Galinha de casa não se corre atrás    

       A primeira vez em que ouvi o ditado popular, título deste texto, achei-o engraçado e jamais pensei que seria uma constante em minha vida, principalmente a profissional.

      Não há como negar que não é uma expressão muito elegante, havendo quem a considere, até, um tanto vulgar, mas é de uma verdade profunda e certeira, absurdamente incontestável.

       E  mais: seu avassalador ensinamento é válido para todos os círculos sociais: o de família, o de amizades e o profissional.  

       Na presente abordagem, vou me ater ao contexto profissional, por sinal, onde mais vivi tal tipo de situação, desde que ingressei, há anos, no serviço público.

       Tais experiências somente confirmaram para mim que, na vida, "quem procura, acha" e que não é necessário você revidar quaisquer tipos de maldades, malícias e prejuízos que lhe tenham sido causados, gratuitamente, ou, com o mero intuito de autopromoção profissional e até pelo simples e doentio prazer em se praticar o mal aos outros.  Todos nós sabemos que há "gente de todos os tipos e para todos os gostos".

       Todavia, engana-se quem pensa que pode viver e sobreviver, em sociedade, em carreira solo, sem precisar das demais pessoas, ainda que tenha a seu favor excelentes condições financeiras, sociais, intelectuais e profissionais. 

       No âmbito de trabalho, costumo denominar esses tipos, que se consideram autossuficientes  e "sabichões" em tudo, como "otários funcionais", sendo muitos deles, na realidade, frustrados por invejarem a posição profissional de outros que lutaram e obtiveram êxito, no mesmo campo de atuação. O que incomoda esses seres bestializados que são, pela própria essência medíocre de suas personalidades fracas, de evolução quase nula, em termos intelectuais e morais, é o fato de não ficarem em posição de relevância ou superior em relação a alguns colegas de trabalho. Ora, estude, lute e busque melhorar. Invejar quem tem sucesso profissional em nada contribui para a evolução de quem quer que seja.

      Só que você, que rege a sua vida com base em padrões dignos, de respeito e de  consideração ao próximo, acaba esbarrando nesses representantes da imbecialidade humana. E haja paciência e estômago para lidar não somente com pessoas de posturas sociais e funcionais questionáveis, mas de um nível cultural e de amplitude mental bastante acanhados e tacanhos. 

      A essa altura, convém trazer ao texto que, ao falar em nível cultural de uma pessoa, refiro-me a todo um conjunto de experiências, vivências e entendimentos de vida trazidos e ampliados não apenas pelo estudo, mas, também, pela maturidade e pela forma coerente e correta de encarar a vida. 

     Tive a honra de conhecer pessoas que são autodidatas ou que não tiveram as oportunidades de estudo que gostariam e mereciam, mas são de um conhecimento tão profundo e concreto da vida e de como a enfrentar, com humildade e nobreza, que acabam deixando "no pé" muitos doutores que se gabam pela titulação oficial em tal sentido. 

     Muitos são, sem sombra de dúvida, doutores por merecimento, cultura e empenho pessoais. Outros tantos, têm o título, mas tudo facilitado por circunstâncias familiares, econômicas e etc, sendo  que acabam por se revelar os "doutores" da arrogância, da prepotência, da imaturidade e do despreparo moral, quiçá, intelectual, de estar ocupando posições de relevo na sociedade, na política ou em qualquer segmento que exija conhecimento e seriedade no desempenho de algum importante mister.

      Aliás, mais uma vez, torno a repetir o que meu pai, JOSÉ POMPÍLIO DA HORA, sempre dizia em seus sermões dominicais, os quais eu, por ser muito jovem e imatura na ocasião, confesso que não os apreciava em profundidade, somente assimilando, com o  passar dos anos, os seus reais ensinamentos.     Em palavras próximas ao que ele, no passado, me disse, reproduzo:  
"quem realmente tem cultura, tem humildade; já o portador de superficial cultura, o pseudoculto, de aparente intelectualidade, é arrogante e medíocre."

    Sem dúvida,  é isso mesmo.  

    Ressalto, também, o que já ouvi de muitos por aí, ao longo dos anos: a vida é muito simples, quando é provida de condutas honestas, de atitudes de respeito e de consideração ao próximo, de valorização de conceitos morais, de família, da convivência salutar em sociedade, com tratamento digno e de apreço por quem quer que seja, sem preconceitos ou prevenções descabidas, racistas, segregadoras ou de práticas de comportamentos nocivos e prejudidicais em coletividade. Simples assim é a vida.

     Agora, alguém acreditar que, sendo mau-caráter com o outro, dando causa a  prejuízo e a dissabores,  em um mesmo contexto coletivo de trabalho,  e que, apesar disso, não terá pela frente, uma ocasião em que precisará daquele que foi atingido por suas atitudes reprováveis, trata-se, no mínimo, de uma criatura sem uma noção básica da lei de causa e efeito.

      A título de dica,  creio que as "galinhas de casa", ou seja, de nosso ambiente de trabalho, que gostam de disseminar, desastrosamente, os seus dejetos emocionais e  recalques oriundos de sua parca capacidade de vencer por elas mesmas, devem ficar em estado de alerta permanente. Sim, mais cedo ou mais tarde, pagarão naturalmente por todos os seus atos maldosamente praticados, para prejudicar, "do nada", colegas de profissão.  E tudo isso sem que tenha havido qualquer intervenção dos que acabaram atingidos por elas.

    "Quem semeia vento, colhe tempestade". 

     Não posso me esquivar de trazer à tona, sempre tendo em mente  o título desta exposição, algo interessante que notei no comportamento "delas",  as "penosas caseiras" citadas : independentemente do sexo, geralmente, ao se depararem com uma situação de inversão de papéis, ou seja, quando passam a precisar daqueles a quem prejudicaram,  costumam ter uma reação digna de um "oscar".

     Incrivelmente, dão vida a rompantes de suposta indignação ao se verem numa condição inferior e de dependência da benevolência dos que foram, até há pouco tempo, atingidos por seus comportamentos nocivos,desproporcionais e danosos.  É de estarrecer " a cara de pau" dessa turma, merecedora, como foi dito,  do oscar da dissimulação e da falta de caráter. Consideram-se, sempre, dignos de toda a solidariedade e de apoio irrestrito,  para assuntos de seu interesse, mesmo depois de tudo o que fizeram de errado para terceiros.

     Partindo para uma conclusão, o ditado popular que inspirou este texto, do ponto de vista prático, é de uma felicidade de conteúdo e de verdade irretocáveis.

     É indiscutível que não vale a pena buscar revide, no âmbito emocional, em situações em que tenhamos sido alcançados e prejudicados imerecidamente, ainda que tais fatos nos causem algum tipo de desconforto ou abalo interior. É muito desagradável  e estressante, sim,  sofrer ações inesperadas e nocivas, principalmente de quem está próximo ou faz parte do mesmo contexto de trabalho. Porém, devemos deixar a emoção de lado e, se for o caso, já que cada caso é um caso, procurar os meios legais que se apresentarem,  para a reparação de possíveis danos sofridos.

     No entanto,  jamais deve ser esquecido que a precipitação, a passionalidade e a emoção à flor da pele, ou seja, o fato de se "estar na carne", em nada vai nos auxiliar na tomada de decisões corretas, frias e eficazes em relação a essas aves galiformes,  que acham que podem ciscar nefasta, descarada e inconsequentemente em terrenos alheios,  cultivados com suor e muito trabalho sério. 

     Precisamos , na verdade, é acalmar a mente e o coração, porque correr atrás de "galináceos de casa",  não é necessário. Eles virão até você, hoje ou amanhã. E haverá a oportunidade de mostrar quem é que manda naquele "terreno" e como " a banda toca", com demonstração de atitudes que venham a corrigir e quem sabe, até  a regenerar  aquele  "rascunho de galinha metida a esperta", mas que não passa de um "pintinho bobo."

     Como sempre e, em reverência a ex-alunos do Colégio Pedro II, que, como eu, estudaram o adorado, à época, Latim, com satisfação e alegria, conforme declinei em texto publicado no site RECANTO DAS LETRAS, em 20 de novembro de 2.015,  cumpre sentenciar como se segue:

     "Beoti magis firmitati corporis quam ingenii acumini serviunt."
     "Os beócios apreciam mais a força física do que a agudeza de espírito."

   Jamais permita que boçais tirem a sua paz espiritual. Trata-se de uma moeda muito preciosa que apenas será perdida, se você autorizar que isso ocorra. Não dê tal prazer a ninguém, muito menos aos inúmeros tolos que passaram ou estão passando por sua vida.

                            Ana Maria Martins Pompílio da Hora
              

                
              
                
                   
          
Ana Pompílio da Hora
Enviado por Ana Pompílio da Hora em 29/02/2016
Reeditado em 14/11/2016
Código do texto: T5559281
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