Não pode haver paz

NÃO PODE HAVER PAZ
Miguel Carqueija

“Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” (palavras de Jesus: Jo 13,34).

A paz só haveria, neste mundo, se não existissem grupos poderosos, malignos e contraditórios entre si, poderes cuja tendência, caso cresçam sempre, é de virem a se chocar, fora o que fazem com os inocentes no caminho.
Uma dessas forças é o socialismo marxista, que pretende tomar o mundo inteiro, sob o pretexto de combater o capitalismo. Essa ideologia provocou inúmeros massacres, como os expurgos da era de Stalin na antiga União Soviética (Rússia e países coletados, anexados). Não se limitaram a matar, prender ou perseguir os adversários, mas também os próprios aliados quando se desentendiam. Assim Trotsky, companheiro de Lenin, foi defenestrado pelo regime stalinista, fugiu e acabou sendo assassinado no México, a golpe de furador de gelo na nuca, muitos anos depois. A era stalinista passou (e suspeita-se que Stalin foi morto pelos seus pares) mas Khrushev ordenou o massacre na Hungria, quando da rebelião anti-comunista húngara , em 1956. Brejnev ordenou a invasão, pelas tropas do pacto de Varsóvia, da Tcheco-Eslováquia, só por causa de um bafejo de liberdade naquele país; só não se repetiu o massacre da Hungria porque o governo local optou por não resistir. Ceausescu, da Romênia, ficou conhecido como monstro, odiado pelas migrações forçadas que ordenou, de populações inteiras. Uma dia houve grande manifestação em frente ao palácio presidencial. Crente que estava sendo aclamado )e a cena incrível foi registrada pela tv) ele e sua esposa saíram à sacada, apenas para constatar que estavam sendo apupados. Espantados, recuaram. Ceausescu determinou que o exército reprimisse o povo. Isso começou a ser feito, mas veio a reviravolta... os militares aderiram ao povo e fuzilaram o ditador.
Na China prossegue o comunismo, que décadas atrás promoveu o célebre Massacre da Praça da Paz Celestial (sic).
Nos dias atuais verifica-se um curioso conúbio entre o socialismo marxista e o esquerdismo neoliberal, sem dúvida por razões pragmáticas (o socialismo puro, além de abafar a liberdade, não dá certo economicamente). O neoliberalismo é outra praga, a serviço do capital especulativo internacional e nefasto para os pobres.
Existe a conspiração do governo mundial, que suprimiria até a liberdade de consciência.
Já o crime organizado em muitos lugares, sabemos bem disso, assume o caráter de verdadeiro estado dentro do estado, e regime de excessão além de tudo. Mesmo quando não ocupa o poder territorial ele influencia na política e impõe um velado regime de terror; a trilogia do Padrinho, de Francis Ford Coppola, ilustra bem esse fenômeno. Desde a mafia italiana (além da Camorra e da Mão Negra), e da Yakuza japonesa, esse poder paralelo cresceu muito, evoluiu para o narcotráfico (e isso é mostrado no primeiro filme de Coppola, com Marlon Brando representando um chefão que não queria lidar com drogas e foi baleado, quase morto, por causa disso) de tantos tentáculos.
O Islã combina religião com política e, muitas vezes, deriva para uma linha radical, a da jihad ou guerra santa que considera o mundo não-islâmico como território a conquistar a curto ou longo prazo. Há mais de mil anos que o Islã combate a Cristandade inclusive pela força das armas. Nos dias atuais grupos ultra-radicais como o Estado Islâmico e o Boko-Haran praticam toda a sorte de atrocidades inclusive a bomba, e estão em declarada guerra contra a democracia e a civilização ocidental. De certa forma é uma guerra mundial que já começou há tempos, só não vê quem não quer.
O laicismo e o hedonismo, por onde penetram, buscam destruir a família e a liberdade religiosa. Criaram até para isso a ideologia do “politicamente correto”: é como se você já não pudesse ter opinião: qualquer opinião irá ofender alguém ou algum grupo.
Como pano de fundo a tudo isso vemos uma força poderosa porém não maligna, o que não a torna menos perigosa, que é o colapso dos recursos naturais e do ambiente natural. A decadência ecológica, com a devastação das florestas e consequentes secas pela desproteção ás nascentes e demais consequências, ameaça a humanidade como um todo (inclusive as pessoas que integram os citados grupos) e muitas vezes de maneira dramática com tsunamis, inundações, incêndios, terremotos, secas devastadoras; isso além da ameaça trazida pelo excesso de radiação e pela destruição da camada de ozônio. A extinção de espécies animais e vegetais também repercute na nossa qualidade de vida. A poluição universal é outro flagelo. E vale a pena lembrar que, segundo opiniões, a crescente escassez de água potável determinará guerras futuras: lutar-se-á pela água.
Como a civilização atual já está em guerra surda contra os nascituros (centenas de milhões de abortos por ano) pergunto: diante de tanta violência e de tantas posições radicais e antagônicas, como haverá paz no mundo?
A única esperança está no triunfo do Cristianismo com sua doutrina de amor, tolerância e compaixão, inclusive para com a natureza. Enquanto não chega essa grande vitória o Cristianismo prossegue como a grande âncora de salvação, auxiliado pelos que sinceramente professam outras crenças e vivem dignamente. Sem Deus não chegamos a parte alguma. Nas circunstâncias atuais fala-se em paz, mas a paz não virá.

Rio de Janeiro, 18 de junho de 2016.


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