de leste a oeste do país, trouxe um projeto de ocupação e desenvolvimento regional pensando por outros sem qualquer consulta os habitantes da cidade e das colônias vizinhas. Por isso a Importância de situar a história de Altamira dentro do contexto da construção da transamazônica.
Em 6 de novembro de 1911 foi criado o município de Altamira neste período se registrou o expressivo migração masculina nordestina,. Os homens fugiam da seca e da falta de trabalho, deixavam suas famílias em busca de melhorias na Amazônia que lhe permitissem posteriormente sustentar suas famílias e voltarem para o nordeste. Muitos não conseguiram se libertar dos donos dos seringais que os mantinham sempre com débitos impossibilitados da então sonhada ascensão financeira.
O êxodo rural atingiu a cidade de Altamira no fim dos anos 20 e início da década de 30. Provocado pela queda do preço da borracha e da castanha do Pará, em conseqüência da crise financeira mundial em 1929.
Muitos seringueiros conheceram a miséria e os comerciantes restaram o desespero e a falência. Durante muito tempo as fontes de riqueza do município eram o extrativismo, a agricultura e a pesca de subsistência.
Segundo os dados do IBGE /AL-PÁ, a população de Altamira no início da década de 70 oscilava em média 15.345 hab. Sendo que 9.612 na zona rural e 5.816 na zona urbana havia na cidade apenas 918 casas.
No inicio da década de 60, Altamira vivia sobre a sombra do passado cheio de declínios econômicos e sociais.
Os habitantes daquela pequena cidade de ruas empoeiradas, de anciões sentados nas calçadas, de comércios antigos, de casas abertas, com cortinas nos quartos servindo de porta, do peixe fresco comprado a beira rio, se via invadida pelo barulho de máquinas e moto serras, pela desenfreada chegada de aviões com pessoas de todos os lugares do Brasil, Os Altamirenses sentiam como se suas coisas estivessem sendo invadidas, sem antes terem sido comunicados. E foi assim que a população de Altamira se comportou com a notícia da abertura de uma estrada que cortaria esse município.
Não era mais uma notícia que corria por jornais que chegavam da capital, nem conversa de político, era uma realidade que em pouco tempo transformaria a cidade de Altamira. Os Aluguéis das casas modestas subiram vertiginosamente. As casas viraram loja com mercadorias penduradas janela, tornadas vitrines ou balcões, pois a procura era maior que a oferta e havia promessa de lucro de sobra pra todos. Vendiam-se tudo, pois coisas que antes eram trocadas ou presenteadas ganharam valor comercial.
Constatasse que o fluxo de pessoas de outros estados sempre existiu nessa região do Xingu. O que ocorreu com a abertura da estrada, no entanto tava sendo experimentada pela primeira vez. Trata-se de um projeto que despejava levas de pessoas em curto período, com isso não havia tempo para acomodações foi um processo intenso e invasivo.
Pesquisas mostram que a rodovia transamazônica trouxe problemas, avanços e desenvolvimento a região amazônica, e interligar o norte as demais regiões brasileiras se em especial a cidade de Altamira. Esta se tornou pólo de referencia para as demais cidades circo vizinha, mesmo com a construção da rodovia BR 230 não ter sido concluída e cheia de problemas vale ressaltar que no período de inverno fica intrafegável por não ser asfaltada e por ser pouco zelada, assim dificultando a trafegabilidade e o escoamento da agricultura, pecuária e comércio da região.
Conclusão
Ao relatarmos o processo de colonização em Altamira, observamos que este município sempre foi palco de muitos conflitos, alguns desses foram de suma importância para a construção desta cidade.
Levando em consideração que este é um ponto de vista baseado nas teorias já construídas, que busca uma aproximação dos fatos históricos da realidade vivida pelos seus moradores e colonizadores.
Contudo esses processos que foram implantados de forma desumana, pela ideologia feita pelo governo que muitas vezes enganava a população, que vinha para cá com esperança, e chegando aqui o que encontravam era algo totalmente diferente do imaginado.
Porém não podemos deixar de ressaltar que os processos já citados têm grande importância, pois apesar da maneira incorreta como foram idealizados, é através deles que hoje podemos viver neste município de muitas riquezas naturais, e ainda se constitui um palco de muitas discussões.