100 anos de Anita Malfatti

A famosa exposição de Anita Malfatti, de 1917, completa 100 anos; ela praticamente introduz a arte moderna no Brasil, antes dos modernistas de 22.Na época, Monteiro Lobato publicaria o artigo"Paranoia ou Mistificação?", criticando a exposição, antenada com as vanguardas europeias, mas que horrorizou a conservadora sociedade paulista.

Cem anos depois, ao publicar um desenho meu, um tanto surrealista, uma menina escreve::"o que é isso?"Como se alguma coisa chocasse alguém hoje em dia. Por isso causa-me estranheza as tentativas atuais de se definir o que é arte e o que nao é, novamente na referida tentativa de tornar nossa cidade " linda", na opinião de um indivíduo em cargo público, que pensou ser mais polido que um anterior , que dizia limpa, porém não é menos polêmico.

O que é bonito e o que não é?O que é arte?Digo isso para não tomar a posiçao de julgador, mas de apreciador; como julgar aquele que grafita ou picha e dizer que há um limite para o que é arte ou não?Alega-se que o pichador não faz isso em sua casa; é claro que não; qual a graça?Eu mesmo tive um muro muito branco e muito burguês, o qual muitos usavam como tela para suas garatujas; passava a tinta branca e, uma tela nova.A maioria é ininteligivel, mas ha outros que são crânios , como: "a guerra e invenção de velhos onde morrem jovens" ou"eu juro que é melhor nao ser um normal", que mais tarde soube ser dos Mutantes, ou ainda:"1970, o sonho acabou; 1980, ele realmente acabou."

Tudo isso vi em paredes; não se pode negar que há inteligencia e também muita arte, presente em belos murais.

Esse julgamento do que é certo ou errado, guardadas as proporções, me lembra a galeria da arte"ofical", que Hitler criou em Berlim, em opsição à , na opinião dele, "arte degenerada".Na sua restrita opinião , que se julgava " artista", arte era a representação formal de familia, soldados em campo de batalha ou esculturas horrorosas ou ainda retratos dos SS!

Felizmente estamos em tempos mais livres; esses " reformadores do mundo" acabam, como no conto do mesmo Lobato, vendo que chegariam a um mundo igual àquele que criticavam, sendo a expressão artística um reflexo do que o mundo é na realidade.