Diploma de jornalista. Em que pese ao seu valor, um diploma sem peso

O jornalismo deve ser compreendido, em sua essência, como algo além da prática de contar histórias. Na verdade, é uma atividade mais complexa. Não que o jornalista seja o dono da informação, guardião da palavra e o único a ter a chave dela. Pelo contrário, o profissional da notícia deve ser aquele capaz de tornar essa informação acessível ao maior número de pessoas. No momento, discute-se, no Supremo Tribunal Federal, a validade do diploma de jornalista para o exercício da profissão. Mas que tipo de discussão é essa? Aquela que visa ao benefício das classes dominantes ou um debate que prioriza os interesses da sociedade como um todo?

O diploma em jornalismo é uma realidade brasileira, fato imutável, a credencial de um estudante de curso superior, imbuído de todo o conhecimento adquirido na academia. Ser ou não a favor da exigência desse documento é uma questão que sequer deveria ser levantada e levada aos “sábios” da corte suprema. Da mesma forma, seria intolerável pensar que um profissional da medicina exercesse sua função sem conhecer a teoria disponibilizada na faculdade. Ou ainda, aceitar que um determinado suspeito fosse julgado por uma pessoa comum e não por um Juiz formado em Direito. Permitir que um profissional que lida com o intelecto atue sem formação intelectual específica é, no mínimo, contrasenso, um disparate!

De fato, vivemos numa sociedade democrática, onde a liberdade de expressão não pode ser reprimida. Contudo, é preciso enfatizar que a garantia dessa liberdade passa, em grande parte, por esse “porta-voz social”, o profissional do jornalismo. Alguém que se paute por conceitos éticos e morais apreendidos durante anos de estudo no banco da universidade. Uma figura capaz de cobrar das autoridades soluções para os problemas sociais e denunciar as falcatruas do governo. Enfim, jornalista não é o dono da verdade, mas, certamente, um elemento-chave para a construção de uma sociedade mais justa, humana e democrática - um estado de emancipação social que só poderá ser alcançado, se esse profissional for respeitado como tal e levado mais a sério pelas pessoas que fazem e regulam as leis em nosso país.