Os melhores anos da vida

À luz da eternidade, a vida de uma pessoa é constituída de breves momentos. Mesmo para quem alcança aquelas idades fabulosas, acima dos cem anos, isso ainda é apenas um sopro à vista da vida que dura para sempre. Isso, mal comparando, vez que a única relação entre o finito e o infinito é que um acaba e o outro não. Diz a Bíblia que “para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia” (2 Pe 3:8; Sl 90:4). Mesmo assim, com toda essa brevidade, os anos terrenos de um homem poderão ser os melhores de sua existência eterna, em vista de que, durante eles, este tem a oportunidade de viver o presente da melhor forma que desejar além de poder escolher o futuro que lhe julgar mais conveniente. A vida terrena é uma escola preparatória para a eternidade. É um tempo onde se faz um estágio de vida, onde se anda pelos caminhos que satisfazem ao coração e que agradam aos olhos, onde se goza do bom e do melhor que pode ser encontrado. É um tempo de aprender a fazer as coisas certas e não existe nada melhor do que isso. Todas as pessoas normais desejam agir assim, corretamente. Isso é realmente muito bom (Ec 6:6; 11:9; Js 24:15; Pv 15:24; Jo 1:12).

Há quem pense que a vida terrena tenha que ser pobre e miserável, que o homem não deve desfrutar de nada, abrindo abrir mão de todo prazer referente a esta vida, pensando somente na eternidade. Isso não está certo por completo. Não é o que a Bíblia ensina. Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Todas as coisas são lícitas. Tudo o que existe foi deixado por Deus para o aprazimento do homem. Deve-se pensar na vida eterna, mas também se deve pensar nesta vida. O homem vive em dois mundos. E, em qualquer deles, tem o direito de realmente viver. (Rm 8:28; 1 Co 10:23; 1 Tm 6:17).

Deus não criou todas as coisas terrenas para que o homem simplesmente tivesse que contemplá-las sem poder tirar proveito delas para o seu deleite. O homem foi criado para ser feliz e para ter uma vida prazerosa e agradável. No jardim do Éden, ele podia comer do fruto de todas as árvores que desejasse, tanto é que comeu. Deus pensou no prazer da companhia de uma esposa, dos filhos, de uma família, enfim e providenciou-lhe esse desfrute. Afinal, se o prazer é um deleite divino, por que também não seria humano? Não foi o homem criado à semelhança de Deus? (Gn 2:18; 5:1; 18:12; 1 Sm 15:22; Sl 1:2; Sl 68:6).

É costume das pessoas adultas perguntarem se isso ou aquilo é proibido na igreja ou se isso ou aquilo outro é permitido. Elas agem como crianças sem discernimento, que ainda não sabem o que é bom e o que não presta. Perdem a oportunidade de desfrutar da liberdade para julgar o que o Criador lhes concedeu. É de destacar que Deus somente quer o nosso coração se este lhe for dado de boa vontade, com alegria e não por constrangimento (Cl 2:20-22; 1 Ts 5:21; 2 Co 9:7).

Isso é o livre arbítrio, o qual consiste no poder de decidir o que realmente se quer. Todas as coisas são postas diante do homem, todos os destinos, todas as opções. Cada um é livre para fazer suas escolhas e, evidentemente, arcar com todas as conseqüências, conforme a natureza. O que compra deve pagar; o que paga deve receber; o que recebe deve agradecer. Essa é a chamada lei da causa e efeito teorizada por Newton, segundo a qual, “a toda ação corresponde uma reação”. Esse raciocínio conduz o homem à idéia de liberdade responsável e é isso o que Deus espera de cada um. É esse o comportamento que será premiado por ele no Grande Dia. O destino final, bem como as recompensas e o galardão de cada um, haverá de ser diretamente proporcional às escolhas que foram feitas na vida terrena.

É de saber que o homem foi criado para ser a glória de Deus, para estar em harmonia com Ele. Isso asseguraria a sua felicidade para sempre. Ao tomar suas decisões, o homem deveria levar em conta os dois lados envolvidos, pensando em agradar a si mesmo, mas também em agradar ao Criador. Essa é a lei da boa convivência, seja com Deus, seja com familiares, sejam com os amigos. Se os dois lados estão satisfeitos, então todos serão felizes.

É esse o sentido em que se entende ser os anos terrenos os melhores da vida, visto que neles se têm a grande oportunidade de decidir sobre o futuro. E o que poderia ser melhor para uma pessoa do que ter a liberdade de escolher o seu futuro?

Afinal de contas, ser feliz ou não aqui e na eternidade é uma questão que somente depende de cada um. O homem pode decidir viver feliz apenas para si durante os setenta ou cem anos que Deus lhe der e ser infeliz o restante da eternidade, ou pode decidir desde agora e para sempre, viver para si e para Deus, cumprindo o propósito de sua criação, demonstrando que realmente aprendeu a tirar o proveito esperado dos melhores anos de sua vida. Tudo é questão de como cada um vier a escolher. “Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm 14:12).

Que a vida de todos seja composta de boas escolhas! Que Deus nos abençoe!

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Izaias Resplandes de Sousa é membro da Igreja Neotestamentária de Poxoréu, MT.