A amizade entre opostos
Apesar de ser um dos atributos humanos cada vez mais raros em nossos dias, como conseqüência natural do desenvolvimento das estruturas sociais contemporâneas, a amizade sincera ainda encontra um espaço para ancorar no porto de nossas possibilidades.
O espírito capitalista é um dos principais inimigos da solidariedade. Incentivando a competição e a disputa interpessoal, ele cria um fosso abissal entre os homens, despertando-lhes para as paixões e ambições de seu id psicológico. Todos querem surfar na crista de sua onda, mesmo sabendo que somente uns poucos conseguirão fazê-lo. Dominados pelo individualismo, os homens são cada dia menos amigos e mais interesseiros e mais maquiavélicos e mais egoístas. Fazem qualquer coisa para atingir o topo da pirâmide social. Muitos se matam e se destroem para atingir essa posição.
Apesar dessa realidade, nem tudo está perdido. No meio desse deserto selvagem e agreste, ainda são encontrados alguns oásis de esperança, como a religião, por exemplo, os quais têm sido capazes de saciar com a água da vida, aos sedentos que conseguem atingi-los. Na sua didática, ela ensina que os homens devem amar-se, mutuamente, não buscando aos próprios interesses, mas sim, preocupando-se em atender a vontade de seus semelhantes. No epicentro de sua ação está a divindade, que fundamenta a fé e a esperança, que ela difunde e espalha, entre aqueles que foram dominados pelos vírus da materialidade.
Vivendo entre esses dois pólos díspares, os homens encontrariam muitas dificuldades para fazerem a conciliação de suas idéias e estabelecerem os fundamentos da solidariedade e da fraternidade nos tempos modernos, não fossem eles movidos pelas leis da Física que regem o universo e que, ao longo dos séculos têm determinado que os opostos se atraiam se irmanem e se abracem. Isso faz renovar a cada manhã, as esperanças para que a humanidade continue existindo e governando a Terra.
Izaias Resplandes de Sousa é acadêmico de Direito das Faculdades UNICEN em Primavera do Leste, MT.