Os estágios da vida cristã
Introdução. Nascer, desenvolver e morrer. Esses são, basicamente, os três estágios principais de qualquer atividade humana. Começo, meio e fim. A vida cristã não é diferente.
Passamos pelos estágios da ignorância, do conhecimento e da atitude. É muito importante que cada crente tenha um bom domínio sobre cada uma dessas fases, para que se situe corretamente e não perca tempo com atividades inadequadas ao seu momento atual de crente renascido, lavado e purificado pelo sangue de Jesus.
O objetivo dessa exposição é oferecer subsídios para que cada crente possa consolidar os seus conhecimentos em relação aos três estágios básicos da vida cristã.
1. O estágio da ignorância. Não é absoluto. É sabido que, ao nascer já trazemos conosco uma enorme carga de conhecimentos. Isso já está incorporado na nossa formação genética. Todavia, ninguém nasce sabendo tudo. Ao longo de nossa vida, passamos por um processo de desenvolvimento de nossas potencialidades enquanto seres humanos. Por exemplo: Em Gn 2:17, vemos Deus orientando o homem sobre a vida e a morte. Embora nunca tivesse presenciado esta, é certo que o homem compreendia o que Deus falava. Já em Rm 1:19, o apóstolo Paulo esclarece que aquilo “que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou”.
2. O estágio do conhecimento. Além do conhecimento intrínseco ou nato, temos também o extrínseco, ou aprendido. É de destacar que, ao virmos ao mundo, estamos aptos para perceber, de forma natural, tudo aquilo que naturalmente está revelado na própria criação. A Bíblia diz que “os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Sl 19:1) e que “os céus proclamam a justiça dele, pois Deus mesmo é Juiz” (Sl 50:6). É nosso dever buscar esse conhecimento. Cf. Mt 22:29; Jo 5:39; 2 Tm 3:16-17)
É de destacar que a aquisição do conhecimento é um processo longo e que requer muita dedicação, disciplina e persistência.
a) É preciso dedicação. É preciso ter interesse. O crente não fica parado. Ele prossegue na busca do conhecimento e da plena liberdade (Jo 8:32). Ele sabe que se não agir assim, poderá voltar outra vez ao estágio de escravidão, o que ele não deseja (Gl 5:1).
b) É preciso persistência. É preciso esforço. Jesus disse em Mt 11:12 que “o reino dos céus é tomado por esforço”. Há muito crente que continua sendo enganado pelo maligno, achando que uma vez tendo aceitado a Jesus, está tudo pronto e acabado e nada mais precisa ser feito. Não é assim, querido. Temos que crescer na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo (2 Pe 3:18). Temos que conhecer suas palavras para poder praticá-las (Jo 13:17).
c) É preciso disciplina. A preguiça, o comodismo e o desleixo são características de um crente enganado e que não conhece a verdade e que, portanto, ainda não está completamente liberto (Cf. Pr 19:15, Ec 10:18, Jr 48:10).
Ao ler a Bíblia, o crente depara com muitas críticas relacionadas com a falta de crescimento, denotando que esta é uma questão séria e que não pode ser tratada de qualquer maneira. O homem foi criado para crescer e se multiplicar. Não se deve entender a ação de multiplicar apenas no sentido de se reproduzir iguais, mas também no sentido de se graduar, de se elevar, de sair de nível inferior, para um nível superior. É cediço que quem sabe mais pode mais. Conhecer é poder. Veja-se, por exemplo, a situação vexatória que Paulo registra em 1 Tm 1:6-7. Logo depois ele orienta Timóteo para que aja de forma completamente diferente (2 Tm 2:15). Veja-se ainda as situações trazidas em 1 Co 3:2; Hb 5:12-13; 1 Pe 2:2).
3. O estágio da atitude. É muito importante compreender, mas, mais do que isso, é importante tomar uma atitude de crente em face do conhecimento. Há muitos crentes que buscam o conhecimento apenas para se destacar perante os demais, como sendo alguém que sabe mais. Isso é humano, carnal, demoníaco. O verdadeiro sábio é uma pessoa humilde. Não é enfatuado (1 Tm 6:3-5; Tg 3:13-18).
Veja-se o exemplo do filósofo grego Sócrates. Diziam que ele era o mais sábio do mundo. Então procurou um oráculo para confirmar isso. O oráculo perguntou o que ele sabia. Ele, por sua vez disse: “Tudo o que sei é que nada sei”. Então o oráculo lhe respondeu. “Sócrates, na verdade, é o homem mais sábio do mundo, porque é o único que não sabe e sabe que não sabe”.
Devemos estudar a Bíblia com a intenção de colocar em prática aquilo que aprendemos. Devemos ter o espírito de Esdras nesse sentido. Ele buscou aprender para, primeiramente praticar e depois para ensinar aos demais (Ed 7:10).
É de observar que Jesus criticou os homens de seu tempo, porque eles sabiam, mas não praticam o conhecimento. Temos muitos crentes assim em nossos dias. Tais pessoas não têm permissão bíblica para ensinar, para expor seus argumentos e nem qualquer autoridade para julgar ninguém (Mt 23:2-5; Jo 8:3-11).
Conclusão. A Palavra de Deus não é simplesmente teoria. Os preceitos bíblicos, são palavras de verdade. Jesus nos deu o exemplo, sendo aprovado diante dos homens. Os apóstolos seguiram seu modelo. O mesmo é requerido de cada um de nós (Jo 13:15; At 20:35; At 26:25; Fp 3:17; 2 Ts 3:9)
Assim, meus queridos, não sejam meros ouvintes. Procurem estudar as Escrituras e crescer no conhecimento a respeito delas. Mas acima de tudo, não queiram saber mais do que aquilo que já conseguem por em prática, porque Deus não nos dá mais do que nós temos condições de carregar. Se ainda não temos a possibilidade de carregar um determinado conhecimento, praticando-o, devemos entender que ainda não estamos prontos para ele. Nesse sentido, é de bom alvitre seguirmos a orientação de Dt 29:29. “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei”.
Que Deus nos abençoe para que possamos prosseguir.