Cristão não vê novela

CRISTÃO NÃO VÊ NOVELA
Miguel Carqueija

Esta frase marcante foi dita por Sandro Arquejada dias atrás, ao apresentar o programa “Santo Terço” que é transmitido na TV Canção Nova (canal 20 da rede aberta) de segunda a sexta às 18 horas, e também aos sábados quando não há uma transmissão especial.
Sandro discorreu sobre as coisas negativas que a mídia transmite e que afinal, católicos e demais cristãos não deveriam prestigiar. “Cristão não vê novela” poderia ser um dos nossos lemas. Salta aos olhos que novela de tv, além de ser um atentado ao bom gosto, existe para destruir a família, destruir os valores espirituais, promover a libertinagem e toda a sorte de safadezas.
Na parte artística é preciso entender que esse tipo de programa não é feito para ser bom, e nem tem como. As novelas vão sendo construídas ao sabor da reação do público, mudando até a índole de personagens. São seis episódios por semana, não respeitando sequer os dias santos, e cada episódio com perto de uma hora. Isso ao longo de uns 200 episódios, digamos, portanto dura meses. O ritmo de gravação é estafante e no fim de contas, ao equivalente à produção de três filmes de longa-metragem por semana, como é que se pode manter um bom nível intelectual e artístico? É por isso que as próprias interpretações são tão ruins.
Na novela o clima é de tolerância zero. Muitas vezes, ao passar pelos canais para ver se tem alguma coisa que me interesse, flagro cenas de discussão e gritos, ofensas verbais, esse é o clima mais comum, osd personagens vivem discutindo com esgares de ódio. Não procede a alegação de que a novela “mostra a realidade”, não, ela a distorce, pois nem todos são tão intolerantes e raivosos na vida real, nem todos são tão libertinos e promíscuos. Os diálogos são forçados, as pessoas só têm problemas pessoais, a alienação é bem grande. São elitistas, mostrando casas chiques, mesas fartas, criados... e os títulos? Geralmente os títulos das novelas são horrorosos e cínicos. Agora mesmo tem uma chamada “Pega pega”, honestamente isso é título que se apresente?
Filhos agredindo pais e vice-versa, traições conjugais e outras, famílias divididas, tramas diversas, além de sequestros, assassinatos e agressões físicas, mas tudo isso num contexto deprimente, podemos concluir que novela para nada serve a não ser puxar para baixo, induzir a intolerância e agressividade entre as pessoas e incutir uma atitude moral cínica e debochada.
Afinal que faz uma pessoa católica assistindo esses lixos que ainda por cima a escravizam naquele horário (isso se acompanhar só uma...) seis noites por semana? Ainda mais sabendo que hoje existem emissoras católicas com programação de alto nível?
Nos anos 60 ainda acompanhei algumas, eram tidas como conservadoras, prezadoras dos valores familiares. A mais famosa foi talvez “Antônio Maria” que passou na TV Tupi e mostrava um português tentando a vida em São Paulo, creio, trabalhando numa família abastada como motorista e no fim conquistando uma moça dessa família. No fim de contas era chata também, mas pelo menos era conservadora. Foi depois que surgiu a nefasta Rede Globo e esta passou a investir em novela, que esse tipo de mídia se desvirtuou cada vez mais. As demais emissoras (a Tupi fechou) começaram a imitar o mau exemplo. Lembro de uma muito falada na época onde um cafajeste fazia uma aposta de que conseguiria seduzir a noiva do amigo antes do casamento, e consegue. Sujeiras dessa espécie, obsessão por sexo, tornaram-se o prato cheio. E de uns tempos para cá (a gente não precisa assistir para saber: jornais de papel e virtuais dão destaque aos “acontecimentos” das novelas como se houvesse neles a mínima importância) tornou-se moda também mostrar mulher batendo em mulher, não sei se é alguma tara.
Evite neuroses e sujar sua alma, passando longe desse tipo de programa. Aliás que necessidade existe de sermos escravos da televisão?

Rio de Janeiro, 31 de outubro de 2017.

(imagem de Sandro Arquejada apresentando o Santo Terço na Canção Nova)