Vinte e um anos de cultura regional
Buscamos alcançar o sucesso, seguindo um ideal e uma visão de futuro contemplada há vinte e um anos passados. Os resultados desejados, antes meras possibilidades, agora já podem ser vislumbrados. Nosso sonho está se tornando uma realidade. A história de Poxoréu já alcançou os quatro cantos do planeta. A UPE não é apenas mais uma quimera sonhada por quem não tinha o que fazer. Ela é hoje um patrimônio cultural da humanidade. Sem que a nossa parte tivesse sido feita, com toda certeza o mundo atual não seria o que de fato é. Parabéns aos upeninos por terem feito a sua lição de casa e por se tornarem exemplos a serem seguidos pelos demais.
Há 21 anos a UPE – União Poxorense de Escritores vem atuando “em defesa da arte e da cultura”. A cada ano passado nós temos procurado fazer a nossa parte na construção de um mundo melhor para todos. Seguindo o ideal upenino, acreditamos que se cada um fizer o seu melhor a cada dia, então todos nós poderemos sonhar com um futuro, ao invés de simplesmente nos conformarmos com o estado de coisas que se configura no presente. O amanhã somente será possível se o hoje se tornar realidade. Se não fizermos a nossa lição de casa de cada dia, não estaremos construindo o futuro, mas apenas realizando o passado das coisas que não fizemos quando podíamos fazer.
Hoje de manhã vi algumas cenas do filme “Loser”, O Otário, dirigido por Amy Heckerling. É um filme com nove anos de idade. Uma comédia. No enredo:
Paul Tannek (Jason Biggs) é um jovem deslocado que vive num verdadeiro buraco na Universidade de Nova York. As garotas o rejeitam e os demais companheiros de faculdade simplesmente o ignoram. Até que ele conhece Dora Diamond (Mena Suvari), uma jovem estudante que é tão deslocada na cidade quanto ele. Dora não tem dinheiro nem lugar para morar, e seu namorado, o Professor Edward Alcott (Greg Kinnear), está mais interessado em manipulá-la do que em amá-la. Paul decide então ajudá-la a conseguir um emprego e a se vestir melhor, aprendendo ele mesmo a aproveitar melhor a cidade em que vive.
Antes de ir para a Universidade, o jovem Paul Tannek expressou ao seu pai a sua preocupação quanto à sua adaptação no meio universitário. Ele temia ser desinteressante e ter dificuldades para conseguir amigos. Então seu pai lhe disse que o segredo para se obter amigos é ser interessado. Disse ele: “é interessante aquele que é interessado”. E explicou que todas as pessoas têm uma história e querem contá-la, mas nem sempre encontra alguém disposto a ouvi-la. E assim, quando alguém se dispõe a ser o ouvido, tal pessoa passa a ser considerada interessante e sua amizade e presença, passam a ser desejadas. Então o jovem foi para a universidade, onde tentou aplicar o conselho paterno, mas ninguém estava a fim de sua amizade. Paul é um jovem dedicado aos estudos e às coisas sérias. Os jovens de sua idade não estão dispostos a isso. O que eles querem são coisas fúteis como bebida, festa, sexo e drogas.
O mundo de Paul Tannek não é muito diferente do nosso. Afinal, não é por acaso que alguém já disse que a ficção é um retrato das realidades possíveis. Então sempre poderemos aprender um pouco com esse gênero literário. É o que sempre buscamos. Acreditamos que a ficção, ainda não tendo acontecido, é um sonho que pode ser materializado e, portanto, deve ser apreciado com seriedade, buscando ver o que o autor desejou mostrar a cada detalhe de sua história.
A UPE sempre foi um sonho. Apesar desses vinte e um anos, ela ainda é muito mais uma ficção do que uma realidade. E é bom que assim seja, porque isso significa que ainda temos algo planejado para ser construído e não estamos caminhando ao léu. Todavia, todos nós sabemos que a marca upenina e tudo o que ela significa para Poxoréu é muito maior do que a própria UPE.
Ainda me lembro de cada aniversário e dos upeninos que foram agregados à nossa confraria a cada ano. Cada um de nós é bem diferente do outro, mas todos nós sempre estivemos dispostos a ser o ouvido dos demais, compreendendo e registrando as mais diferentes histórias de vida. Não tenho dúvidas de que esse apreço pela história dos outros seja o elo que une essa sociedade de escritores poxorenses. Apesar de também gostarmos de comer, beber, festar e de tantas outras coisas importantes e necessárias, nós temos disposto uma boa parte de nossa vida para ouvir os nossos semelhantes e realizarmos o seu registro para que as gerações vindouras, partindo do que nós fizemos, possam avançar, ao invés de terem que começar tudo outra vez.
Talvez sejamos tão otários quanto Paul Tannek aos olhos de nossos contemporâneos, por estarmos investindo tempo e dinheiro na realização do projeto social upenino de defender a arte e a cultura. Todavia, não devemos culpá-los por não conseguirem ter uma visão de futuro semelhante à nossa.
Em relação a essa falta de visão, há poucos dias discutia com minha esposa Maria de Lourdes Resplandes, que o problema dessa geração não é o fato de verem as coisas acontecendo e serem insensíveis a elas. Pelo contrário, disse-lhe, o problema dessa geração é a incapacidade para ver o que acontece. De forma que, ao invés de criticá-los, devemos continuar tentando abrir seus olhos para que possam ver. Se conseguirmos isso, então seremos bem sucedidos, porque ter sucesso não significa realizar os seus próprios sonhos, mas sim ajudar os demais a realizar os seus.
A UPE tem feito a sua lição de casa. Os upeninos têm sido espelhos para que os jovens dessa geração possam ver e construir o futuro. Cada um de nós é uma pedra do alicerce do mundo que será construído sobre nossas idéias, sobre nossos sonhos e sobre tudo o que temos feito.
Ao ensejo do dia 31 de março, data de fundação da UPE, na condição de pioneiro dessa escola, quero dizer aos meus confrades e aos membros da sociedade poxoreana como um todo, que tenham fé, esperança e confiança em si mesmos e em cada de seus semelhantes; que continuem fazendo o seu melhor em favor dos demais. Essa é a única forma de termos sucesso em nossa missão upenina. Esse será o nosso legado para o mundo.
Feliz aniversário à Nação Upenina!