Salvador e seu processo de urbanização
Salvador passou por grandes transformações através do processo de urbanização. No início do século XX a cidade era formada em sua maioria por casas e sobrados. Os bairros eram distantes e eram utilizados bondes, carroças e carros (poucos) para a locomoção. Lugares como Praça da Piedade, Ladeira de São Bento, Praça Dois de Julho e Barra – localizados no centro da cidade – também possuíam essa característica, onde abrigavam também alguns palacetes.
Segundo a historiadora, Consuelo Pondé, nesse período, o governador Joaquim José Seabra foi o responsável pela modernização da cidade. De 1912 a 1915, ele fez a avenida 7 de Setembro ligando a Praça da Sé e o Campo Grande. Posteriormente ele alargou a avenida e, isso fez parte nesse momento de uma remodelação completa que acontecia no Brasil.
A década de 1930 foi marcada pelo desenvolvimento. O número de habitantes em Salvador estava aumentando. Com isso foi necessário pensar em uma solução para a reurbanização da cidade. Em 1935 foi realizada a Semana do Urbanismo, pois a cidade precisava de redes de avenidas de vale e de ter também um aspecto mais moderno, devido ao crescimento da população. Foram executados vários projetos de desenvolvimento, entre eles na rua Visconde do Rio Branco (Ladeira da Praça - Barroquinha) onde foi alargada para escoar o tráfego para a baixa dos sapateiros.
O desenvolvimento urbano trouxe consigo uma série de benefícios às pessoas, como: o maior acesso às inovações tecnológicas, maiores possibilidades culturais e educacionais, maiores alternativas de trabalho, mas trouxe, também, uma série de problemas, dentre os quais um dos mais graves é o relativo ao precário funcionamento dos sistemas de transportes. (MELLO, 1981, p.21)
Em 1938, na gestão do prefeito Durval Neves da Rocha, foi criado o plano de remodelação da cidade, dando mais modernidade à Salvador. Foram feitas pavimentação, canalização de águas pluviais e ligação entre bairros através de pontes e viadutos. Já em 1955 foi feita a construção da avenida Vasco da Gama, lugar de grande fluxo e que possibilitou ligar o centro da cidade a bairros como Rio Vermelho e Amaralina. Nesse mesmo período, onde o Estado era governado por Antônio Balbino de Carvalho Filho, houve a construção da BR-324, trecho Salvador – Feira de Santana.
No início da década de 1960 a população de Salvador já era de 630 mil habitantes, sendo que apenas 30% da área do município era ocupada. Em 1964 foi dado início as construções de viadutos e túneis, melhorando assim o acesso a diversos bairros e melhorando o tráfego de veículos.
Em 1967, na gestão do prefeito Antônio Carlos Magalhães, os 900 mil habitantes de Salvador passaram por mais uma era de mudanças. Foi um processo de reurbanização da cidade. Nesta época a população crescia em larga escala e cada vez mais Salvador precisava se expandir para comportar o contingente, e oferecer uma boa infra-estrutura para a população. A metrópole já não mais acompanhava a demanda de serviços.
Nessa época a estrutura da cidade começou a ser modificada. Foi colocado em prática um estudo feito pelo engenheiro, Mário Leal Ferreira, através dos estudos de Escritório do Planejamento Urbanístico da Cidade do Salvador - EPUCS, há 40 anos e que estava esquecido. Casas e sobrados começaram a ser demolidos, dando lugar a grandes edificações. Prédios passaram a ser ocupados por repartições públicas e pelo comércio.
Nesse período houve também o crescimento do número de automóveis e o surgimento das avenidas de vale, que serviram para desafogar o trânsito. De acordo com Consuelo, isso realmente deu uma expansão muito grande a cidade, promoveu um maior povoamento para o lado da Graça e do Canela, que são povoamentos antigos, mas que foram mais incrementados a partir dessas obras.
* Texto produzido por Fernanda Cruz e Juliana Arize.