OLHANDO PARA TRÁS: A VISÃO HISTÓRICA DA ASSESSORIA DE IMPRENSA CONTEMPORÂNEA
OLHANDO PARA TRÁS: A VISÃO HISTÓRICA DA ASSESSORIA DE IMPRENSA CONTEMPORÂNEA
Por Ulisflávio Evangelista
INTRODUÇÃO
O presente artigo apresenta informações históricas sobre o aparecimento da atividade de Assessoria de Imprensa no mundo, o desenvolvimento da função no Brasil bem como, a consolidação da Assessoria de Imprensa para o mercado jornalístico. É relatada também, a execução do trabalho de Assessoria como uma grande oportunidade de trabalho, tanto para jornalistas mais experientes, bem como, para os recém formados que saem anualmente das universidades brasileiras.
DESENVOLVIMENTO
A prática da assessoria de imprensa, tão comum e fundamental nos dias de hoje, principalmente em empresas privadas, órgãos públicos e pessoas públicas, aparenta uma existência recente. O motivo, talvez, possa ser associado inicialmente à atividade restrita a pouquíssimos públicos e, por conseqüência, a divulgação dessa atividade.
Porém, se observa que suas atividades são desenvolvidas a um longo período, ao consideramos, por exemplo, dois aspectos fundamentais:
1. Necessidade de se divulgar opiniões e realizações de um indivíduo ou grupo de pessoas;
2. Existência daquele conjunto de instituições conhecidas como meios de comunicação de massa.
Sobre isso, Kopplin e Ferraretto (2001, p.18), destacam que “[...] o primeiro elemento está presente nas cartas circulares com decisões e realizações da dinastia Han, distribuídas na China, em 202 a. C [...]”. Conforme se percebe, a necessidade de se divulgar opiniões não é algo novo ou efêmero, trata-se de uma importante estratégia de comunicação que pode objetivar, inocentemente, uma simples ação de comunicação ligada à informação, ou até mesmo, em um segundo estágio, uma “técnica de propaganda” que pode ser vinculada a outros fins, como por exemplo, um compartilhamento de idéias e opiniões sobre um partido político esquerdista.
A partir do século XV, por meio das prensas de Gutenberg, se observa o segundo aspecto essencial na assessoria de imprensa: a instituição de comunicação de massa. Evidentemente, que a conceituação de “instituição de comunicação de massa” foge um pouco a definição atual, quando convivemos em redes globalizadas, permitindo não só a comunicação, como também uma interação espantosa – idéia que foi antecedida por Marshall Mcluhan através do conceito de Aldeia Global – No entanto, a partir da invenção de Gutenberg, e o desenvolvimento posterior da rotativa, no século XIX, a imprensa ganhava um crescimento exponencial em sua produção, capaz de rodar 1.100 folhas por hora, consolidando assim, o surgimento do veículo impresso e sua adequação enquanto instituição de comunicação de massa.
Como resultado do crescimento tecnológico propiciado pelas empresas de comunicação, surge a Revolução Industrial, considerado o elemento primordial para o surgimento do capitalismo – sistema econômico caracterizado pela busca incessante do lucro. A conseqüência direta desse regime na sociedade trabalhadora foi detalhada por Karl Marx em 1879, na obra O Capital que descreve o impacto da mecanização na vida dos trabalhadores. Como uma forma de remediar o descontentamento interno das grandes corporações industriais que cresciam rapidamente, surge o jornalismo empresarial.
Os impressos surgiram dentro do grupo que detinha mais força e poder: os proprietários de estabelecimentos comerciais e industriais de grande e médio porte. O objetivo dos impressos focava na insatisfação dos trabalhadores – somado a organização dos sindicatos e da politização do movimento operário – que não tinha acesso ao espaço de opinião da grande imprensa da época. Para Kopplin e Ferraretto (2001, p.20), “Os jornais de sindicatos de trabalhadores ou dos movimentos ideológicos ligados a eles apareceram, de forma definitiva, a partir da primeira consolidação das primeiras trade unions (literalmente, uniões, associações de empregados), formados em 1824, na Grã-Bretanha, e em 1827, nos Estados Unidos”.
Na segunda metade do século XIX começam a surgir jornalistas que se encarregam da intermediação de informações entre uma organização ou personalidade e os veículos de comunicação norte-americanos, porém, a idéia sintetizada na frase “The public be damned (O público que se dane) ainda prevalecia nos EUA. Essa filosofia foi modificada efetivamente com as idéias de Ivy Lee, que trabalhava a imagem institucional (Relações Públicas) e divulgação (Assessoria de Imprensa) ao escrever sua Declaração de Princípios em 1906 e enviada aos jornais dos Estados Unidos.
No Brasil dois eventos chamam a atenção. Primeiro, o Serviço de Informação e Divulgação do Ministério da Agricultura que mistura divulgação e comunicação institucional; Já o segundo, o Departamento de Relações Públicas da The São Paulo Tramway Light and Power – a popular Light – se restringia a fornecer informações ao público. Com isso, chega ao Brasil o conceito de house-organs, exemplificado por periódicos como: O trabalhador (São Paulo – 1904), O cosmopolita (Rio de Janeiro – 1916), O Graphico e A Vida (Rio de Janeiro – 1924) e o Syndicalistas (Porto Alegre – 1919). Porém só em “1938 o governo brasileiro se preocupou oficialmente com o atendimento a imprensa, por meio do Decreto nº 3.371 de 1º de Dezembro” (2001, p.22).
Nos últimos, jornalistas e relações públicas confundiram-se na execução de trabalhos de assessoria de imprensa, situação que pouco a pouco está sendo mudada, graças ao entendimento de cada profissional sobre sua respectiva função. A atividade de “assessoria de imprensa” apresenta atualmente um papel de destaque no mercado de trabalho para o jornalista, uma grande oportunidade para os recém-formados colocar em prática o conhecimento aprendido nas universidades, garantindo assim, um espaço para determinados grupos sociais nos veículos de comunicação.
CONCLUSÃO
O resgate histórico da Assessoria de Imprensa no Brasil e no mundo ilustra bem as dificuldades enfrentadas por diferentes classes que lutaram para ocupar e deter um espaço na mídia seja televisionada, sonora ou escrita. A tarefa está apenas começando, por meio da consolidação da atividade jornalística e da função de Assessoria de Imprensa na sociedade brasileira. Como objetivo, reitera-se aqui, a necessidade de novas e recorrentes discussões sobre a prática da Assessoria de Imprensa, tornando-se assim, uma pauta diária no exercício profissional.