O lado "bom" da inveja...

Será que há? Para nós, sim. Senão, vejamos:

Ao lado da ingratidão, a inveja talvez repre-

sente um dos maiores defeitos humanos, impingindo aos que a alimen-

tam a marca indelével de um "fraco", de um "vencido" e coisas tais.

Mas, há o outro lado da inveja que, se bem

trabalhado, pode servir de "alavanca" que fará despertar e impulsionar

nossos anseios, ideais e ambições de vida mais profundos e significa- tivos.

Não temos um embasamento científico/psi-

cológico para provarmos tal ponto-de-vista, porém, A PRÁTICA VI- VENCIAL mostrou-nos a possibilidade da procedência de tal assertiva.

Somos do signo de aquário, o que faz de

nós (dentre outros inúmeros defeitos) um eterno sonhador; somos ,

por outro lado, o (pasmem!) 25o. filho de uma família, cuja mãe foi,

ao longo de sua existência, apenas "do lar" e um pai que foi um funci-

onário público; nascido numa região árida, pobre, sem opções de tra-

balho, no interior da Bahia, em que, até os 18 anos, nunca havia saí-

do, em viagem, dos limites da cidade, por ter que estar à disposição

("stand-by") do meu velho, para recados, mandados, etc.

Que pretensões, que ambições de vida,num

contexto deste, poderíamos alimentar?

Quando líamos um jornal (atrasado) ou uma

revista de "atualidades", vindos da capital para os representantes da

elite da cidade, e víamos aquelas gravuras de carrões de luxo, daquelas mansões espaçosas, daquelas paisagens lindas da "Cidade

Maravilhosa", daqueles homens em vistosos escritórios, cercados de

todo luxo e mordomia, quanta tristeza e quantos sonhos de realização nos assaltavam !...

Com nossa idade em torno de 7 / 8 anos ,

imaginávamos o quanto seríamos felizes, se nos fosse dada a possi-

bilidade de, um dia, podermos ter um daqueles carrões, conhecer / morar na Cidade Maravilhosa, que é o sonho maior de todo nordestino, enfim...Os nossos pensamentos voavam...

E foi aí, nesse ponto exato, que, ao lado da fé inabalável no "de lá de cima", CONHECEMOS, no bom sentido , O PODER DA INVEJA.

Tudo aquilo que, até então, nos causava

"inveja" passou a tomar um novo sentido e a representar uma espé-

cie de suporte ou de estrutura de nossos ideais de vida a perseguir,

a partir dali.

E, para viabilizar a concretização (ao menos

parcial - que foi o que conseguimos), mesmo sem as "ferramentas" ne- cessárias - carência essa que é típica de uma cidade interiorana -, passamos a direcionar toda a nossa energia, esforço, criatividade em

torno daquele fito.

Hoje, ao atingirmos os 57 mil quilômetros ro-

dados, podemos dizer que, no nosso balanço de perdas e vitórias, pre-

domina o último :

- Vivemos do que gostamos de fazer (ser professor) (e nem todos o

conseguem...)

- Conseguimos morar durante 18 anos no Rio de Janeiro, onde demos

um forte impulso em nossa vida profissional; onde concluímos um

curso superior; onde adquirimos a 1a. casa aos 27 anos; onde

criamos a estrutura mínima para formar uma família; onde adquirimos

o primeiro carro (um fusca 197O), ainda que sem sabermos dirigir;

- Temos nossa casa própria (embora não necessariamente do padrão

das publicadas em revistas), mas suficientemente agradável;

- Temos um emprego público / estabilidade profissional, cuja renda é

complementada com atividade em escolas particulares;

- Todos da família já têm condições de se auto-sustentarem;

Enfim...voltando ao enunciado :

A INVEJA (repetimos : se bem trabalhada) TEM, SIM,

SEU LADO BOM !!!

pedralis
Enviado por pedralis em 07/06/2008
Código do texto: T1023284
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