Sobre mais dois casos de manipulação semântica para fins políticos supostamente benignos: discriminação e segregação

(Eu já falei sobre o caso da xenofobia nesse texto: "Novo exemplo de desonestidade 'de esquerda': xenofobia")

Sempre imorais??

Discriminar é o ato de tratar de maneira diferente, de diferenciar.

Segregar é o ato de separar, dividir ou isolar.

São duas palavras abstratas e, como costuma acontecer com esse tipo de palavra, estão desprovidas de uma determinação moral que só é imposta a partir de uma contextualização. Isso significa que, discriminar pode ser moralmente bom ou ruim, assim como segregar. No entanto, graças ao aparelhamento ideológico progressivo das instituições tradicionais, especialmente no mundo ocidental, essas duas palavras têm sido unilateralmente determinadas como imorais, também no sentido de injustas ou irracionais, como se segregar ou discriminar fosse sempre errado (exagerado, desnecessário, cruel...).

Ainda dentro de suas respectivas possibilidades, existem atos correspondentes de auto discriminação e de auto segregação, quando são mais direcionados para si mesmo. Um bom exemplo de auto segregação é a existência de grupos religiosos, vezes determinados por linhagens raciais, tal como os judeus ortodoxos e os amish. Já em relação à auto discriminação, pode e costuma se dar em vários contextos pessoais, mesmo sem ser percebida pelo indivíduo.

Exemplos em que segregação e discriminação não são imorais:

Segregar indivíduos ou grupos de indivíduos objetivamente considerados perigosos para a segurança pública ou mesmo de se auto segregar em relação aos mesmos...

Discriminar pelos artistas mais objetivamente talentosos para uma finalidade específica que busca pelo primor artístico.

A própria meritocracia é um tipo de discriminação positiva.

Separar vagas de estacionamento para deficientes físicos; tratar deficientes mentais de maneira positivamente diferenciada ou positivamente discriminatória.

Exemplos históricos de práticas de segregação e discriminação que têm sido retratados como absolutamente abjetos pelos mesmos indivíduos que inventaram e/ou adotam manipulações semânticas desses termos:

Segregação racial na África do Sul e no sul dos EUA

Pois apesar de serem exemplos de segregação por critério de raça e portanto, passíveis de crítica*, se é mais racional segregar por critérios mais objetivos, tal como por comportamento, não foram baseados unicamente no desejo ou intuito de separar indivíduos por raça, mas também e, justamente, com base em estatísticas de comportamento por grupo racial. Portanto, mesmo se o critério usado fosse o comportamento, ainda ocorreriam níveis variados de segregação racial, por causa das diferenças médias de tendências comportamentais entre as populações humanas.

* Pelo critério de auto segregação, há pouco com o que discutir.

Por fim, é importante destacar que discriminar e segregar são atos constantes, praticamente inevitáveis em nossas vidas e também nos ambientes sociais em que navegamos. Então, lutar contra algo que nós é tão lógico, básico e natural não parece contraproducente. Como conclusão, o ideal seria de buscarmos pelas medidas mais racionais ou justas de discriminação e segregação e não de nos iludirmos tratando-as como desejavelmente descartáveis.