Aniversário de Poxoréu
É aniversário de Poxoréu mais uma vez. Sua gente está em festa, está feliz. Baile, gincanas, jogos, os recitais de poesias da UPE, shows, feriado... De tudo um pouco, permitindo que cada munícipe faça a comemoração ao seu gosto e arbítrio. Assim é que, enquanto uns se divertem às arrobas, usufruindo de toda a programação, outros, também aos quilos e ao estilo de Judas Iscariotes, atiram criticas para todos os lados. “Como se pode gastar o precioso dinheiro do povo para promover festas, ao invés de se fazer alguma coisa pelos pobres?”, ou então: “Ah, a festa é só essa festinha?”. A verdade é que as festas são necessárias para diminuir o estresse do corre-corre cotidiano. Nicolau Maquiavel, o sábio pensador italiano, diz em seu livro “O Príncipe”, que o governante “deve, nas épocas convenientes do ano, distrair o povo com festas e espetáculos”. Mesmo em tempos difíceis deve haver festas para amenizar o sofrimento do povo. A festa é um bem de primeira necessidade, tanto para ricos, quanto para os pobres.
E, enquanto o povo festeja, vamos recordar a história.
Poxoréu nasceu do garimpo de diamante. Foi involuntariamente plantada em 24 de junho de 1924 pelo garimpeiro João Ayrenas Teixeira (que, infelizmente, ainda não ganhou o monumento a que faz jus nessa cidade). Esse bandeirante fora à região em busca de ouro e pedras preciosas. Era sua segunda expedição. Na primeira, estivera junto com Antônio Cândido de Carvalho, mas nada encontraram. Dessa feita, na data aprazada, eles chegam às margens de um riacho onde “pegam” sete chibius, sete pequenos diamantes de pouco valor. O riacho ficou conhecido como Sete. Mas o fato a ser destacado é que essas pedras do Sete foram encontradas de uma faiscada. Isso animou os exploradores a continuar com as prospecções, as quais resultaram bem sucedidas, atraindo para a região diversas levas de garimpeiros, oriundas de todos os monchões e grupiaras do país, contribuindo para que, em pouco tempo se formasse ali o povoado de São Pedro, em cujos termos chegaram a palpitar três mil corações. Segundo o jornal A Plebe, de Cuiabá, “a notícia da riqueza repercutiu até na Europa”. Baxter, em seu Garimpeiros de Poxoréo (1998), registra que em 1933 foram garimpados e taxados 2.313 quilates de diamantes em Poxoréu.
O mesmo historiador conta que várias frentes garimpeiras surgiram em torno de São Pedro. Dentre elas, Morro da Mesa (mais tarde Poxoréu). O povoado de São Pedro foi quase totalmente destruído por um incêndio, em outubro de 1927, o que possibilitou a “ascendência de Poxoréu”. O povoado virou distrito e finalmente se tornou cidade. Da pena do Interventor Federal de Getúlio Vargas em Mato Grosso, Júlio Müller, saiu em 26 de outubro de 1938, o seu decreto da emancipação, apesar de que somente em 01 de janeiro de 1939 o município foi instalado, tendo Luís Coelho de Campos como seu primeiro prefeito nomeado.
Desde então, são passados 68 anos. Muita água e muito cascalho já passaram pelas peneiras dos garimpeiros de Poxoréu, inspirando poetas, cantores e artistas na produção de seus versos, suas rimas e cantorias. Seu território inicial de 25.509 quilômetros quadrados hoje está reduzido a 6.907,60 quilômetros quadrados. De seu domínio, dentre outros, saíram Rondonópolis, Dom Aquino e Primavera do Leste. Atualmente, Alto Coité também está querendo ganhar o mundo. E, com certeza, quando chegar a hora, também vai se emancipar e vai contribuir mais significativamente para o desenvolvimento da região, como estão fazendo muito bem os seus irmãos mais velhos. Como bom sonhador, vejo uma grande metrópole sendo erguida no entorno do Morro da Mesa (450 metros acima do nível do mar), em cujo sopé está a cidade de Poxoréu, onde estará centralizado o governo metropolitano. Dali fluirá o comando do desenvolvimento para toda a região. Ao que, precipitadamente sorri, eu apenas pergunto: E por que não? A possibilidade somente surge a partir dos sonhos. Feliz é o povo que sonha. E Poxoréu é uma terra de gente que pensa e sonha grande. Exemplos disso são seus filhos que ganharam o mundo. É de destacar, o Prof. Júlio Delamônica Freire (ex-Reitor da UFMT), deputados como Osvaldo Cândido Pereira, Rachid Mamed e até senadores, como Louremberg Nunes Rocha, um ilustre filho que Poxoréu deu a Joaquim Nunes Rocha, o Rochinha, o qual também, depois de ser deputado, chegou a ser suplente de Senador, além de escritores, jornalistas e profissionais liberais de toda ordem.
Desse modo, por tudo o que aconteceu desde 1924 e pelo que ainda acontece nos dias de hoje, é muito justo que Poxoréu faça uma grande festa para comemorar os seus 68 anos de emancipação e os seus 82 anos de história. O seu povo está de parabéns pelo progresso que tem disseminado em toda a região sudeste mato-grossense. Que todos se abracem, cantem, se divirtam e festejem bastante. É o que merecem. E, para que ninguém fique enciumado por conta de meus aplausos e desvarios, cumprimento a todos através do abraço que deixo aos meus filhos poxorenses Ricardo, Fernando (acadêmico de Farmácia e Bioquímica) e Mariza Resplandes (acadêmica de Direito).
E viva Poxoréu! Viva! E viva Poxoréu! Viva! E viva Poxoréu! Viva! E viva João Ayrenas Teixeira, o garimpeiro que acreditou na riqueza desta terá. Viva! Viva! Viva!
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Izaias Resplandes de Sousa é escritor mato-grossense, pedagogo, professor de Matemática em Poxoréu, MT, fundador da União Poxorense de Escritores (UPE) e da ASSEMP (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Poxoréu). Acadêmico de Direito UNICEN (Primavera do Leste). E-mail: respland@gmail.com.br.