TROPEIRISMO
TROPEIRO, TROPEIRISMO, MASCATE.
Tropeiro foi uma atividade mundial e brasileira do passado, apesar de ainda subsistir em alguns recantos do Brasil.
Como o nome diz, tropeiro tem a ver com tropas, e tropas tem a ver com cavalos, burros e mulas, além de carro de boi carregando o Tropeiro e as cargas, que são mercadorias de subsistência alimentar ou de utilidades domesticas inclusive para vestimentas, roupas, e eram comum a negociação dos tecidos em peças como se fosse no atacado com muitos metros de comprimento por uma largura em torno de 1,40 mts, era chamados de “fazendas” de diversas estampas e tecidos como sedas, algodão e outros.
Sobre os cavalos burros e mulas ou mesmo em carros de boi se transportava de tudo, sobre os primeiros em assessório chamados “jacas” confeccionados com um tipo de bambu (tabocas), em broacas de couros ou panos, onde se transportavam de animais vivos, como animais já mortos e pré divididos em metades ou quartos como porcos, galinhas, perus e muitos outros tipos de animais ou até caças.
As vezes os animais eram tangidos, tocados, atrelados, amarrados um ao outro para não fugir, ou mesmo soltos, era normal tangir como boiada, tropas de cavalos, porcos, perus, patos muitas vezes.
Todos os tropeiros começaram sozinhos, ou como ajudantes, comeram pequenos e muitos se tornaram os grandes empresários da época, são como os mercadores nômades do deserto do oriente médio ou de qualquer outro lugar do mundo.
Os Tropeiros Levavam frutas, ovos, viveres em geral, do sertão, da roça para as periferias, centro de cidades ou mercados e após venderem, faziam compras para levarem de volta, sob encomenda ou para venderem nos sertões, currutelas (aldeias) vilarejos, como tecidos, louças, alumínios(panelas), etc. eram portanto pequenos ou grandes mercadores de diversos itens, eram verdadeiras casa de ferragem ambulantes, moveis. Casas de ferragens eram lojas que vendiam de tudo além de ferramentas, vendia tecidos, roupas, utilidades domesticas em geral.
Os tropeiros em começo de atividades eram pequenos coletores de produtos, como frutas dos sertões, ovos e viveres domésticos ou de caças para levar para as pequenas cidades.
Se olharmos no tempo passado em 1800 a província de São Paulo era a Sesmaria com 200 léguas de frente para o mar de frente para o mar entre rio de janeiro de Paranaguá até o sertão infinito e continha apenas de 13 a 15 pequenas cidades entre elas Santos, São Paulo, Jundiaí, Atibaia, Bragança Paulista, Sorocaba, Cuiabá, Curitiba, e mais alguma com menos importância e ia do litoral paulista até o Uruguai, e como dito até o sertão infinito como até o amazonas.
No começo dos tempos essas grandes viagens eram verdadeiras e grandes comitivas para enfrentar os perigos do sertão, como índios selvagens, ou quilombolas (escravos fugitivos) e eram feitos por Capitães do mato, que viajavam em grupos as vezes até de três mil pessoas, maiores que as cidades em que passavam, nestes tempos se denominam “BANDEIRANTES”, que faziam as entradas e bandeiras, ingressavam nos sertões e cravavam bandeiras de donos ou pioneiros nos lugares que chegavam como pioneiros, pela primeira vez. Estes capitães do mato tinham estrutura de índios caçadores e transportavam alguns itens de sobrevivência, além de plantarem alguns cereais como milho e mandioca na ida para colherem da volta, porque algumas destas comitivas, levavam até dois anos para regressarem como as viagens para Cuiabá que levava mais de dois anos para ao regresso.
Como dito, estes tropeiros acabavam acumulando conhecimento e muitos com vocação para a mercancia, verdadeiros mascates acabavam se enriquecendo com estas atividades, tornado com o tempo verdadeiros latifundiários, e no tempo do império com o capital adquirido, tornavam pessoas importantes em comunidades, e passavam a ocupar cargos de destaques, chegando a coronéis que eram cargos de (Vereador presidente da câmara (administrador das vilas), acumulando os cargos de Juiz ordinário, juiz de paz, e coletor de tributos para o império, direito que eram lhes vendido pela Coroa Portuguesa por uma valor pré-combinado e por preço certo parcelados durante o ano.
No tempo mais contemporâneo de minha vida conheci muitos deles e ainda conheço, tendo inclusive eu mesmo participado destas atividades de coletores de produtos da roça para vender no mercado de cidade, como frango caipira, ovos, banana, laranja, mamão, figo da índia que tinha na casa de meu avô e levava de volta alguma encomendas, embora pra mim foi por pouco tempo, mas meu pai, irmão mais novo dos oito filhos aprendeu com seu irmão mais velho que iniciou estas atividades na família, e mesmo após o falecimento deste em 1952 continuou com a atividade inclusive ensinando muitos da família e muitos dos conterrâneos do Bairro, inclusive os filhos e netos de fazendeiros da região. Fui um vendedor de ovo e frango na rua, levando este último em uma vara nas costas, 2, 4, 6 e até 8, apesar da idade, sempre metade na frente e metade atrás do ombro em uma vara.
Muitos contam até hoje estas histórias de como isto tudo começou, com o Tio irmão de meu pai e como isto perseverou por dezenas e dezenas de ano esta atividade na família, tendo participado disto na continuidade após a morte do tio, os filhos deles com meu pai: estas atividades acabaram indo para outros, alguns ainda vivo que até hoje com 88 anos ainda faz alguma atividade desta agora com seu fusca verde da década de 70.
Interessante que as notícias, ou histórias de acordo com sua importância eram decoradas em versos ou modas (modas de viola), para serem repetidas em reuniões ou festas nas redondezas, de onde surgiram as duplas ou trios de violeiros, onde da casa de meu pai tinha diversas duplas de cantadores, incluindo os quatros filhos cantadores, que formam duplas com o cunhado e ai já com os netos de meu avô, que cantam muito até hoje, alguns outros primos que também cantaram e que inclusive fabricava as violas, e ai fazendo fama na família, cantador de todo os dias, com shows na Região até hoje; transmitindo aos bisnetos estas vocações já na sexta geração, que além de outras atividades tem sua renda como musico profissional em sanfona e outros instrumentos. Com certeza esqueci de muitos outros cantador da Familia, é certo que ninguém ficou rico cantando, mas muitas histórias foram registradas em verso, prosas e cantigas pela família de meus parentes, que ainda estão presentes no dia a dia presente.
Nesta época de 1800: - Atibaia tinha 13 mil habitantes, Bragança 11 mil e são Paulo em torno de 19 mil habitantes, já em 1900 não era muito diferente para Atibaia que não tinha dobrado de tamanho, Bragança tinha crescido um pouco mais, mas também em torno de 20 mil, enquanto são Paulo, já era uma Bragança Paulista de 2019, ou seja em torno de 150 a 180 mil habitantes.
Todo o comercio até então eram feitos por tropeiros, os mercadores de camelos no oriente médio ou qualquer outro local do mundo, tudo era a cavalo, burros/mulas, as vezes com carros de bois com o volume de mercadoria eram maiores ou mais pesados. E quando em carros de bois normalmente o condutor andam a pé ao lado de um junta de dois bois, ou duas juntas, ou três juntas, ou até mais, embora para junta de bois já se exigia um arremedo de estradas, contudo houve época, que as estradas eram feitas na frente dos carros de bois com machados e facões para que o carro pudessem passar.
O Tropeiro sempre teve presente em toda a história e progresso do pais, e estes comerciantes ou ajudantes de tropeiros tinham nestas viagens e mercancias uma escola de vida e aculturamento, que faziam deles além de mercadores portadores de notícias, verdadeiros jornalistas, correios, contadores de histórias de outros lugares além das mercadorias que transportavam e com isto se transformavam em grande conhecedores de fatos e notícias, tornando detentores de conhecimento, se aprimorando em suas atividades de mercancias e com isto cresciam economicamente, passando a comprar terras nos sertões e nas cidades, tornando alguns grandes empresários.
Entre eles alguns mais especializados como os vendedores de fumos ou fumeiros, como meu avô que no período antes guerra de 45 vindo do Bairro rural, morou na cidade , e além de comerciante no pátio da estação de trens, como Bar e pensão, ainda viajou o estado de São Paulo vendendo fumos nas mais distantes localidades, como muitos outros que fizeram desta a atividade do dia a dia, começando com cavalos e multas, depois com carro, caminhonete, caminhão, como dito em uma conversa recente com um amigo de Socorr, que em sua juventude exerceu esta atividade, tendo já na década de 60/70 viajado de avião para alagoas no nordeste e comprado uma carreta de fumo em corda para vender e distribuir no inteiro de São Paulo em um prazo de dois a três meses.
Os tropeiros modernos, cacheiros viajante percorrem hoje grandes distâncias em estradas asfaltada de carros, caminhonetes, caminhões, onde hoje são transportados bois, porcos, frangos, cereais, frutas, hortaliças.
Meu avô foi carpidor de café em seu pequeno sitio na serra do Pico, tendo seu avô, vindo de Minas, mas seus filhos, netos, bisnetos, tataranetos, espalharam pelo Brasil nas mais diversas atividades mercantis e profissionais, tendo eu mesmo talvez sendo uns dos primeiros a chegar a concluir uma faculdade, mas tivemos no passado a muitas gerações militares importantes , que natural de São Paulo, mudou-se para Sorocaba e participou das entradas para Cuiabá, e tinha irmão Juiz Ordinário em Sorocaba. 10/10/2017