Um sonho se tornando realidade: Marcia Garcês
Passo abaixo tal como já publiquei em outras páginas, só que aqui textos unidos em ordem cronológica:
UM SONHO SE TORNANDO REALIDADE
Leiam abaixo enquanto ouvem esta música (copiem os links para abrirem em seus pc): http://www.youtube.com/watch?v=9--MWT-hEFA
Saberão do que se trata e vou logo informando que tem a ver com amor, um amor que todos deveriam ter uns pelos outros.
Eu e Luiz Martins estamos realizando um pequenino sonho de uma mulher impressionante na sua capacidade de encarar a vida com força e positividade, Marcia Garcês.
Márcia está para publicar seu livro em agosto e que aborda sobre sua vida e sua doença: esclerose múltipla. Seu livro se chama "O Diário de Marcia Garcês", da editora Synergia, que poderá ser adquirido, além de em livrarias, pelo site: http://www.synergiaeditora.com.br.
Marcia não tem movimento nas pernas e em um braço. A doença tem tido sinais de evolução, mas ela elegantemente tem resistido a tudo e confia que seus novos tratamentos irão frear a desmielinização dos nervos, o que leva a paralisia progressiva dos músculos.
Ela é linda, não só espiritualmente, mas bela fisicamente. Seu sonho é ser modelo, mesmo com a deficiência motora, que, inclusive, tem prejudicado um pouco a sua fala e respiração. Ela nunca para: vai ao teatro, ao cinema, festas, faz fisioterapia diariamente, estuda, usa computador etc. Dentro de suas dificuldades financeiras e de suas limitações ela consegue ser feliz e transformar suas tristezas em momentos marcantes e felizes.
Ela escolheu Luiz Gonçalves Martins para ser seu fotógrafo no álbum de fotos, que daremos de presente para ela - como dizem, o seu book. Nós estamos nos envolvendo tão simpática e carismaticamente com ela que o dia de hoje em sua casa foi ao mesmo tempo engraçadíssimo e extremamente emocionante.
Eu farei crônicas passo a passo deste projeto, uma vez que eu sou a diretora de arte - e que arte... Em breve lerão esses textos, mas, por hora, observem a expressão de Luiz, enquanto eu tentava focar Márcia com minha máquina de bolso através da lente do artista. Até agora eu não sei se Luiz estava irritado com a zona que eu fazia ou se estava tentando se esconder de rir atrás da poderosa Canon dele...
Leila Marinho Lage
Rio. 3 de julho de 2010
A nova modelo brasileira: Marcia Garcês
Depois de lerem o texto abaixo, assistam ao vídeo que eu e Luiz fizemos:
http://www.youtube.com/watch?v=NGYkyFMW-ZM
Eu e Luiz Martins estamos a todo vapor produzindo o book de fotos de Marcia Garcês. Já a fotografamos em ambiente fechado e na semana que passou fomos à Quinta da Boa Vista, no bairro de São Cristóvão, com ela e sua ajudante.
Fomos em quatro, mas parecíamos um só corpo, tal era a interação de todos nós nesta sessão fotográfica. Marcia se desdobrava para fazer posições boas e nem imaginava que enquanto ela fazia pose para uma foto, muitas eram tiradas por Luiz. Ele com aquele silêncio de mineiro, calmo, se comunicava com ela até por pensamentos.
A empregada de Marcia, está se saindo excelente auxiliar para quem tem deficiência motora e até deu seus pitacos nas fotos que fazíamos. Eu, por minha vez, fazia a maior zona com tudo e todos. O grande problema era eu ficar quieta e parar de falar piadas. Como não havia telão nenhum pra eu segurar (a única forma que Luiz encontrou pra me fazer sumir de cena) deram-me a função de segurar chapéu pra tapar o sol no rosto de Marcia. Até que Dani, com pena de mim, abriu uma canga e disse: “Deixa que eu faço parede...”. Quem não gostou foi Luiz...
Escolhemos a Quinta, onde há o museu do Palácio Imperial, o zôo e maravilhosos campos e plantas. Além de fácil acesso, é mais ou menos adaptado para quem usa cadeira de rodas. Digo “mais ou menos” porque só quando acompanhamos um cadeirante vemos o quanto é difícil o lazer dessa pessoa, como, também, tudo é muito cansativo e demorado, o quanto alguns passos nossos significam para o deficiente metros de percurso.
Ela, que não anda e tem apenas alguma força muscular em um braço, quis sentar nos bancos; quis dobrar as pernas; colocar o pé numa estátua; cruzar as mãos; colocar as mãos atrás da nuca, tudo o que uma pessoa sem problemas faz e nem percebe o quanto isto tudo é tão importante.
Pensei comigo: “Ela tem que ser fotografada com os braços abertos!”. Como, deitada, pela menor ação da gravidade, ela tem mais movimentos, nós a colocamos sobre a grama. Daí não prestou... Ela fez até ginástica! Ela pedia para ajudá-la nos movimentos e sei que ela exigiu bem mais de seu corpo do que em suas fisioterapias diárias. Sua força de vontade era enorme.
A alegria reinou naquela manhã. Rimos muito e não tivemos tempo para perceber as pessoas que nos olhavam a fotografar uma deficiente física em posições ditas “exóticas”... Mas Márcia percebeu, e eu lhe perguntei se ela se incomodava. Ela disse que obviamente não! E acrescentou: “Uma mulher ali saiu dizendo que eu sou modelo!”.
Eu digo: ela é modelo fotográfico, da melhor categoria, mas é, principalmente, modelo para todos nós na vida.
Leila Marinho Lage
Rio, 11 de julho de 2010
O ESCOLHIDO
Para entenderem sobre Marcia Garcês terão que ler os artigos publicados em "Acessibilidade e Inclusão Social",´e em "A ideia é Superação", dedicados não só a esta maravilhosa personagem da vida, mas a todos os deficientes físicos.
Para resumir, quando eu cobria os eventos sobre o Projeto Novo Ser, textos para meu site, penando em captar também fotos parao Olhares, aconteceu de Luiz Maritns querer participar também, uma vez que fazemos vários trabalhos juntos. Assim conhecemos Marcia e imediatamente nós percebemos o quanto éramos os três unidos e como tínhamos tantas coisas em comum. Não só são coincidentes os nossos hábitos, e até nossos gostos (chegam a assustar as semelhanças), mas a nossa visão da vida.
Marcia reclamou quando eu escrevi em um texto que ela escolheu Luiz para seu fotógrafo: "Quem sou eu para escolher um fotógrafo?! Vocês é que me escolheram!".
Não, Márcia... O destino nos escolheu e nos colocou lado a lado.
Leila Marinho Lage
Rio, 11 de julho de 2010
PASSARINHO TAMBÉM TEM VEZ...
Esta é a terceira foto na cobertura da sessão fotográfica para o book de Marcia Garcês. O fotógrafo, compenetrado na modelo; a contrarregra e assistente de apoio, Dani (sempre nos "bastidores"); eu, a diretora de arte...
De repente Luiz deixa Marcia sozinha no chão e, sem falar absolutamente nada, se afasta e começa a fotografar algo nas árvores. Como eu e Dani estávamos ocupadas com algo, só percebi minutos depois que Marcia esperava pacientemente algo acontecer. Eu comecei a gritar: Luiz, o que é que tanto você fotografa na árvore? Marcia está aqui abandonada no chão!".
Luiz me olhou meio sério (nunca sei quando ele é sério ou está me zoando...): "Vão aí fazendo o que deve ser feito. Eu e Marcia nos entendemos por aqui. To tirando retrato dos passarinhos. Eles voam! Preciso desta imagem!".
Os pássaros estavam a metros de distância. Nada como ter uma Canon... E Marcia?! Bem, ela dava gargalhadas em ver como Luiz a tratava sem frescuras, como alguém independente, apenas com um problema motor.
Eu ali, cheia de cuidados, até porque sou médica, preocupava-me com tudo, zelava por detalhes imprescindíveis a um cadeirante, uma vez que eu não conhecia tão intimamente as dificuldades dela, apesar de ter experiência com pessoas assim. Luiz estava tranquilo: tinha-me na retaguarda e podia apenas ser fotógrafo e amigo, e lidar com ela como uma modelo normal.
Olhe, gente, a única coisa normal naquele dia foram os passarinhos, dos quais eu até agora não vi as fotos...
Leila Marinho Lage
Rio, 11 de julho de 2010
O SUSTO
Minha mãe esteve comigo, junto de nós, fotógrafos e simpatizantes, naquela sexta-feira do dia 9 de julho de 2010, lá em São Cristóvão. Aliás, São Cristóvão é um bairro muito familiar para mim, pois eu e meus irmãos estudamos no Colégio Brasileiro, lá pertinho da Quinta, e temos - todos nós três - lembranças de nossa infância e adolescência associadas com o lugar.
Minha mãe nos levava todos os dias de carro para a escola, e isso aconteceu até quando éramos bem grandinhos. Antes éramos transportados por uma caminhonete, mas como a grana ficava curta e como as contingências da vida ensinaram minha mãe a dirigir um carro, ela adorou a coisa e fazia questão de nos locomover com seu fusquinha vermelho - e ai de nós se negássemos!
Montagem e imagem de Luiz Martins
Minha mãe ficou paralítica ao final da vida, por atrofia muscular, de tão fraca que estava com dois cânceres e insuficiência cardíaca. Por anos eu vivi num home-care. Jamais ela teve escara, nem mesmo assaduras, muito nenos infecção urinária. Isso demandou extremos cuidados, cuidados a cada minuto - da vida dela e da minha. Minha mãe era perfumada e limpíssima até num CTI, mesmo quando ficava em coma. Para isso eu tive que deixar de trabalhar e de dormir por muito e muito tempo.
Valeu a pena. Fui enfermeira, fui filha e fui doméstica - médica também, quando eu precisava "incorporar" a razão, a lógica e a luta pela sobrevivência. Fui cão de guarda, mais que anjo da guarda. Eu estava alerta a tudo e vivia como um robô. Eu faria tudo novamente hoje, apesar de ter tido apagadas minha vida pessoal e profissional por algum tempo.
Marcia, lá na Quinta, enquanto sentada num banco, resolveu abaixar o corpo para tirar uma foto bem artística. Quando eu a vi caindo lentamente sobre o encosto do banco e sobre seu braço, fechando os olhos, eu realmente me assustei. Pensei que ela estava desmaiando. Ela levantou o rosto calmamente e me disse: "Leila, estou tentando tirar uma foto artística!". Pensei comigo: "Po, ela bem podia me avisar antes!".
Lembrei novamente de minha mãe, a deusa de todos que a conheciam. Uma vez ela deitou no chão e não me respondeu. Eu a chamei e ela fingiu estar desacordada, dizendo a seguir que era brincadeirinha. Eu só a perdoei porque minha mãe era "doida" (mas não louca) e brincalhona, mesmo "doentinha".
De alguma forma e por essas razões que só Deus nos mostra, eu vi em Marcia o carisma, a excentricidade e a força espiritual de dona Lola (ou dona Glória).
Preciso lembrar disso nos meus dias de hoje...
Leila Marinho Lage
Rio, 11 de julho de 2010
EPA!
O RESTAURANTE
Ouçam a versão “Ave Maria” moderna:
http://www.youtube.com/watch?v=rgxfthPHTwc&feature=related
Eu sempre fotografo o que como, os pratos, antes de traçá-los, mas como na Quinta da Boa Vista tudo foi meio atrapalhado, não deu... Espero que Luiz tenha fotografado o que comemos, mas posso detalhar para vocês. Era pra ser picanha frita na pedra, mas o mais rápido era picanha ao molho a campanha, que nada mais é que a mesma picanha com farofa de ovo, arroz, batata frita (seca e sem graça), molho à campanha (alho, azeite, água, cebola, pimentão e sei lá mais o quê...).
Apesar de o restaurante não ter rampa, os garçons e o restaurante se "adaptaram" e logo a gente tinha mil pessoas para subir cadeira de rodas, desarrumar mesas e decorações e até bifinho cortadinho, servido quentinho para Marcia.
Antes, para dissertar sobre o início da manhã do dia 9 de julho de 2010, sexta-feira, quando eu desmarquei minhas doentes para fazer as fotos de Marcia, eu estava meio excitada, meio nervosa, não sei nem bem razão... Eu estou acostumada a fotografar e cobrir eventos, mesmo tendo pouca tecnologia, pois eu me valho do meu instinto. Naquela manhã eu estava nua...
Ninguém chegava, até porque eu cheguei uma hora adiantada, naquela manhã linda ensolarada. Luiz estava trabalhando, Marcia estava se preparando para sair, e eu ali doida pra começar...
Marcamos no “Restaurante da Quinta”, que fica bem perto do zoo. No nosso simplório entendimento, deveríamos começar pelos bichinhos do zoológico, depois iríamos para os campos, depois fotos na relva, e, quem sabe, o museu (que não deu tempo de ir), ma eu pensava em acabar a tarde com uma bela comilança no tal restaurante, uma picanha assada na pedra, que eu já conhecia.
Perguntei na véspera se Marcia tinha alguma restrição alimentar, e ela disse "Pra ser sincera, não. Não devo engordar, mas adoro picanha!". Tava feito o menu...
Eu lembrava da última vez em que estive neste restaurante, que infelizmente não tenho foto. A frente é maravilhosa e eu não consegui tirar uma foto que prestasse, pois o sol da manhã não era compatível com uma compacta.
Fiquei à frente do local, que estava fechado, esperando os amigos, quase me torrando no sol, sentadinha num banco de madeira. resolvi tirar retrato de um monte de flor e descobri coisas muito bacanas, que jamais prestei atenção até então, mesmo sendo a Quinta da Boa Vista meu reduto desde jovem.
Marcia chegou quietinha, acompanhada de sua "sombra amiga". Ela me avistou de longe. Na verdade, a sua assistente subentendeu que aquela pessoa estranha, ali naquela hora, fotografando árvores, quase trepada numa delas, era eu....
Não tive tempo de nada. Dei beijinhos e fui logo falando: "Antes de Luiz chegar e fotografar, querem beber e comer?". Pensei comigo que eu agia como uma portuguesa. Minha mãe sempre colocava “bolinhos de resto” na boca de quem chegava em minha casa. Todos iam à minha casa na hora do almoço pra nos visitar-nos, não sei bem a razão.
Marcia disse: "Acabei de tomar café da manhã, mas adoro doce e até comeria um...". Ferrou... Era cedo e o restaurante estava vazio; não estava aberto. Os garçons lavavam as calçadas. O jeito foi interpelar um deles e pedir o cardápio, na maior, na maior cara de pau....
Graças ao bom Deus, quem nos recepcionou foi o dono, que loguinho, mesmo sem estar funcionando o expediente, nos mostrou a carta de doces... Sei lá o que ela comeu, acho que algo que sugeri e que descesse rápido: pudim de leite.
Eu tomava café a torto e a direito e perguntava sobre o fotógrafo. Marcia ria e estava zen. A ajudante de Marcia não tava aí, nem aqui - apenas me olhava pra sacar meu jeitão...
Eu falei: "Depois da sessão de fotos vamos comer picanha na pedra aqui!". O dia nem tinha começado e eu já pensava no almoço, mas podem ter certeza absoluta que aquilo ficou na mente de todos a manhã inteira, de tanto que eu falei!
Depois que acabamos com a saga das fotos, voltei a falar no almoço e Marcia foi a primeira a dizer: "Po! To com fome!". Luiz dizia: "Feijão com arroz me satisfaz, até pão com manteiga". A acompanhante de Marcia só falava em quanto seria legal se seus filhos pudessem estar ali - o que me deu dó, pois eu não podia realizar este sonho, só o meu do momento.
Quando todos estavam mais que desidratados, e o cansaço se apoderou de nós, fomos ao restaurante pras comer, descansar e beber algo.
O "Quinta" é como um oásis para mim. Quando minha mãe, ia ao médico, seu anjo da guarda, quem a salvou em muitos momentos, dizia: "Dona Lola, a senhora é renal crônica... A senhora faz hemodiálise e tem insuficiência cardíaca grave. Sabe que o seu tempo está contado. Cuide de sua dieta...". Ela respondia: "Meu filho, meu Heitor Colírio Castro Junior, se toca! Vou sair daqui e comer a picanha lá do Quinta. Amanhã a máquina limpa tudo...”.
A máquina precisava de quatro horas três ou quatro vezes por semana para cuidar dela, justamente pelo fraco coração... E monitorada com aparelhos para uma parada cardíaca a qualquer momento. Ela nunca comeu tão bem quando nessa época... De vez em quando eu dava uma de déspota, mas logo logo rendia-me aos pedidos dela, até mesmo nos sanduíches sem-vergonha, desses que os adolescentes adoram...
Com a picanha na pedra de sexta-feira passada todos ficaram muito bem da digestão. Só eu mesma é que quase perdi as tripas. Ti ficando velha... Cheguei a ligar para Márcia, como quem não quer nada, para perguntar do estrago. Ela me disse que não podia falar comigo pois estava comendo rapadura numa festa junina e fazia muito barulho pra batermos papo ao telefone.
Benza Deus... Nem a avestruz que vimos no zôo tinha o estômago dela...
Obs: Marcia não pode beber por causa das suas medicações tomadas criteriosamente por anos a fio. Sugeri-lhe parar com as mesmas por uns dois dias para que ela possa tomar o chopp aí da foto...
Leila Marinho Lage
Rio, 11 de julho de 2010
O DIA, A VÉSPERA
Alguém aí sabe o que é a véspera de um acontecimento surpreendente? Sabem bem a dimensão do dia seguinte, quando determinam que algo de novo vai acontecer conosco e não sabemos bem como vai ser? Imagine, então, que este acontecimento possa ser algo que vai salvar nossa vida ou melhorar nossa saúde, mas os efeitos colaterais podem ser letais...
Hoje não tirei nenhuma foto, mas eu estive até agora na casa de Márcia Garcês. Eu não podia ir ao encontro dela com seus amigos. Na última sexta-feira ela me disse - sem pensar - que queria fazer um encontro-despedida, pois na segunda-feira, será internada para fazer uma medicação para controlar a esclerose múltipla.
Cuido de várias pacientes transplantadas e posso dizer que todas elas tiveram enorme medo do dia anterior ao nascimento de seus novos órgãos. Todas pacientes criticamente comprometidas e todas rezando para chegar o dia da mudança em suas vidas.
Mesmo com risco de morte todas enfrentaram com coragem a situação e passam muito bem até hoje. Este é o recado que eu quero dar para Márcia Garcês.
Sua mãe precisa também de um tratamento imprescindível (uma cirurgia vascular), mas desmarcou a consulta pré-operatória por causa da internação de Márcia. E foi assim que de repente Luiz me obrigou a ir à casa de minha amiga hoje.
Lá eu encontrei alguns amigos dela, inclusive um amiguinho sobre quem um dia falarei, que tem problemas físicos por conta de um acidente na adolescência. Tudo foi muito rápido e tudo foi muito alegre. Comi, bebi e ainda trouxe comidas maravilhosas pra casa (Márcia é mestre-cuca).
Foto de Luiz Martins
Passo abaixo tal como já publiquei em outras páginas, só que aqui textos unidos em ordem cronológica:
UM SONHO SE TORNANDO REALIDADE
Leiam abaixo enquanto ouvem esta música (copiem os links para abrirem em seus pc): http://www.youtube.com/watch?v=9--MWT-hEFA
Saberão do que se trata e vou logo informando que tem a ver com amor, um amor que todos deveriam ter uns pelos outros.
Eu e Luiz Martins estamos realizando um pequenino sonho de uma mulher impressionante na sua capacidade de encarar a vida com força e positividade, Marcia Garcês.
Márcia está para publicar seu livro em agosto e que aborda sobre sua vida e sua doença: esclerose múltipla. Seu livro se chama "O Diário de Marcia Garcês", da editora Synergia, que poderá ser adquirido, além de em livrarias, pelo site: http://www.synergiaeditora.com.br.
Marcia não tem movimento nas pernas e em um braço. A doença tem tido sinais de evolução, mas ela elegantemente tem resistido a tudo e confia que seus novos tratamentos irão frear a desmielinização dos nervos, o que leva a paralisia progressiva dos músculos.
Ela é linda, não só espiritualmente, mas bela fisicamente. Seu sonho é ser modelo, mesmo com a deficiência motora, que, inclusive, tem prejudicado um pouco a sua fala e respiração. Ela nunca para: vai ao teatro, ao cinema, festas, faz fisioterapia diariamente, estuda, usa computador etc. Dentro de suas dificuldades financeiras e de suas limitações ela consegue ser feliz e transformar suas tristezas em momentos marcantes e felizes.
Ela escolheu Luiz Gonçalves Martins para ser seu fotógrafo no álbum de fotos, que daremos de presente para ela - como dizem, o seu book. Nós estamos nos envolvendo tão simpática e carismaticamente com ela que o dia de hoje em sua casa foi ao mesmo tempo engraçadíssimo e extremamente emocionante.
Eu farei crônicas passo a passo deste projeto, uma vez que eu sou a diretora de arte - e que arte... Em breve lerão esses textos, mas, por hora, observem a expressão de Luiz, enquanto eu tentava focar Márcia com minha máquina de bolso através da lente do artista. Até agora eu não sei se Luiz estava irritado com a zona que eu fazia ou se estava tentando se esconder de rir atrás da poderosa Canon dele...
Leila Marinho Lage
Rio. 3 de julho de 2010
A nova modelo brasileira: Marcia Garcês
Depois de lerem o texto abaixo, assistam ao vídeo que eu e Luiz fizemos:
http://www.youtube.com/watch?v=NGYkyFMW-ZM
Eu e Luiz Martins estamos a todo vapor produzindo o book de fotos de Marcia Garcês. Já a fotografamos em ambiente fechado e na semana que passou fomos à Quinta da Boa Vista, no bairro de São Cristóvão, com ela e sua ajudante.
Fomos em quatro, mas parecíamos um só corpo, tal era a interação de todos nós nesta sessão fotográfica. Marcia se desdobrava para fazer posições boas e nem imaginava que enquanto ela fazia pose para uma foto, muitas eram tiradas por Luiz. Ele com aquele silêncio de mineiro, calmo, se comunicava com ela até por pensamentos.
A empregada de Marcia, está se saindo excelente auxiliar para quem tem deficiência motora e até deu seus pitacos nas fotos que fazíamos. Eu, por minha vez, fazia a maior zona com tudo e todos. O grande problema era eu ficar quieta e parar de falar piadas. Como não havia telão nenhum pra eu segurar (a única forma que Luiz encontrou pra me fazer sumir de cena) deram-me a função de segurar chapéu pra tapar o sol no rosto de Marcia. Até que Dani, com pena de mim, abriu uma canga e disse: “Deixa que eu faço parede...”. Quem não gostou foi Luiz...
Escolhemos a Quinta, onde há o museu do Palácio Imperial, o zôo e maravilhosos campos e plantas. Além de fácil acesso, é mais ou menos adaptado para quem usa cadeira de rodas. Digo “mais ou menos” porque só quando acompanhamos um cadeirante vemos o quanto é difícil o lazer dessa pessoa, como, também, tudo é muito cansativo e demorado, o quanto alguns passos nossos significam para o deficiente metros de percurso.
Ela, que não anda e tem apenas alguma força muscular em um braço, quis sentar nos bancos; quis dobrar as pernas; colocar o pé numa estátua; cruzar as mãos; colocar as mãos atrás da nuca, tudo o que uma pessoa sem problemas faz e nem percebe o quanto isto tudo é tão importante.
Pensei comigo: “Ela tem que ser fotografada com os braços abertos!”. Como, deitada, pela menor ação da gravidade, ela tem mais movimentos, nós a colocamos sobre a grama. Daí não prestou... Ela fez até ginástica! Ela pedia para ajudá-la nos movimentos e sei que ela exigiu bem mais de seu corpo do que em suas fisioterapias diárias. Sua força de vontade era enorme.
A alegria reinou naquela manhã. Rimos muito e não tivemos tempo para perceber as pessoas que nos olhavam a fotografar uma deficiente física em posições ditas “exóticas”... Mas Márcia percebeu, e eu lhe perguntei se ela se incomodava. Ela disse que obviamente não! E acrescentou: “Uma mulher ali saiu dizendo que eu sou modelo!”.
Eu digo: ela é modelo fotográfico, da melhor categoria, mas é, principalmente, modelo para todos nós na vida.
Leila Marinho Lage
Rio, 11 de julho de 2010
O ESCOLHIDO
Para entenderem sobre Marcia Garcês terão que ler os artigos publicados em "Acessibilidade e Inclusão Social",´e em "A ideia é Superação", dedicados não só a esta maravilhosa personagem da vida, mas a todos os deficientes físicos.
Para resumir, quando eu cobria os eventos sobre o Projeto Novo Ser, textos para meu site, penando em captar também fotos parao Olhares, aconteceu de Luiz Maritns querer participar também, uma vez que fazemos vários trabalhos juntos. Assim conhecemos Marcia e imediatamente nós percebemos o quanto éramos os três unidos e como tínhamos tantas coisas em comum. Não só são coincidentes os nossos hábitos, e até nossos gostos (chegam a assustar as semelhanças), mas a nossa visão da vida.
Marcia reclamou quando eu escrevi em um texto que ela escolheu Luiz para seu fotógrafo: "Quem sou eu para escolher um fotógrafo?! Vocês é que me escolheram!".
Não, Márcia... O destino nos escolheu e nos colocou lado a lado.
Leila Marinho Lage
Rio, 11 de julho de 2010
PASSARINHO TAMBÉM TEM VEZ...
Esta é a terceira foto na cobertura da sessão fotográfica para o book de Marcia Garcês. O fotógrafo, compenetrado na modelo; a contrarregra e assistente de apoio, Dani (sempre nos "bastidores"); eu, a diretora de arte...
De repente Luiz deixa Marcia sozinha no chão e, sem falar absolutamente nada, se afasta e começa a fotografar algo nas árvores. Como eu e Dani estávamos ocupadas com algo, só percebi minutos depois que Marcia esperava pacientemente algo acontecer. Eu comecei a gritar: Luiz, o que é que tanto você fotografa na árvore? Marcia está aqui abandonada no chão!".
Luiz me olhou meio sério (nunca sei quando ele é sério ou está me zoando...): "Vão aí fazendo o que deve ser feito. Eu e Marcia nos entendemos por aqui. To tirando retrato dos passarinhos. Eles voam! Preciso desta imagem!".
Os pássaros estavam a metros de distância. Nada como ter uma Canon... E Marcia?! Bem, ela dava gargalhadas em ver como Luiz a tratava sem frescuras, como alguém independente, apenas com um problema motor.
Eu ali, cheia de cuidados, até porque sou médica, preocupava-me com tudo, zelava por detalhes imprescindíveis a um cadeirante, uma vez que eu não conhecia tão intimamente as dificuldades dela, apesar de ter experiência com pessoas assim. Luiz estava tranquilo: tinha-me na retaguarda e podia apenas ser fotógrafo e amigo, e lidar com ela como uma modelo normal.
Olhe, gente, a única coisa normal naquele dia foram os passarinhos, dos quais eu até agora não vi as fotos...
Leila Marinho Lage
Rio, 11 de julho de 2010
O SUSTO
Minha mãe esteve comigo, junto de nós, fotógrafos e simpatizantes, naquela sexta-feira do dia 9 de julho de 2010, lá em São Cristóvão. Aliás, São Cristóvão é um bairro muito familiar para mim, pois eu e meus irmãos estudamos no Colégio Brasileiro, lá pertinho da Quinta, e temos - todos nós três - lembranças de nossa infância e adolescência associadas com o lugar.
Minha mãe nos levava todos os dias de carro para a escola, e isso aconteceu até quando éramos bem grandinhos. Antes éramos transportados por uma caminhonete, mas como a grana ficava curta e como as contingências da vida ensinaram minha mãe a dirigir um carro, ela adorou a coisa e fazia questão de nos locomover com seu fusquinha vermelho - e ai de nós se negássemos!
Montagem e imagem de Luiz Martins
Minha mãe ficou paralítica ao final da vida, por atrofia muscular, de tão fraca que estava com dois cânceres e insuficiência cardíaca. Por anos eu vivi num home-care. Jamais ela teve escara, nem mesmo assaduras, muito nenos infecção urinária. Isso demandou extremos cuidados, cuidados a cada minuto - da vida dela e da minha. Minha mãe era perfumada e limpíssima até num CTI, mesmo quando ficava em coma. Para isso eu tive que deixar de trabalhar e de dormir por muito e muito tempo.
Valeu a pena. Fui enfermeira, fui filha e fui doméstica - médica também, quando eu precisava "incorporar" a razão, a lógica e a luta pela sobrevivência. Fui cão de guarda, mais que anjo da guarda. Eu estava alerta a tudo e vivia como um robô. Eu faria tudo novamente hoje, apesar de ter tido apagadas minha vida pessoal e profissional por algum tempo.
Marcia, lá na Quinta, enquanto sentada num banco, resolveu abaixar o corpo para tirar uma foto bem artística. Quando eu a vi caindo lentamente sobre o encosto do banco e sobre seu braço, fechando os olhos, eu realmente me assustei. Pensei que ela estava desmaiando. Ela levantou o rosto calmamente e me disse: "Leila, estou tentando tirar uma foto artística!". Pensei comigo: "Po, ela bem podia me avisar antes!".
Lembrei novamente de minha mãe, a deusa de todos que a conheciam. Uma vez ela deitou no chão e não me respondeu. Eu a chamei e ela fingiu estar desacordada, dizendo a seguir que era brincadeirinha. Eu só a perdoei porque minha mãe era "doida" (mas não louca) e brincalhona, mesmo "doentinha".
De alguma forma e por essas razões que só Deus nos mostra, eu vi em Marcia o carisma, a excentricidade e a força espiritual de dona Lola (ou dona Glória).
Preciso lembrar disso nos meus dias de hoje...
Leila Marinho Lage
Rio, 11 de julho de 2010
EPA!
O RESTAURANTE
Ouçam a versão “Ave Maria” moderna:
http://www.youtube.com/watch?v=rgxfthPHTwc&feature=related
Eu sempre fotografo o que como, os pratos, antes de traçá-los, mas como na Quinta da Boa Vista tudo foi meio atrapalhado, não deu... Espero que Luiz tenha fotografado o que comemos, mas posso detalhar para vocês. Era pra ser picanha frita na pedra, mas o mais rápido era picanha ao molho a campanha, que nada mais é que a mesma picanha com farofa de ovo, arroz, batata frita (seca e sem graça), molho à campanha (alho, azeite, água, cebola, pimentão e sei lá mais o quê...).
Apesar de o restaurante não ter rampa, os garçons e o restaurante se "adaptaram" e logo a gente tinha mil pessoas para subir cadeira de rodas, desarrumar mesas e decorações e até bifinho cortadinho, servido quentinho para Marcia.
Antes, para dissertar sobre o início da manhã do dia 9 de julho de 2010, sexta-feira, quando eu desmarquei minhas doentes para fazer as fotos de Marcia, eu estava meio excitada, meio nervosa, não sei nem bem razão... Eu estou acostumada a fotografar e cobrir eventos, mesmo tendo pouca tecnologia, pois eu me valho do meu instinto. Naquela manhã eu estava nua...
Ninguém chegava, até porque eu cheguei uma hora adiantada, naquela manhã linda ensolarada. Luiz estava trabalhando, Marcia estava se preparando para sair, e eu ali doida pra começar...
Marcamos no “Restaurante da Quinta”, que fica bem perto do zoo. No nosso simplório entendimento, deveríamos começar pelos bichinhos do zoológico, depois iríamos para os campos, depois fotos na relva, e, quem sabe, o museu (que não deu tempo de ir), ma eu pensava em acabar a tarde com uma bela comilança no tal restaurante, uma picanha assada na pedra, que eu já conhecia.
Perguntei na véspera se Marcia tinha alguma restrição alimentar, e ela disse "Pra ser sincera, não. Não devo engordar, mas adoro picanha!". Tava feito o menu...
Eu lembrava da última vez em que estive neste restaurante, que infelizmente não tenho foto. A frente é maravilhosa e eu não consegui tirar uma foto que prestasse, pois o sol da manhã não era compatível com uma compacta.
Fiquei à frente do local, que estava fechado, esperando os amigos, quase me torrando no sol, sentadinha num banco de madeira. resolvi tirar retrato de um monte de flor e descobri coisas muito bacanas, que jamais prestei atenção até então, mesmo sendo a Quinta da Boa Vista meu reduto desde jovem.
Marcia chegou quietinha, acompanhada de sua "sombra amiga". Ela me avistou de longe. Na verdade, a sua assistente subentendeu que aquela pessoa estranha, ali naquela hora, fotografando árvores, quase trepada numa delas, era eu....
Não tive tempo de nada. Dei beijinhos e fui logo falando: "Antes de Luiz chegar e fotografar, querem beber e comer?". Pensei comigo que eu agia como uma portuguesa. Minha mãe sempre colocava “bolinhos de resto” na boca de quem chegava em minha casa. Todos iam à minha casa na hora do almoço pra nos visitar-nos, não sei bem a razão.
Marcia disse: "Acabei de tomar café da manhã, mas adoro doce e até comeria um...". Ferrou... Era cedo e o restaurante estava vazio; não estava aberto. Os garçons lavavam as calçadas. O jeito foi interpelar um deles e pedir o cardápio, na maior, na maior cara de pau....
Graças ao bom Deus, quem nos recepcionou foi o dono, que loguinho, mesmo sem estar funcionando o expediente, nos mostrou a carta de doces... Sei lá o que ela comeu, acho que algo que sugeri e que descesse rápido: pudim de leite.
Eu tomava café a torto e a direito e perguntava sobre o fotógrafo. Marcia ria e estava zen. A ajudante de Marcia não tava aí, nem aqui - apenas me olhava pra sacar meu jeitão...
Eu falei: "Depois da sessão de fotos vamos comer picanha na pedra aqui!". O dia nem tinha começado e eu já pensava no almoço, mas podem ter certeza absoluta que aquilo ficou na mente de todos a manhã inteira, de tanto que eu falei!
Depois que acabamos com a saga das fotos, voltei a falar no almoço e Marcia foi a primeira a dizer: "Po! To com fome!". Luiz dizia: "Feijão com arroz me satisfaz, até pão com manteiga". A acompanhante de Marcia só falava em quanto seria legal se seus filhos pudessem estar ali - o que me deu dó, pois eu não podia realizar este sonho, só o meu do momento.
Quando todos estavam mais que desidratados, e o cansaço se apoderou de nós, fomos ao restaurante pras comer, descansar e beber algo.
O "Quinta" é como um oásis para mim. Quando minha mãe, ia ao médico, seu anjo da guarda, quem a salvou em muitos momentos, dizia: "Dona Lola, a senhora é renal crônica... A senhora faz hemodiálise e tem insuficiência cardíaca grave. Sabe que o seu tempo está contado. Cuide de sua dieta...". Ela respondia: "Meu filho, meu Heitor Colírio Castro Junior, se toca! Vou sair daqui e comer a picanha lá do Quinta. Amanhã a máquina limpa tudo...”.
A máquina precisava de quatro horas três ou quatro vezes por semana para cuidar dela, justamente pelo fraco coração... E monitorada com aparelhos para uma parada cardíaca a qualquer momento. Ela nunca comeu tão bem quando nessa época... De vez em quando eu dava uma de déspota, mas logo logo rendia-me aos pedidos dela, até mesmo nos sanduíches sem-vergonha, desses que os adolescentes adoram...
Com a picanha na pedra de sexta-feira passada todos ficaram muito bem da digestão. Só eu mesma é que quase perdi as tripas. Ti ficando velha... Cheguei a ligar para Márcia, como quem não quer nada, para perguntar do estrago. Ela me disse que não podia falar comigo pois estava comendo rapadura numa festa junina e fazia muito barulho pra batermos papo ao telefone.
Benza Deus... Nem a avestruz que vimos no zôo tinha o estômago dela...
Obs: Marcia não pode beber por causa das suas medicações tomadas criteriosamente por anos a fio. Sugeri-lhe parar com as mesmas por uns dois dias para que ela possa tomar o chopp aí da foto...
Leila Marinho Lage
Rio, 11 de julho de 2010
O DIA, A VÉSPERA
Alguém aí sabe o que é a véspera de um acontecimento surpreendente? Sabem bem a dimensão do dia seguinte, quando determinam que algo de novo vai acontecer conosco e não sabemos bem como vai ser? Imagine, então, que este acontecimento possa ser algo que vai salvar nossa vida ou melhorar nossa saúde, mas os efeitos colaterais podem ser letais...
Hoje não tirei nenhuma foto, mas eu estive até agora na casa de Márcia Garcês. Eu não podia ir ao encontro dela com seus amigos. Na última sexta-feira ela me disse - sem pensar - que queria fazer um encontro-despedida, pois na segunda-feira, será internada para fazer uma medicação para controlar a esclerose múltipla.
Cuido de várias pacientes transplantadas e posso dizer que todas elas tiveram enorme medo do dia anterior ao nascimento de seus novos órgãos. Todas pacientes criticamente comprometidas e todas rezando para chegar o dia da mudança em suas vidas.
Mesmo com risco de morte todas enfrentaram com coragem a situação e passam muito bem até hoje. Este é o recado que eu quero dar para Márcia Garcês.
Sua mãe precisa também de um tratamento imprescindível (uma cirurgia vascular), mas desmarcou a consulta pré-operatória por causa da internação de Márcia. E foi assim que de repente Luiz me obrigou a ir à casa de minha amiga hoje.
Lá eu encontrei alguns amigos dela, inclusive um amiguinho sobre quem um dia falarei, que tem problemas físicos por conta de um acidente na adolescência. Tudo foi muito rápido e tudo foi muito alegre. Comi, bebi e ainda trouxe comidas maravilhosas pra casa (Márcia é mestre-cuca).
Foto de Luiz Martins
Eu pensei que minha vida e meus problemas iam dar cabo da minha paz nesta semana. Não vão, não... A minha paz é saber que eu estou aqui para ajudar meus amigos, não só numa festinha ou numa sessão de fotos, mas no dia-a-dia.
Leila Marinho Lage
Rio, 11 de julho de 2010
Demais fotos de Leila M. Lage