A escolha do sonho dos sonhos
É próprio do homem o desejo de ter uma vida de sucesso e plena de grandes realizações. Ele foi criado para o propósito de “crescer”, “dominar” e “encher” a Terra com suas ações. Para que isso seja possível, necessita controlar o saber, o conhecimento e a verdade a respeito das coisas que Deus deixou.
Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra (Gn 1:27-28).
Imprópria e falsa é a declaração de vontade desassociada de ações que possam torná-la uma realidade. O querer traz implícito o realizar. Aquele que realmente quer deve ser alguém que está disposto a fazer. Ou se quer ou se não quer. As duas idéias são antagônicas. Não serve o ficar em cima do muro. O que age dessa forma, não granjeia a confiança dos demais. É de notar que, a fim de conseguir transmitir confiabilidade, algumas pessoas têm o péssimo hábito de ficar prometendo e jurando por Deus e tudo o que é santo, de que aquilo que está dizendo é a verdade. Nada soa mais falso do que esse juramento.
Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para não cairdes em juízo (Tg 5:12). Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca (Ap 3:16).
“Ah, o meu sonho é ser um médico!” – diz alguém. “Já o meu desejo é ser um missionário” – diz outro. Para ambos se diria: Que maravilha! E o que é que cada um de vocês tem feito para tornar esse desejo uma realidade?
Já se disse que é preciso ter sonhos, desejos, ambições. Estes serão os pontos de partida para a conquista do mundo maravilhoso de Deus. Mas não se pode ficar simplesmente sonhando o tempo todo. É preciso ter os pés no chão. Os homens são conquistadores e não meros sonhadores. Dentre os diversos sonhos e desejos do coração, deve-se eleger um em especial, o sonho da vida, um ao qual se envidará todos os esforços para torná-lo uma realidade. Deve ser algo que não cause vergonha se for levado à presença de Deus e sobre o que se poderá pedir-lhe ajuda para alcançar, haja vista que somente com as bênçãos dele se podem atingir os bons objetivos, bem como os bons desejos e os bons sonhos.
Na tua presença, Senhor, estão os meus desejos todos, e a minha ansiedade não te é oculta (Sl 38:9). Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo (Rm 7:18). Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade (Fp 2:13).
Durante esse processo de consulta ao Senhor, não se pode olvidar de que Ele fala ao consulente de muitas maneiras. Além de sua Palavra Direta – a Bíblia -, Ele também pode se utilizar de pessoas conhecidas ou estranhas, crentes ou não e até mesmo de animais ou situações. Um bom exemplo é a história de Balaão:
Tendo partido os filhos de Israel, acamparam-se nas campinas de Moabe, além do Jordão, na altura de Jericó. Viu, pois, Balaque, filho de Zipor, tudo o que Israel fizera aos amorreus; Moabe teve grande medo deste povo, porque era muito; e andava angustiado por causa dos filhos de Israel; pelo que Moabe disse aos anciãos dos midianitas: Agora, lamberá esta multidão tudo quando houver ao redor de nós, como o boi lambe a erva do campo. Balaque, filho de Zipor, naquele tempo, era rei dos moabitas. Enviou ele mensageiros a Balaão, filho de Beor, a Petor, que está junto ao rio Eufrates, na terra dos filhos do seu povo, a chamá-lo, dizendo: Eis que um povo saiu do Egito, cobre a face da terra e está morando defronte de mim. Vem, pois, agora, rogo-te, amaldiçoa-me este povo, pois é mais poderoso do que eu; para ver se o poderei ferir e lançar fora da terra, porque sei que a quem tu abençoares será abençoado, e a quem tu amaldiçoares será amaldiçoado. Então, foram-se os anciãos dos moabitas e os anciãos dos midianitas, levando consigo o preço dos encantamentos; e chegaram a Balaão e lhe referiram as palavras de Balaque. Balaão lhes disse: Ficai aqui esta noite, e vos trarei a resposta, como o SENHOR me falar; então, os príncipes dos moabitas ficaram com Balaão. Veio Deus a Balaão e disse: Quem são estes homens contigo? Respondeu Balaão a Deus: Balaque, rei dos moabitas, filho de Zipor, os enviou para que me dissessem: Eis que o povo que saiu do Egito cobre a face da terra; vem, agora, amaldiçoa-mo; talvez eu possa combatê-lo e lançá-lo fora. Então, disse Deus a Balaão: Não irás com eles, nem amaldiçoarás o povo; porque é povo abençoado. Levantou-se Balaão pela manhã e disse aos príncipes de Balaque: Tornai à vossa terra, porque o SENHOR recusa deixar-me ir convosco. Tendo-se levantado os príncipes dos moabitas, foram a Balaque e disseram: Balaão recusou vir conosco. De novo, enviou Balaque príncipes, em maior número e mais honrados do que os primeiros, os quais chegaram a Balaão e lhe disseram: Assim diz Balaque, filho de Zipor: Peço-te não te demores em vir a mim, porque grandemente te honrarei e farei tudo o que me disseres; vem, pois, rogo-te, amaldiçoa-me este povo. Respondeu Balaão aos oficiais de Balaque: Ainda que Balaque me desse a sua casa cheia de prata e de ouro, eu não poderia traspassar o mandado do SENHOR, meu Deus, para fazer coisa pequena ou grande; agora, pois, rogo-vos que também aqui fiqueis esta noite, para que eu saiba o que mais o SENHOR me dirá. Veio, pois, o SENHOR a Balaão, de noite, e disse-lhe: Se aqueles homens vieram chamar-te, levanta-te, vai com eles; todavia, farás somente o que eu te disser. Então, Balaão levantou-se pela manhã, albardou a sua jumenta e partiu com os príncipes de Moabe. Acendeu-se a ira de Deus, porque ele se foi; e o Anjo do SENHOR pôs-se-lhe no caminho por adversário. Ora, Balaão ia caminhando, montado na sua jumenta, e dois de seus servos, com ele. Viu, pois, a jumenta o Anjo do SENHOR parado no caminho, com a sua espada desembainhada na mão; pelo que se desviou a jumenta do caminho, indo pelo campo; então, Balaão espancou a jumenta para fazê-la tornar ao caminho. Mas o Anjo do SENHOR pôs-se numa vereda entre as vinhas, havendo muro de um e outro lado. Vendo, pois, a jumenta o Anjo do SENHOR, coseu-se contra o muro e comprimiu contra este o pé de Balaão; por isso, tornou a espancá-la. Então, o Anjo do SENHOR passou mais adiante e pôs-se num lugar estreito, onde não havia caminho para se desviar nem para a direita, nem para a esquerda. Vendo a jumenta o Anjo do SENHOR, deixou-se cair debaixo de Balaão; acendeu-se a ira de Balaão, e espancou a jumenta com a vara. Então, o SENHOR fez falar a jumenta, a qual disse a Balaão: Que te fiz eu, que me espancaste já três vezes? Respondeu Balaão à jumenta: Porque zombaste de mim; tivera eu uma espada na mão e, agora, te mataria. Replicou a jumenta a Balaão: Porventura, não sou a tua jumenta, em que toda a tua vida cavalgaste até hoje? Acaso, tem sido o meu costume fazer assim contigo? Ele respondeu: Não. Então, o SENHOR abriu os olhos a Balaão, ele viu o Anjo do SENHOR, que estava no caminho, com a sua espada desembainhada na mão; pelo que inclinou a cabeça e prostrou-se com o rosto em terra. Então, o Anjo do SENHOR lhe disse: Por que já três vezes espancaste a jumenta? Eis que eu saí como teu adversário, porque o teu caminho é perverso diante de mim; a jumenta me viu e já três vezes se desviou de diante de mim; na verdade, eu, agora, te haveria matado e a ela deixaria com vida. Então, Balaão disse ao Anjo do SENHOR: Pequei, porque não soube que estavas neste caminho para te opores a mim; agora, se parece mal aos teus olhos, voltarei (Nm 21:1-34).
Também o autor de Hebreus destaca as diversas maneiras pelas quais Deus se comunica com os homens.
Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo (Hb 1:1-2).
Deve-se estar atento para a orientação divina. Não há que se ter pressa na decisão a ser tomada. Deve-se pensar bem no que se quer e ver se o decidido é realmente a melhor escolha, para que não ocorra de se ficar andando de um lado para outro, indo e voltando, começando tantas coisas diferentes sem concluir nenhuma.
Não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro (Ef 4:14).
Por outro lado, o fato de se escolher algo para realizar, não quer dizer que não se possa fazer outras escolhas. É certo que se pode realizar muitos outros sonhos e fazer muitas outras coisas boas durante a vida, mas cada coisa deve ser feita ao seu tempo. É preciso ter ciência de que não se terá condições de fazer tudo o que se deseja de uma só vez. E, se não for feita uma seleção daquilo que é o mais importante e se não for estabelecida uma escala de valores e de prioridades, é passível de se cair no desespero de Marta, entrar em depressão e conhecer o fracasso.
Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me (Lc 10:40).
É preciso ter em mente que a orientação divina é clara. Não há dúvidas quando o Senhor fala.
Porque Deus não é de confusão, e sim de paz (1 Co 14:33). Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins (Tg 3:16).
Se não conseguir fechar a escolha é melhor não avançar. O bom conselho é para que se volte à oração e aos instrumentos divinos de esclarecimento. Isso deve ser feito até que se tenha plena convicção de que se está no caminho certo. Como diz o Pregador:
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz (Ec. 3:1-7)
Esse é o primeiro norte, o qual culmina com a escolha decisiva do sonho que ocupará senão toda, pelo menos a maior parte da vida daquele que estiver imbuído do propósito de executar um criterioso projeto de conquista do grande e maravilhoso mundo de Deus.
Porém, se vos parece mal servir ao SENHOR, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR (Js 24:15).
Que esse seja o sonho de cada um de nós. Amém!