O valor das coisas

Tenho por mim que nesta breve vida damos muito valor ao que realmente somos. Penso que é um valor superestimado, pois na verdade não somos tão bons assim. Vira e mexe a vida nos mostra problemas, idiossincrasias desnecessárias e múltiplos limites. Porém, mesmo assim vejo aqui e ali um monte de gente se sentindo Tanajura em terra de formiga. Vamos tatear alguns pontos:

Em primeiro lugar, é lógico que sempre vamos encontrar pessoas melhores daquela que vemos ao amanhecer no espelho. É claro que o ser humano não vai - e nem acho que deve - controlar e possuir todo o conhecimento do mundo. A humanidade, por natureza, é carregada de equívocos e é, justamente por isso, que aprende-se rapidamente a esconder erros e limitações.

Em segundo lugar, apertando os nós da vida, pouco ou nada tem valor real diante de um problema maior. Vejamos o caso da nossa finitude. Em geral, é neste momento que avaliamos o tempo que foi perdido em brigas, conflitos e confusões sem motivos. Por pouco - mas por muito pouco mesmo - colocamos o dedo na testa do outro, escorregamos em fofocas e destruímos o outro como se ele não tivese o direito da própria existência. Pobres seres humanos somos nós.

Em terceiro e último, é claro que a humanidade elegeu o outro como seu pior inferno. Cada ser tem a certeza de viver caminhos corretos “nos próprios valores”, os quais, são fundamentais em uma vida razoavelmente digna. O erro sempre vai residir no ego alheio e o superego sempre vai defender o mais forte. A questão é um pouco mais complexa é verdade, mas o intuito aqui é mostrar que, apesar de racionais, somos finitos, limitados e extremamamente frágis e carentes de algo que nos falta. A começar pelo nosso corpo até em nossa alma somos sujeitos em falta, em erro, com medos a mil e nervos à flor da pele. O problema é que não temos a potência, tampouco a vontade de reverter o quadro, restando, nesta pequena vida de dias, meses e anos, somente o achar que se é melhor ou que se vale mais do que se é.