Fofoca no ambiente de trabalho: Seus impactos nas relações interpessoais e na produtividade.

As Relações Humanas, em qualquer ambiente em que vivemos e convivemos, são um grande desafio. Afinal, as divergências de ideias, de cultura e de ideologias, fazem fluir, em qualquer ambiente, um emaranhado de opiniões, sugestões e convicções diferentes umas das outras. Logo, é difícil conviver em um grupo social, sem que em algum momento não tenhamos alguma divergência que possa causar um desconforto entre as partes. Isto porque, a maioria de nós, não tem habilidades para gerenciar ou solucionar conflitos. E para piorar ainda mais nossa realidade, temos o péssimo hábito de propagar informações paralelas e desnecessárias, para tumultuar ainda mais o convívio em grupo. Para resumir, somos especialistas em propagar fofocas.

É difícil encontrar na sociedade, em quaisquer áreas social, ou profissional, alguém que, em dado momento da vida, não disseminou uma fofoca, sobre alguém ou algum fato. Este é um ato tão comum em nossa sociedade, que as pessoas tendem a achar que isto é normal e inofensivo. Contudo, esta prática, quando é realizada de forma indiscriminada, maldosa e sem que haja uma avaliação sobre os impactos, daquilo que se pretende falar, da vida das pessoas, pode se tornar algo extremamente danoso e com consequências irreversíveis. Logo, a fofoca, no meio institucional, no ambiente de trabalho, pode gerar um clima organizacional desfavorável a produtividade, gerando conflitos, destruindo carreiras, além de poder desencadear traumas e doenças psicológicas.

Dentro de um ambiente institucional, sempre vai existir uma certa competitividade entre as pessoas. Uma busca por status, por uma melhor posição, ascensão de carreira e qualquer coisa que beneficie o Ego, daqueles que ali trabalham. Contudo, algumas pessoas, por questão de caráter, estão dispostas a utilizar de artifícios maliciosos para prejudicar colegas de trabalho, afim de conseguirem melhorar a sua posição, ou meramente para não vê-los se destacarem em suas funções, ou em uma possível promoção. Logo, a prática da fofoca é uma das armas mais utilizadas, para esta tentativa de neutralizar “concorrentes”, dentro do ambiente de trabalho. É estranho utilizar o termo concorrente, mas infelizmente esta é a realidade que se passa dentro de muitas instituições mundo a fora. Pois muitas equipes, por não terem boa gestão, e não saberem quais são seus verdadeiros objetivos, se dissipam e tornam concorrentes entre si.

Esta prática se agrava mais ainda, quando as instituições possuem gestores fracos, mal treinados, com pouca visão humanista e inseguros. Pois, gestores com estas características, tendem a se valer destas fofocas, para gerenciarem suas equipes. E sem se preocupar com a veracidade daquilo que chega aos seus ouvidos, simplesmente tomam decisões baseadas em boatos e informações distorcidas. Afinal, o mal gestor, principalmente aquele que quer se perpetuar no poder, acredita que aquele que leva a informação até ele, é um aliado e que está lhe apoiando e colaborando para o bom andamento da instituição. Sem perceber que na verdade, ele quer é se beneficiar de alguma forma de favores futuros.

Consequentemente, esta prática pode causar prejuízos gigantescos e sem precedentes, dentro de uma organização, seja ela privada ou pública. Uma fofoca geralmente tem o objetivo de atingir a honra e a reputação das pessoas, valores estes que são sagrados para o ser humano. Cada um de nós temos valores, nos quais acreditamos, por isto zelamos por eles. Quando alguém tenta atingir estes valores, denegrindo-os, ou minimizando sua importância, acontece uma redução da autoestima das pessoas. O entusiasmo para o trabalho, a vontade de produzir, passa a dar lugar a insegurança, o medo das críticas. Futuramente podendo até evoluir para algum quadro de fobia social. O que as pessoas não param para pensar é que, quando fazem uma fofoca, seja ela de um fato real, ou calunioso, a respeito de alguém, a vítima nem sempre está sendo atingida somente no campo profissional, mas também psicológico, com danos graves e consequências sérias. Existem casos em que bons profissionais, se excluem dos grupos de trabalho, desenvolvem traumas permanentes, que podem provocar até mesmo o suicídio.

No setor público, esta prática também é comum, principalmente entre servidores, que almejam cargos em comissão. Para derrubar o colega de trabalho, vale quaisquer artifícios. Assim, como na empresa privada, onde cargos de gerência são cobiçados e disputados a qualquer custo, no setor público, infelizmente, esta conduta é amplamente utilizada. Talvez seja por esta razão que vemos tantos funcionários públicos, desmotivados, em vários setores, por não terem voz, nem vez para mostrar ideias e colaborar para o desenvolvimento de suas atividades.

Neste sentido, é preciso que os gestores, sejam eles, públicos ou privados, se atentem para a gravidade de suas ações, ao utilizarem e aceitarem a prática das fofocas, como ferramenta de gestão. Pode ser que, ao dar valor em uma fofoca, estejam neutralizando pessoas, que possuem tamanho potencial para ajudar suas instituições a crescerem. Pode ser que, ao ouvir e acreditar em uma fofoca, sem as devidas precauções sobre a veracidade dos fatos, estejam sentenciando uma mente brilhante ao fracasso profissional, por colocar em xeque sua capacidade e profissionalismo, derrubando sua autoestima e capacidade de produção.

Um bom gestor, para ser coerente e justo, deve agir com sabedoria. É preciso que tenha uma visão ampla e um senso crítico, altamente analítico. Para saber receber as informações, processá-las e analisá-las, ao ponto de não se deixar ludibriar pelas segundas intenções daqueles que são apenas mercenários, sem capacidade profissional. Mas que para se destacarem, precisam apagar o brilho do outro. Um bom gestor, cuida da saúde emocional de sua equipe, avalia sempre o clima organizacional, sabe valorizar talentos e reconhece-los no meio da equipe. Também promove treinamentos constantes para suas lideranças e também se capacita, para buscar estar sempre atualizado quanto as técnicas de gerenciamento de pessoas e retenção de talentos.

Quando o gestor, ao receber uma fofoca, passar a buscar a fonte das informações, a veracidade dos fatos, não toma decisões no calor da emoção e age sempre buscando o benefício da dúvida, até que se prove o contrário, ele passa a neutralizar as pessoas que utilizam desta prática para seu benefício próprio. Pois vão começar a perceber que as informações serão filtradas e analisadas, podendo fazer cair por terra, as tentativas de denegrir os outros. Desmotivando esta prática.

Contudo, não basta que os gestores, tomem atitudes inteligentes para tentar sanar estes problemas no ambiente de trabalho. É preciso também que, cada colaborador, tome consciência de que, aquilo que não queremos para nós, não podemos praticar ou deixar acontecer com os outros. Se cada um se respeitar, dentro do ambiente de trabalho, cooperando mutualmente, o ambiente pode ser mais produtivo e todos podem encontrar “um lugar ao sol”. Nós, seres humanos, quando somos desafiados de alguma forma, somos tentados a deixar escapar de dentro de nós, um instinto predador, que tem como objetivo nos manter vivos e nos defender de ameaças. Contudo este instinto primitivo, não mede consequências e pode causar um grande mal a nós mesmos e ao nosso próximo. A pratica de derrubar as pessoas, para alcançar benefícios próprios, mostra uma fraqueza muito grande, uma falta de autoconfiança e autoestima baixa, que não permite que a pessoa seja capaz de acreditar na sua própria capacidade de crescer, por sua própria inteligência. Fazendo com que ela busque derrubar o outro para se garantir no cenário, colocando colegas, na condição de ameaças. Logo, para mudar esta realidade, é preciso que busquemos praticar constantemente ações de solidariedade, respeito e comprometimento. Exercitar, incessantemente, o nosso cérebro, praticando ações que gerem um ambiente com clima de positividade, podem aumentar a produção de dopamina em nosso organismo, gerando novamente a sensação de prazer ao trabalhar em um ambiente agradável.

Valorizar a verdade, promover a meritocracia, compreender que as pessoas são os principais capitais de uma instituição, são princípios básicos para aumentar a produtividade, em harmonia com as boas práticas de relações humanas. Seja um gestor de excelência, promova pessoas, por seus verdadeiros valores!