A era tecnológica
A descoberta de que a informática tem utilização educacional muito além das expectativas mais otimistas de nossos educadores e cientistas, tem feito dela a onda do momento, a ponto de podermos afirmar, sem sombra de dúvidas, que estamos no limiar de uma nova era para a educação, marcada, principalmente, pela utilização das ferramentas criadas por essa nova ciência para construir e sedimentar o conhecimento humano.
A informática grassa pelo país afora, devendo se tornar uma realidade absoluta em todas as escolas, apesar da resistência de muitos dos membros da comunidade educativa que ainda não assimilaram a idéia de utiliza-la tão rapidamente em seu cotidiano de trabalho. A novidade veio por revolução. Ainda estávamos discutindo nos cursos de magistério as melhores técnicas para utilizar o quadro-de-giz, quando ficamos sabendo que aquele recurso secular já era coisa do passado e que a onda agora era a tela “mágica” do computador, onde poderíamos fazer qualquer coisa que imaginássemos.
Ao longo dos últimos anos, principalmente nós da comunidade educativa pública, por falta de informação e re-formação acadêmica adequada, resistimos bravamente contra o uso do computador em nossas escolas. Mesmo assim eles foram chegando. Em Poxoréo, com recursos do Pro-Info, recebemos o primeiro laboratório de Informática, o qual foi instalado na Escola Pe. César Albisetti. Imediatamente foram escolhidos os professores responsáveis pela inovação, os quais receberam o treinamento para administrar o uso das máquinas. Era a novidade. Todo mundo falava sobre o assunto, principalmente os alunos. Eles estavam ansiosos para por as mãos em uma daquelas máquinas fantásticas que colocaria o mundo aos seus pés.
Eram dezesseis máquinas para atender todas as escolas de Poxoréo. Fez-se um calendário para a qualificação do corpo docente. Os coordenadores do laboratório, Prof. Antenor Ferreira e Profª Sandra Moraes, ficaram à espera dos treinandos, mas apenas uns poucos compareceram. A grande maioria gazeteou o curso. Achamos que não valia a pena aprender. Desculpas, desculpas e desculpas. Alegamos que pouco adiantaria para nós aquele treinamento básico de ligar e desligar a máquina, conhecer o “Windows” e o “Word”. Éramos muitos caciques para poucos índios. Raramente iríamos ter o computador à nossa disposição para o trabalho pedagógico. Mas a nossa principal desculpa, sem dúvida alguma é que precisávamos de programas específicos para trabalhar com a Matemática, a Física e as demais ciências. E isso nós não tínhamos no laboratório da escola. Pronto! Estava mais do que justificado a nossa negação à inovação.
E os computadores ficaram quase sem uso pedagógico, envelhecendo e ficando ultrapassados. E enquanto isso tudo acontecia, os alunos ficavam ali nas salas tradicionais de blá-blá-blá, babando de vontade de pegar no “mouse”, navegar pela internet e fazer parte dos times do primeiro mundo. Esperavam o milagre que, finalmente, está começando a acontecer. Depois de participar de dois módulos de informática, num total de 120 horas, com o prof. Ruy Ferreira, no curso de Licenciatura Plena em Matemática da UFMT, em Primavera do Leste e mais outro de 45 horas na UFLA, MG, descobri que não há mais motivo algum, para que eu não use o computador como ferramenta para melhorar a qualidade do ensino-aprendizagem, cuja mediação está a meu encargo. A internet está repleta de softwares freeware, grátis ou shareware, para experimentação por um pequeno período de tempo. Vários provedores oferecem o serviço de correio-eletrônico e hospedagem de home pages totalmente grátis para quem desejar. Não há razão alguma para que cada aluno fique sem o seu endereço eletrônico ou para que a escola não tenha a sua página na internet. Agora que não tenho mais a desculpa da desinformação, só existem dois caminhos para mim: usar o laboratório e usar o laboratório.
Creio que já posso concluir esse artigo. Espero haver contribuído para a desmistificação do Laboratório de Informática e mexido com os brios da minha classe, a qual fica desafiada a inventar para si e para seus alunos, novas justificativas e desculpas para continuar resistindo bravamente contra a onda cibernética que está invadindo o nosso front.
Izaias Resplandes de Sousa é pedagogo e acadêmico de Matemática na UFMT em Primavera do Leste, MT. Pós-graduando em Matemática e Estatística na UFLA, MG. E-mail: respland@zaz.com.br. Home Page: www.poxoreu.cjb.net.